Todos sabemos que o consumo de carne é prejudicial para o planeta — até quem a consome — mas nem todos estão dispostos a deixar de a comer. E ainda que sejam cada vez mais os vegetarianos e vegans ou até mesmo pessoas que apenas diminuíram o consumo de carne, esse número ainda é residual quando olhamos para o panorama mais geral.
Para ajudar a reduzir essa produção e o número de carnívoros, foi realizado um estudo, publicado na PNAS- Proceedings of the National Academy of Sciences - a 30 de setembro, para perceber de que forma é que esse trabalho poderia ser feito nas escolas, sem que para isso se tenha que cortar com a carne de uma vez.
Foram analisadas mais de 94 mil opções de comida das cantinas de escolas e percebeu-se que quanto maior a oferta de opções vegetarianas, mais pessoas acabam por escolher esses pratos. Esse aumento pode ir dos 40 aos 80%. Chegou-se à conclusão que se oferta passar a ser de dois pratos vegetarianos em quatro, em vez de um em quatro, o caminho direciona-se para a redução do consumo de carne.
Um passo simples e, segundo este estudo, eficaz, que mostra que às vezes as mudanças mais pequenas são as que levam a resultados maiores e mais significativos. "Passar a ter uma dieta mais à base de produtos de origem vegetal é uma das formas mais eficazes de reduzir a pegada ambiental da comida. Substituir alguma carne ou peixe por opções vegetarianas pode parecer óbvio, mas até onde sabemos, nunca ninguém o testou antes. As soluções que parecem óbvias nem sempre resultam, mas parece que esta sim", explica Emma Garnett, da University of Cambridge, ao "Science Alert".
Esta pequena mudança não tem que se aplicar apenas às escolas. Também as cantinas dos escritórios e os restaurantes podem ajudar nesta redução do consumo de carne com esta simples alteração. Até porque, de acordo com este estudo, as vendas de refeições não são afetadas pela introdução de mais opções vegetarianas.
O estudo revela ainda que o aumento do número de pessoas a escolher pratos vegetarianos aconteceu principalmente nas pessoas que, habitualmente, comiam mais carne. O que prova que mesmo quem come carne, também pode optar por pratos vegetarianos, não passando, por isso, a ser vegetariano. A carne continua a ser uma opção nos menus.
A mudança do preço do prato de carne em comparação às refeições vegetarianas e a alteração da ordem como os pratos aparecem no menu, são outras das soluções que estão agora a ser estudadas.
Na University of Cambridge, a política de sustentabilidade na comida, implementada em 2016, já fez com que houvesse uma redução de 33% na emissão de carbono por quilo de comida comprada.