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Atenção: este texto contém spoilers da quarta e última temporada de "Succession", que chega à HBO Max esta segunda-feira, 27 de março.
"The Munsters" é o nome de uma sitcom dos anos 60 que retratava o dia a dia de uma família de monstros. É também o nome do primeiro episódio da quarta temporada de "Succession". E, sem surpresas, o insulto que Logan Roy, o patriarca do gigante de media Waystar Royco, usa para designar os seus fieis funcionários que, ao contrário dos seus filhos, lá fizeram o sacrifício de fingir que querem saber dele e apareceram na sua "festa" de aniversário (e usamos o termo "festa" entre aspas porque aquilo mais parece um interrogatório do KGB).
Se cometeu o erro de nunca ter visto um episódio de "Succession", temos duas boas notícias. 1) está sempre a tempo de começar; 2) nós temos um resumo muito resumido da história.
Resumo muito resumido da história
Era uma vez um velho execrável e multimilionário chamado Logan Roy (Brian Cox), dono de um império de media chamado Waystar Royco. Esse velho, além de detestar toda a gente e adorar dinheiro, divertia-se a insultar e a gritar "fuck off!" a todos os colaboradores, dos quais fazem parte os quatro filhos.
Os filhos, todos com graves problemas emocionais e ambição desmedida (mas algumas falhas de inteligência) são Roman (Kieran Culkin), Shiv (Sarah Snook), Kendall (Justin Strong) e o mais incapaz (e sem noção) de todos, Connor (Alan Ruck). A fechar a pandilha de pessoas 'próximas' de Logan Roy está um primo chamado Greg que é chamado por todos de Primo Greg (Nicholas Braun) e Tom (Matthew Macfadyen), que tem o apelido mais palerma de toda a história, Wambsgans.
![Primo Greg (Nicholas Braun) e Tom (Matthew Macfadyen) Primo Greg (Nicholas Braun) e Tom (Matthew Macfadyen)](/assets/img/blank.png)
Depois há uma série de apêndices, familiares, dependentes e puxa-sacos que gravitam em torno da família Roy, mas cujo objetivo é o mesmo: tirar o velho do poder e ficar no controlo da empresa. Claro que Logan, raposa velha, sabe mais a dormir do que todos acordados e, ao longo de três temporadas, diz que vai abdicar mas afinal não vai, deixando todos os filhos à beira de um colapso nervoso (olá, Kendall).
E agora voltemos ao primeiro episódio da quarta temporada.
Não tínhamos saudades nenhumas do genérico mais longo da história da televisão (um minuto e 42 segundos), mas já sentíamos falta da falta de noção de Greg, que se lembra de trazer para o aniversário do tio uma moça com uma "mala gigante" e demasiado apetite por selfies. Escusado será dizer que a coisa corre mal e que Tom, afundado na sua frustração por estar separado de Shiv (e, em geral, por ser um banana), aproveita para dar mais um gozo daqueles valentes a Greg.
Quanto a negócios, tudo na mesma. Logan Roy ainda não vendeu a empresa à Gojo e os irmão Kendall, Roman e Shiv estão empenhadíssimos a criar um projeto editorial revolucionário chamado The Hundred... para o qual se marimbam cinco minutos depois, quando descobrem que, afinal, o que querem é comprar a PGM da família Pierce. Isto porque Naomi Pierce, ex-namorada de Kendall, aparentemente anda a catrapiscar (ou a tentar sacar nabos da púcara de) Tom.
![Kendall, Shiv e Roman Roy Kendall, Shiv e Roman Roy](/assets/img/blank.png)
Connor está mesmo decidido a candidatar-se a presidente dos Estados Unidos e nem o facto de as sondagens lhe darem apenas 1% de probabilidade de ganhar o faz esmorecer. Willa (Justine Lupe), a noiva, incentiva-o a investir mais umas centenas de milhões de dólares na campanha eleitoral, mas Connor tem outra ideia, ainda mais estúpida do que as anteriores: tornar o seu casamento num acontecimento mediático, ao fazê-lo na Estátua da Liberdade. Willa não sabe se há-de rir ou chorar e, mesmo sem termos visto os restantes episódios, prevemos que aquele 1% vai descer umas casas decimais.
![Willa e Connor Willa e Connor](/assets/img/blank.png)
Já sabíamos que "Succession" não é daquelas séries em que a máxima é "ah, os ricos, são exatamente como nós", mas confirmámos a convicção neste primeiro episódio. De repente, o projeto editorial já não conta para nada. De repente, Logan já não quer saber do facto de, em apenas 48 horas, ter de tomar uma decisão sobre o futuro da própria empresa. O que interessa agora às duas facções é COMPRAR A PGM. Eles têm de ter a PGM. E vão até às últimas consequências (ou seja, até aos últimos milhares de milhões) para fazer isso acontecer.
Desdobram-se em chamadas, de um lado Logan, do outro Kendall, Shiv e Roman, a tentarem subir a parada de forma a convencer Nan Pierce (Cherry Jones), a matriarca da família, a vender-lhes a sua empresa. Nan que, tal como Logan, já deu umas voltas ao quarteirão, mantém um semblante sereno mas, pelo ligeiro contorcer da comissura dos lábios, percebe-se que está a gozar o prato e que, à custa daquela família completamente disfuncional, vai vender muito mais caro do que alguma vez pensou. Será que vai? Vamos ter de esperar pelo segundo episódio.
![hbo max succession quarta temporada hbo max succession quarta temporada](/assets/img/blank.png)
"Succession" regressa tenso, azedo, irónico, com toda a agressividade de Logan Roy a que temos direito. O patriarca, ainda que visivelmente amargurado por ter sido traído pelos filhos, continua a não querer claudicar. "I have 100 feet, these people are piglets" ("eu tenho 30 metros de altura, estas pessoas são leitõezinhos"), diz, naquela que é a frase mais emblemática do primeiro episódio. Ou talvez seja "queres que tente fazer amor contigo?", dita por Tom a Shiv, quando ambos se apercebem que o casamento já foi com os porcos.
A quarta (e última) temporada de "Succession" chega à plataforma de streaming HBO Max esta segunda-feira, 27 de março.