Na gravidez, existe um controle apertado com as frutas e legumes e, muitas vezes, as futuras mães são aconselhadas a desinfetar estes alimentos com produtos próprios e até mesmo a evitar comê-los fora de casa, a não ser que estejam bem cozinhados.

Acaba de ser divulgado um estudo que dá ainda mais força a quem defende este cuidado extra. Uma investigação divulgada a 20 de março mostra que os produtos utilizados nas colheitas com o propósito de afastar os insetos destes alimentos são prejudiciais e podem até estar ligados a casos de autismo nas crianças.

A equipa de cientistas liderada por Ondine von Ehrenstein, professora da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e líder da investigação publicada na revista BJM, descobriu que existe uma ligação entre a exposição de mulheres grávidas e recém-nascidos aos principais pesticidas usados na agricultura e o autismo.

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Ondine von Ehrenstein e a sua equipa cruzaram os casos registados de autismo no estado da Califórnia com dados sobre a utilização de pesticidas no mesmo estado. O estudo teve uma amostra de quase 38 mil pessoas, com 2.961 casos de autismo.

Os investigadores descobriram que as mulheres grávidas e que viviam num raio de dois mil metros de uma área pulverizada com pesticidas, tinham entre 10% a 16% mais hipóteses de ter crianças diagnosticadas com autismo do que aquelas que habitavam mais longe de áreas onde eram usados estes inseticidas — os investigadores analisaram 11 tipos diferentes dos pesticidas mais populares, tais como os clorpirifós, o diozinon e a permetrina.

Ao analisar os casos de autismo acompanhados de deficiências intelectuais, os investigadores verificaram um aumento de 30% destes casos nas crianças que tinham sido expostas aos pesticidas ainda dentro do útero. A exposição durante o primeiro ano de vida aumentava o risco de autismo em 50% em comparação com outras crianças que não tinham sido expostas a determinados químicos.

"Os períodos mais críticos desta exposição são a gravidez e o primeiro ano de vida dos bebés", afirma Ondine von Ehrenstein, que assume que podem existir outros fatores a contribuir para o desenvolvimento do autismo para além da exposição aos pesticidas. Porém, no decorrer da investigação, fatores como poluição do ar, meio sócio-económico, entre outros, foram levados em conta na amostra — e a ligação entre a exposição aos químicos das mulheres grávidas e a patologia permaneceu forte.

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Ao contrário de comportamentos de risco como fumar ou consumir álcool durante a gravidez, a exposição a pesticidas não é algo que as mulheres grávidas possam controlar e, muitas vezes, nem sequer se apercebem que tal está a acontecer, dado que a exposição a estes químicos não se limita à proximidade com áreas pulverizadas: ao comer qualquer alimento que tenha estado em contacto com inseticidas, sem antes ter sido bem desinfetado, estas mulheres podem estar a colocar-se em perigo.

Evitar consumir frutas e legumes crus ou pouco cozinhados fora de casa durante a gravidez e apostar na desinfeção dos mesmos em casa, bem como consumir estes alimentos cozinhados a altas temperaturas são algumas das medidas que aumentam a segurança sobre aquilo que se come. Escolher produtos biológicos e orgânicos também é uma medida segura.