Já sabemos que a realidade é sempre mais surpreendente do que a ficção, mas quando os documentários escasseiam é para os universos fictícios que nos sabe sempre bem virar. Nem que seja para nos reconciliarmos com um certo distanciamento, que só a ficção torna possível, com o facto de haver pessoas perturbadas e capazes de se deixar dominar pelos seus instintos mais primários e violentos.
E no universo da televisão, são várias as personagens que, apesar de abjetas do ponto de vista ético e moral, são carismáticas, profundas e cativantes. E isso, caros leitores, são os ingredientes perfeitos para um serão colado ao ecrã — mesmo que tenhamos a plena consciência de que aquela personagem representa tudo o que há de errado no mundo. É o caso de Dexter Morgan, da série "Dexter".
"Dexter" é uma série especial, especialmente pela forma "criativa" como terminou. Estamos a ser irónicos, claro, mas prometemos não revelar muito para quem ainda não viu. Mas, resumindo: a série que se manteve em emissão entre 2006 e 2013 começou muito bem e esteve em crescendo constante até à, dizem os fãs mais acérrimos, quarta temporada. Eu prefiro ser mais tolerante e ainda hoje defendo que o final perfeito teria acontecido na quinta temporada. Mas não, a série estendeu-se até à oitava temporada e ainda hoje é um tópico sensível entre entusiastas de televisão.
Mas foquemo-nos no essencial e naquilo que cativou tantos fãs: o protagonista, interpretado por Michael C. Hall, que era uma espécie de anti-herói ao assumir-se como um vigilante disfarçado de serial killer em Miami, nos EUA. Aqueles criminosos que escapavam à justiça, nunca (ou quase nunca) fugiam a Dexter que encontrava os esquemas mais alucinantes para estudar a vítima, persegui-la e, no final, capturá-la e pô-la na sua mesa onde lhe tiraria a vida.
Enquanto espectador, só esta premissa entretém. Não só porque temos a oportunidade de conhecer o mundo através dos olhos de um psicopata com um sentido distorcido de justiça, mas também porque sabemos, de antemão, que eventualmente haverá algum tipo de consequências para a vida dupla que leva.
Não é por acaso que, ao longo do tempo em que esteve em emissão, "Dexter" arrecadou vários prémios e só não é mais comentada atualmente devido ao desastre na escrita que fez com que toda a coerência fosse pelo cano abaixo. Em tempos, a história cativou e abriu caminho para que outras do género se seguissem. Por isso, é uma das sugestões da MAGG para uma sessão de binge watching em frente à televisão.
Assim como "Hannibal", a série que reinterpreta a história do canibal Hannibal Lecter (interpretado pelo inconfundível Anthony Hopkins no cinema) focando-se na relação com Will, o inspetor que o quer capturar.
Quando se soube, em 2012, que Mads Mikkelsen tinha sido o escolhido para dar vida a Hannibal Lecter, o psiquiatra manipulador, calculista e canibal criado por Thomas Harris em 1986, os fãs tremeram. Era impensável que alguma vez alguém fosse capaz de superar a personagem de Anthony Hopkins em "O Silêncio dos Inocentes" mas, para surpresa de muitos, o ator dinamarquês deu uma nova vida à personagem que não aparecia em filmes ou séries desde 2001.
O sucesso foi imediato e, de repente, Mads Mikkelsen passou a ser um nome muito desejado. Aqueles que o criticaram depressa engoliram o orgulho e até houve quem sugerisse que o ator seria perfeito para dar vida a um novo vilão em "A Guerra dos Tronos".
Tal nunca chegou a acontecer, mas o "estrago" estava feito. Os fãs ansiavam por mais episódios de "Hannibal" que, sabe-se agora, pode estar cada vez mais próxima de regressar — e na Netflix.
Mas temos mais sugestões de séries de ficção que envolvam serial killers carismáticos, violentos e com um visão distorcida do mundo. No total, são 11 e o difícil vai ser decidir para qual se vira primeiro. Aceite um conselho nosso e comece por "Marcella" primeiro. Está na Netflix.