2 de outubro de 2011. Terá sido mais ou menos nessa altura que passei de espectador casual a entusiasta e consumidor assíduo de televisão. Mas não era (e continuo a não ser) o típico papa-séries que vê tudo o que é novidade. Há um certo elitismo envolvido que, não escondo, muitas vezes me me faz torcer o nariz quando aquilo que põe toda a gente a falar de televisão são coisas como "Tiger King", o novo documentário polémico — mais um — da Netflix.
Numa altura em que ja tinha visto coisas como"Os Sopranos", "Sete Palmos de Terra", "Dexter" (não vamos falar daquele final) e acompanhava "Breaking Bad", estreou-se "Segurança Nacional" que me fez percorrer os fóruns de discussão da Showtime, o canal de emissão da série, à procura de pessoas com quem pudesse discutir a série.
É que, naquela altura, havia poucas produções que fossem capaz de replicar o mesmo grau de tensão que senti quando Brody (interpretado por Damian Lewis, que já me tinha conquistado em "Band of Brothers"), um soldado americano e radicalizado pela al-Qaeda, se prepara para se fazer explodir dentro de um edifício onde estão presentes figuras importantes do Departamento de Estado dos EUA.
À exceção de "A Guerra dos Tronos", cuja primeira temporada terminou em junho do mesmo ano, era impensável desfazer-se assim do protagonista. Mas nem por isso a ameaça perdeu credibilidade. O colete-bomba de Brody, as rezas e a determinação de levar até ao fim uma missão daquelas é um dos momentos mais intensos de que me recordo de "Segurança Nacional".
Mas devido a uma falha no colete, a bomba não é detonada e Brody vive para lutar mais um dia enquanto do outro lado da barricada, Carrie (interpretada por Claire Danes), da CIA, tenta virar o jogo e trocar os planos aos terroristas. Seria o Brody o único agente radicalizado e agora retornado ao seu país ou haveria mais?
Para mim havia mais um: Saul Berenson (Mandy Patinkin). Fui um dos fãs que, durante anos, acreditou que pela sua posição dentro da CIA enquanto analista de segurança, poderia ser um dos agentes radicalizados a tentar mudar o sistema por dentro da organização. A teoria nunca se veio a confirmar, mas terá sido isso que, pela primeira vez, me fez querer ver uma série com outros olhos e discuti-la com mais pessoas.
Depois de oito anos consecutivos, "Segurança Nacional" chegou ao fim no domingo, 26 de abril. Apesar disso, o último episódio só estreia em Portugal esta quarta-feira, 29 de abril, na Fox.
A pensar nisso, recolhemos os 5 momentos mais intensos de uma série que, durante oito anos, conseguiu prender espectadores ao ecrã apesar do constante pranto e tremelicar de lábios de Carrie Mathison — que esteve sempre em apuros. Como se costuma dizer, it's what it is. É o que é, no fundo.
1. A explosão que mudou o rumo da série
Ainda que Brody não se tenha feito explodir, a promessa de um novo ataque nos EUA estava feita. Por isso, no final da segunda temporada, quando todos os membros da CIA estavam reunidos do mesmo local, os espectadores deveria ter percebido que o impensável iria mesmo acontecer.
Nos minutos finais, a certeza. Ouve-se um estrondo, sabe-se de imediato que se trata de uma bomba, mas desconhece-se o número de mortos. Foram quase todos, especialmente alguns dos protagonistas.
"Segurança Nacional" mudava para sempre naquele momento. Ninguém estava a salvo.
2. A morte de Brody
Depois do impacto da tragédia no país, Brody foge dos EUA enquanto Carrie tenta limpar o nome do agente radicalizado. No entanto, e se dúvidas houvesse da coragem dos argumentistas, o que na primeira temporada foi uma ameaça, na segunda concretizou-se: Brody é sentenciado à morte depois de uma série de reviravoltas.
Daquele momento em diante, Carrie passaria a ser única a segurar a série às costas.
3. O momento em que o destino de Peter Quinn é incerto
Lembra-se de dizermos que ninguém está a salvo em "Segurança Nacional"? Peter Quinn, uma das personagens que foi ganhando notoriedade à medida que a série foi avançado, sentiu isso na pele na quinta temporada. Especificamente, no nono episódio da temporada quando Quinn é capturado e mantido em cativeiro.
No final do episódio, a sala onde a personagem está deitada é invadida por um gás venenoso e o episódio termina com Quinn a espumar da boca. Os efeitos do ataque, saberíamos depois, seriam nefastos. E Quinn viria a ficar com mazelas físicas e psicológicas irreversíveis.
4. O episódio em que Carrie salva Berlim
Podia ser uma espécie de trocadilho com "La Casa de Papel", mas refere-se antes ao momento em que Carrie é capaz de interromper um ataque terrorista em Berlim, na Alemanha, que iria acontecer através da libertação de gás tóxico.
Acontece na quinta temporada e foi um dos momentos mais intensos da série, que fez com que qualquer espectador chegasse ao fim da história já sem unhas para roer. E como tudo na série, também este momento foi baseado em factos
5. A morte de Quinn
Depois de episódios de paranóia, Quinn dá o corpo às balas (literalmente) para proteger a presidente dos EUA de um ataque que mudaria para sempre a história daquele universo ficcional.
Enquanto as balas que eram direcionadas a Elizabeth Keane voam pela rua, disparadas a uma velocidade frenética e rompante, Quinn conduz o carro em que estava de maneira a colocar-se na linha de fogo e protegendo Keane. Foi a última vez que veríamos Quinn vivo.