52 anos depois de ter sido cantada pela primeira vez por Paulo de Carvalho no Festival da Canção de 1971, "Flor Sem Tempo" volta à ribalta. O clássico da história musical portuguesa, com letra de José Sottomayor e música de José Calvário, é o nome da próxima novela da SIC. E a grande novidade é que, no início e no fim de cada episódio, é a voz da protagonista Bárbara Branco que os telespectadores vão ouvir (algo que, até agora, só tinha acontecido na novela "Doce Fugitiva", em 2007, cujo genérico era interpretado por Rita Pereira). 

Bárbara Branco e Francisco Froes são par romântico em "Flor sem Tempo", mas só se conheceram no primeiro ensaio
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Desafiada por Daniel Oliveira, diretor geral de Entretenimento do grupo Impresa, a atriz de 23 anos disse um "sim muito imediato" e, com a ajuda de FF e do maestro Martim Sousa Tavares, emprestou a voz a esta nova versão de "Flor Sem Tempo". O genérico da próxima novela da estação de Paço de Arcos foi gravado este sábado, 14 de janeiro, e à MAGG, Bárbara Branco e Martim Sousa Tavares, responsável pelo arranjo e direção de orquestra, explicam como tudo aconteceu.

Não sendo cantora, e sendo a protagonista da novela, qual a importância de dar a voz ao género de "Flor sem Tempo"?
Bárbara Branco - Acho que tem um cunho mais feminino e mais delicado em certas alturas da música. Fomos muito pela sensibilidade e por aquilo que é a interpretação da letra da música, que é tão bonita e nos transporta para imagens tão bonitas, que puxámos muito por isso também. No fundo, eu não sou cantora e o que sei fazer com a minha voz é uma coisa muito intuitiva e muito natural, não é nada que eu tenha formação para fazer.
Portanto, o que eu tenho formação realmente para fazer é interpretar e decidi pegar nisso e criar a minha versão, passando o máximo de imagens possível, passando uma delicadeza e um lado mais romântico e sensível, sem perder a força que o Paulo de Carvalho impõe à canção.
BB - O bonito da versão dele é a pujança com que ele a canta e a própria protagonista é assim, uma rapariga cheia de força e garra, por isso não faria sentido abdicarmos desse lado que o Paulo tem naturalmente a cantar.
Quando lhe propuseram, aceitou logo?
BB -Foi-me colocada a questão se eu queria cantar o genérico da novela. Para o Daniel [Oliveira] faria sentido, até porque é uma voz feminina e a novela é protagonizada por uma rapariga, portanto faria todo o sentido ter uma voz feminina, sendo que o original é cantado pelo Paulo de Carvalho e há também uma versão mais recente do Paulo de Carvalho com o Diogo Piçarra. Para mim foi um sim imediato porque, primeiro gosto de desafios, segundo porque gosto de cantar, ainda que não seja cantora, é uma coisa que gosto muito de fazer e, portanto, para mim também me fez sentido aceitar este desafio, por isso, foi um sim muito imediato.
"O bonito da versão de Paulo de Carvalho é a pujança com que ele a canta e a própria protagonista é assim, uma rapariga cheia de força e garra", Bárbara Branco
Falou com o autor e intérprete, Paulo de Carvalho? Pediu conselhos?
BB - Não, nunca tive nenhuma conversa com o Paulo de Carvalho. As pessoas com quem estou em contacto, por causa da música do genérico, é o FF e este em contacto com o maestro Martim Sousa Tavares. É com eles os dois que tenho trabalhado a música.
Bárbara Branco grava genérico de
Martim Sousa Tavares a dirigir os músicos durante a gravação de "Flor sem Tempo" créditos: SIC

Que desafios apresenta, para um músico com formação clássica, coordenar uma nova versão de uma música pop?
Martim Sousa Tavares - Sempre fui eclético no meu gosto musical e a verdade é que me sinto perfeitamente em casa. Compreendo a música e a forma como é feita, independentemente do género em que está escrita. E quando a música é boa, não há géneros que a separem.

Um bom genérico de novela pode ficar para sempre na memória coletiva. É esse o objetivo?
MST - É sem dúvida um momento marcante na vida de uma canção. No entanto, esta "Flor Sem Tempo" já tem mais de 50 anos de existência, pelo que será certamente mais um marco na sua já longa história.

Que significado tem "Flor sem Tempo", não só pelo tempo em que foi originalmente lançada mas também pelo peso que tem no imaginário musical do País?
MST -
Para mim esta é uma daquelas canções pré-revolução que demonstram bem como Portugal estava a fazer uma transição no gosto e nos estilos, aproximando-se mais das correntes europeias do seu tempo. Para mim, esta é uma canção do tempo dos grandes cantautores, sobretudo do estilo da escola francesa como Jacques Brel, Charles Aznavour e outros.

E em relação à escolha da Bárbara. Surpreendeu-o?
MST -
Já a tinha visto e ouvido a brilhar no filme "Bem Bom", pelo que não foi uma surpresa a 100%, visto que já conhecia os dotes musicais da Bárbara. Foi uma agradável revelação, isso sim!

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