
Acabou de estrear na Netflix a série documental “Fit for TV: The Reality of The Biggest Loser”, um retrato em três episódios que revisita o fenómeno televisivo iniciado em 2004 e disseca o que acontecia atrás das câmara — desde a conceção do formato até ao impacto físico e emocional nos participantes. Disponível desde esta sexta-feira, 15 de agosto, a série de 3 episódios de perto de 40 minutos cada está a revelar-se uma bomba a nível internacional, quer no mundo do fitness quer da televisão.
O documentário vai alternando entre imagens de arquivo do programa com entrevistas a ex-concorrentes (como Danny Cahill e Ryan Benson), até ao treinador Bob Harper, ao médico do programa Dr. Robert Huizenga, à ex-concorrente e médica Dr. Jen Kerns e a produtores como JD Roth e David Broome — peça-chave para perceber como se construía a narrativa de “transformação” e o jogo de eliminação que valia 250 mil dólares ao vencedor.
A série mostra os bastidores marcados por práticas de emagrecimento extremas, relatos de pressão psicológica, falta de acompanhamento adequado e até o uso de comprimidos de cafeína para acelerar resultados televisivos — acusações que reacendem o debate sobre ética em reality shows. Alguns participantes descrevem consequências severas (desregulação metabólica, problemas físicos e perturbações alimentares) e reganho de peso após o fim das gravações. A crítica internacional sublinha que o programa explorou vulnerabilidades em nome de espetáculo — e que a promessa de “mudança de vida” ignorou a complexidade da saúde física e mental.
No formato do programa, em cada semana havia pesagens e eliminações decididas pelo grupo. A “transformação” era medida em números e drama, numa fórmula que dominou 18 temporadas e gerou audiências, merchandising e um discurso cultural sobre “força de vontade”. A série contextualiza essa era da TV e confronta o espectador com as consequências de reduzir saúde a espetáculo competitivo.
Nem todos concordam com o veredito. Bob Harper reconhece erros e “produção de drama”, mas defende impactos positivos em alguns casos. Do outro lado, críticos e ex-concorrentes falam em manipulação emocional e mensagens gordofóbicas. O resultado é um mosaico de depoimentos que expõe a tensão entre entretenimento e responsabilidade.