Era aquele casal que ia aos mesmos concertos, lia os mesmos livros, via os mesmos filmes e até chorava pelas mesmas coisas. Partilhavam tudo: desde roupa, talheres e copos, até à conta da Netflix e palavras-passe das redes sociais. Mas, e apesar de Rodrigo Menezes ter cantado em 2014 que um amor não morre assim, a verdade é que agora tudo acabou e há coisas mais importantes em que pensar além do amor perdido que não volta mais.
Está a ver aquela mensagem ou fotografia marota que enviou à sua namorada? Ou aquela velha história de partilhar códigos PIN dos cartões de crédito? Pois bem, se a rutura foi tudo menos amigável, pode estar com problemas bem maiores em mãos do que chorar pelo que acabou.
Um estudo realizado pela Kaspersky, uma empresa especializada em soluções de segurança, revela que 70% dos casais inquiridos partilha palavras-passe, códigos PIN ou impressões digitais dos telemóveis entre si. Mais: 26% mantém guardadas fotografias ou vídeos íntimos do parceiro mesmo após a separação, e 12% dos participantes já partilhou com terceiros informação pessoal do parceiro como vingança.
O estudo revela ainda que os homens são mais propícios a partilhar conteúdo íntimo e sensível em troca de dinheiro, ou simplesmente para humilhar o parceiro publicamente. Já as mulheres geralmente tomam a iniciativa de apagar todo o tipo de conteúdo que as possa comprometer após a separação, mas demonstram uma tendência de espiar os ex nas redes sociais e desenvolver um transtorno compulsivo-obsessivo.
Os avanços tecnológicos vieram quase que impossibilitar que a vida pessoal dos utilizadores se mantenha privada. O Facebook regista através de serviços de geolocalização do smartphone todos os locais que o utilizador visitou. Se navegar numa loja online em busca de um determinado produto, o mais certo é que os próximos anúncios de publicidade sejam referentes a esse mesmo artigo ou semelhantes.
Tudo o que é colocado na internet pertence à internet. E numa relação é muitas vezes difícil distinguir o desejo de privacidade do parceiro com o achar que tem alguma coisa a esconder por se recusar a partilhar dados pessoais.
A pensar nas separações difíceis e na dor de cabeça que é ter imensas contas partilhadas com o seu ex, reunimos as quatro dicas básicas para uma boa prática de segurança na Internet.
Mude as passwords que achar que foram comprometidas
Vamos por partes: partilhar dados pessoais é má ideia. E isso é válido para códigos de bloqueio do telemóvel, palavras-passe de redes sociais, ou contas bancárias. Mas se o fez, ora porque a relação ia bem ou porque achava que o seu parceiro nunca seria capaz de quebrar a confiança que os unia, ainda vai a tempo de remediar a situação.
Altere todas as passwords que achar que foram comprometidas. E já agora mude também aquelas que acha improvável terem sido descobertas.
Basta o acesso ao email principal, ao qual todas as outras contas estão agregadas, para que seja possível pedir a reposição de palavras-passe de outras plataformas.
Não use "123" como password
Estamos em 2018 e já não é aceitável que use palavras-passe básicas e simples de adivinhar. Evite combinações óbvias, como "password123", "123" e similares.
Aposte em vários números, carateres especiais e alterne entre caixa alta e baixa. Mas não exagere, convém que se lembre dela da próxima vez. A ideia é que a sua password seja complexa, difícil de adivinhar e segura.
Mas se a sua criatividade não estiver em alta, saiba que os navegadores mais conhecidos como o Chrome, o Firefox e o Safari já permitem a sugestão de palavras-passe complexas com o bónus de ficarem automaticamente guardadas nas definições do navegador. Se preferir um gestor de passwords que possa aceder a partir do computador e do telemóvel, sugerimos o 1Password ou o LastPass.
E já agora, não use passwords iguais. Limita o acesso a dados importantes e minimiza possíveis situações de furto de identidade.
Use a autenticação de dois passos
Muitas vezes uma password não chega e serviços como o Google ou o Facebook permitem a ativação da autenticação em dois passos.
O modo de funcionamento é simples: associa um número de telemóvel à conta e, assim que for feito um acesso, o sistema só permitirá o login depois de introduzir o código que foi gerado automaticamente e enviado para o telemóvel.
Em alternativa, pode usar aplicações como o Google Authenticator, disponível para sistemas operativos iOS e Android, que gera códigos aleatórios que podem depois ser utilizadores como forma de acesso.
Use códigos de bloqueio
Parece impossível mas é verdade: apesar de os smartphones permitirem o bloqueio do ecrã principal por PIN, padrão ou impressão digital, são muitos os utilizadores que se esquecem de ativar a funcionalidade. Quem o diz é a Kaspersky, no seu mais recente estudo, que alerta para a necessidade de "as pessoas garantirem a segurança de toda a informação, principalmente quando está à distância de um clique."
Ative o bloqueio do ecrã principal e não tenha receio de deixar o telemóvel em qualquer lado. Sabe que, pelo menos, estará ao abrigo de olhos alheios.