De certo já viu imagens incríveis de comida nas redes sociais e reconhece os hashtags #instafood, #foodporn e #foodie. Fotografar comida tornou-se um dos maiores hobbies dos últimos anos, especialmente com o crescimento do Instagram. Se ainda não é profissional no assunto, vai passar a ser. A propósito do lançamento do novo Nokia 7 Plus, e depois de experimentar as suas poderosas lentes fotográficas, a MAGG falou com José Miguel Simões, criador de conteúdos para lifestyle, para lhe dar as suas "dicas práticas e rápidas, que podem fazer a diferença, e que estão acessíveis a toda a gente".

A composição atrativa, a cor e a disposição são elementos que ajudam a tornar uma fotografia diferente. Para além disso é importante também ter um feed organizado e testar as fotografias ao lado umas das outras. "Eu acho que o que leva as pessoas cada vez mais a decidir se a vão seguir ou não é feed: a pessoa tem de se identificar com ele e isso pode ter a ver com harmonia, com escala e com cor", começa por explicar. O grande segredo é criar coisas que sejam atrativas: "Acho que tem de se ir testando e não fotografar sempre as coisas da mesma maneira".

A iluminação e as superfícies

Deve sempre escolher locais com muita luz: "Na fotografia, para quem não tem muita experiência e esteja com um smartphone, ajuda muito estar num sítio bem iluminado, e com iluminação natural, de preferência. A comida, com luz artificial, é mais díficil de fotografar, as cores ficam mais esmorecidas".

Um bom exemplo de como se podem utilizar as sombras
Um bom exemplo de como se podem utilizar as sombras

Escolher sobretudo superfícies opacas, como a madeira ou os cimentos queimados, é a melhor opção: "Tudo o que seja vidro ou superfícies espelhadas são mais complicadas. Têm os reflexos e obrigam-nos a ter mais cuidado, porque podemos ficar refletidos. O tipo de loiça também é muito importante: se puder use loiças baças, de porcelana ou de madeira, resultam muito melhor". As superfícies brancas também podem ajudá-lo: " Elas obviamente defendem-nos sempre bem, as coisas ganham destaque".

As texturas e os planos: não faça como toda a gente.

Experimente jogar com as texturas para a fotografia não ficar monótoma. "Há que brincar com texturas e alturas diferentes porque, hoje em dia, toda a gente consegue, mais ou menos, fazer umas fotografias engraçadas vistas de cima: faz uma composição e fica bonito, só que toda a gente faz coisas parecidas e as galerias ficam todas iguais. Eu acho interessante tentar fotografar a comida em fundo ou em planos a três quartos que nos permitem ter um outro tipo de diversidade e de verstilidade nas fotos".

Utilizar várias texturas e cores é fundamental
Utilizar várias texturas e cores é fundamental

Para fazer esses planos pode experimentar os planos picados ou em três quartos (que é um bocadinho de lado), onde também pode jogar com a luz: "Escolher sempre uma maneira em que a luz possa incidir na diagonal, de forma uniforme. Isso é importante porque nós queremos que a luz se espalhe e incida sobre a comida e as superfícies". João Miguel explica que as sombras também podem dar coisas engraçadas "mas são muito mais difíceis de trabalhar: se não estiver com atenção pode acabar por ficar com uma fotografia com zonas completamente à sombra". No entanto, se souber brincar com isso e souber iluminar, pôr o que quer destacar dentro da área que está iluminada "pode ficar engraçado." "Mas eu diria que de uma forma geral, para estarmos sempre defendidos, o melhor é escolher uma forma em que a luz incida de maneira uniforme".

Utilize acessórios e crie uma história

Dentro dos acessórios também há coisas que podem ajudar: se tiver um iluminador "para a questão do reflexo, dá jeito". Se não tiver, "com um guardanapo branco consegue corrigir a luz: se ela estiver a fazer sombras onde não devia, é possível atenuar".

"Se for possível também fica giro usar pessoas", conta. "Hoje há muita gente que utiliza os braços e fica engraçado. Se nós conseguirmos usar a pessoa em fundo, desfocada, mas que está com uma camisa gira, por exemplo, acho que acrescenta boa informação". Dá outro tipo de linguagem e consistência à fotografia.

Quando usa revistas e outros acessórios cria uma história e uma vivência
Quando usa revistas e outros acessórios cria uma história e uma vivência

Uma dica é mexer na luz no telemóvel: "Com isso conseguem eliminar reflexos dos pratos", por exemplo. "Outra coisa que eu acho que na comida resulta muito é trabalhar com o foco: trabalhar com áreas focadas e àreas desfocadas". Dá profundidade e torna a comida mais interessante.

"Depois fica ao gosto de cada um brincar com a fotografia". Pode pôr acessórios e criar uma composição: isso também é importante. "A composição pode fazer a diferença e contar histórias. Eu acho que, hoje em dia, os posts nas redes sociais, mais do que simples fotos, são histórias visuais. É bom que aquela imagem me conte uma história, ela tem de me remeter para um contexto". O que a maioria das pessoas quer nas fotografias das redes sociais é que estas "sejam inspiracionais". Por isso, criar um contexto e uma história engraçada, faz com que haja alguma coisa na fotografia que faça parar o scroll de alguém pelo feed, nem que seja por dois segundos.

Um dos exemplos de como se pode utilizar pessoas em segundo plano
Um dos exemplos de como se pode utilizar pessoas em segundo plano

As revistas, os óculos e os porta-chaves são importantes: "Hoje em dia brinco muito com revistas porque estão presentes no meu dia-a-dia, tenho-as sempre na mala, e permitem-me criar uma brincadeira. Em vez de ser só o bolo ou a mesa já estou a introduzir uma coisa de vivência, que também é importante nas fotografias".

O segredo de usar talheres é evitar que eles estejam espetados na comida porque "aí está-se a fotografar uma coisa de cima que vai ficar estranha e disforme. Se os puser de forma mais composta eles já podem fazer parte da história". Explica ainda que o ideal é passar "uma idéia de bem-estar e diversão". É bom criar uma situação "eye-candy mas intencional".

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Compor a disposição e não ter medo de arriscar é essencial

"Eu componho a situação: levanto-me, ponho a mesa como quero, utilizo o fundo e crio uma fotografia". Uma dica importante dada por João Miguel é que, nem sempre a comida, tal como nos põem à frente, é o melhor ângulo para fotografar: "Na maior parte das vezes as pessoas vão comer e pensam 'ai que giro' e fotografam, mas há alturas em que resulta e alturas em que não resulta". O melhor é pegar no prato e pô-lo noutro sítio, talvez noutra mesa que está vazia. "As pessoas antigamente iriam achar isso muito estranho mas, hoje em dia, já estão completamente à vontade. É fundamental levantar-se e criar uma situação. E depois é não ter medo e ir tentando".