Os ânimos exaltaram-se na CNN Portugal. No espaço de debate do canal, a analista Helena Ferro Gouveia desentendeu-se com o major-general Agostinho Costa, tendo-lhe atirado um copo de água nos bastidores, fruto de insultos que o oficial lhe terá dirigido.

Tudo aconteceu esta segunda-feira, 6 de novembro, enquanto Carla Moita, a pivô de serviço, moderava a conversa. O par foi protagonista de uma discussão acesa, que ocorreu na sequência do debate sobre a guerra no Médio Oriente, que seguiu por outros caminhos.

“Permita-me apenas um apontamento. Não respondo a argumentos absurdos naturalmente, nem venho aqui para fazer debates com comentadores. Sou analista e venho analisar”, disse o major-general, referindo-se a Helena Ferro Gouveia, que fez questão de lhe responder. "Eu também sou analista e venho aqui analisar. O senhor diminuiu-me e isso não admito, desculpe, mas não admito", ripostou.

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Depois de o ambiente ficar mais calmo em direto, foi nos bastidores que o verniz estalou – e Agostinho Costa terá chamado "mal-educada, ignorante e feia" à comentadora, segundo o "Correio da Manhã", que frisa ainda que as palavras desagradáveis não se ficaram por aqui. "Você tem de cuidar da autoestima, eu desprezo-a", terá dito o major-general, uma afirmação que fez com que Helena Ferro Gouveia tenha atirado um copo de água ao colega, a quem ainda chamou "misógino".

Depois de a polémica começar a circular, Helena Ferro Gouveia recorreu às redes sociais para comentar o sucedido. Num desabafo publicado no X (rede social anteriormente conhecida como Twitter), a analista começa por afirmar que estar "na vida pública e ter opinião tem custos elevados", recusando-se a ficar em silêncio.

"Como mulher e como pessoa jamais permitirei que me silenciem ou que silenciem ou deitem sobre as mulheres uma burka de invisibilidade. Tenho aguentado em silêncio chorrilhos de ofensas, nunca contra as minhas ideias ou argumentos, sempre contra a minha pessoa e o meu aspecto físico", continuou, acrescentando que é algo doloroso.

"E dói porque sei as horas que trabalho, leio, estudo e porque tenho um percurso feito a pulso num mundo de homens. Ver a minha voz 'desqualificada' ou 'memorizada' porque sou mulher não é uma tentativa de diminuir só a mim, mas a todas as mulheres com coragem de ter opinião e de a expressar", frisou.

No fim do desabafo, recorda que nunca expressou a sua opinião publicamente em relação a Agostinho Costa, mantendo "a postura e silêncio", uma missão que se tornou insustentável por ser "humana" e que, apesar de a situação ter escalado, não se orgulha do que fez – mas "há dias muito duros", conclui.