Para cada grande produção como “A Guerra dos Tronos”, há cinco ou mais séries que passam despercebidas e que não são conhecidas ao ponto de se tornarem assunto de conversa em jantares de amigos. “The Americans”, terminado em 2018 e considerado pela crítica como um dos melhores (e mais desconhecidos) títulos dos últimos anos, é só um exemplo.
Todas as semanas, a MAGG traz-lhe uma sugestão imperdível na nova rubrica “A série que ninguém está a ver”, com o objetivo de dar a conhecer algumas das produções com menos visibilidade — mas que merecem tantos ou mais elogios como outras populares.
A nova recomendação é "Defending Jacob", um thriller de crime exclusivo da Apple TV+ que junta Chris Evans (esse mesmo) e Michelle Dockery, de "Downton Abbey", nos papéis principais. A história arranca quando, numa pacata cidade de Newton, nos EUA, um jovem aparece morto e toda a população passa a viver em sobressalto.
Andy Barber, a personagem interpretada por Chris Evans, é advogado e procurador adjunto da cidade e depressa vê-se envolvido no caso em constante colaboração com as autoridades responsáveis pela investigação. A reviravolta, porque é isto que mantém a história sempre em movimento, acontece quando Jacob, o seu filho interpretado por Jaeden Martell, é considerado um dos principais suspeitos do crime depois de ser encontrada a sua impressão digital no corpo do jovem.
Afinal, o jovem e Jacob conheciam-se e eram colegas de escola. O facto de Jacob ser uma pessoa mais introvertida, e de a certa altura ter levado uma navalha para a escola, levou os amigos a acreditar que terá sido ele a matar o colega que, descobre-se mais tarde, era violento com Jacob e com vários outros alunos. Para os advogados da acusação, estava estabelecido o motivo que levou Jacob a matar.
Mas para Andy Barber, toda a conjuntura é inexplicável. Jacob nunca seria capaz de matar, certo? E essa dúvida, que mantém a dúvida ao longo dos oito episódios, vai-se intensificado à medida que o casal principal se vê a braços com a pergunta que nunca esperaram vir a fazer: "Será que somos pais de um psicopata capaz de matar a sangue frio um colega?".
No final, as respostas são poucas e é essa incerteza, juntamente com a tensão de cada episódio, que fazem de "Defending Jacob" uma das séries mais interessantes.
A escrita não é perfeita e sai prejudicada pela duração da série que podia ter sido concluída em apenas seis episódios e se estendeu durante oito.
Há buracos no argumento, especialmente com a utilização de momentos ou pequenos detalhes que servem apenas para gerar choque ou deixar na ideia do espectador de que Jacob é, na verdade, o assassino, e que mais tarde não voltam a ser mencionados ou aprofundados.
Apesar de tudo, a intriga, o suspense e as decisões a que uma família, que se vê obrigada a viver sob constante escrutínio mediático, tem de tomar, fazem de "Defending Jacob" uma série interessante e difícil de se parar após o primeiro episódio.
O final é frustrante, pouco satisfatório e duro. E embora não pareça, é um elogio. Porque tal como a vida, a ficção não tem de oferecer respostas ou conclusões definitivas.
Estamos a torcer para que a série não seja renovada e não haja continuação de uma história que foi promovida como uma minissérie. Continuá-la seria estragar o final que tem tanto de cru como de excelente.