Em março, quando o primeiro estado de emergência deixou o País em estado de sobressalto, a televisão (tal como todos os outros setores) teve de se adaptar. Foi-se o público dos programas das manhãs e das tardes, as equipas ficaram reduzidas ao mínimo, e os apresentadores de talk shows tornaram-se, para milhares em isolamento, uma preciosa e necessária companhia.

Tânia Ribas de Oliveira foi totalista desses dias de medo e incerteza. Esteve nas tardes da RTP1, dia após dia, de segunda a sexta-feira, a conduzir o "A Nossa Tarde", tal como Sónia Araújo e Jorge Gabriel o fizeram na "Praça da Alegria". Oito meses depois, e com o País novamente em estado de emergência, a apresentadora de 44 anos faz um balanço de 2020, em termos pessoais e profissionais.

Cristina Ferreira partilha fotografias da sua juventude — e do dia em que conheceu Tânia Ribas de Oliveira
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A apresentadora, que tem dois filhos, Tomás, de sete anos e Pedro, de cinco, fruto do casamento com João Cardoso, realça também a importância da família e da amizade.

Estamos novamente em estado de emergência. Está emocionalmente preparada para voltar a fazer "A Nossa Tarde" nos mesmos moldes de março /abril?
Em março tivemos de nos adaptar a um novo programa, sempre no ar. Não parámos um único dia. Não foi fácil, mas foi uma grande aprendizagem profissional. Depois do que vivemos durante a primeira vaga da pandemia, sinto que estamos, enquanto equipa, preparados para tudo.

A Tânia foi, à semelhança do Jorge Gabriel e da Sónia Araújo, a única totalista do daytime dos canais generalistas. À distância, consegue descrever como foram para si, enquanto mulher e profissional da TV, aquelas semanas?
Os tempos que vivemos são tão difíceis quanto estimulantes. Sabíamos que estávamos a fazer o que tinha de ser feito e que estávamos a fazer companhia a milhões de pessoas em Portugal e no mundo que estavam confinadas. Fizemos um programa informativo e, ao mesmo tempo, muito emocional. Quando olhamos para trás, sabemos que faríamos tudo outra vez com o coração aberto. Foi duro conciliar tudo nessa fase, foi duro para todos nós. O Tomás estava no segundo ano, já com aulas online, o Pedro estava e continua a estar no pré-escolar e havia todas as tarefas domésticas. Eu e o João fizemos uma grande equipa. Juntos, fizemos o melhor que soubemos e pudemos. E acho que nos saímos bem.

Tânia Ribas de Oliveira com o marido, João Cardoso
Tânia Ribas de Oliveira com o marido, João Cardoso créditos: Instagram

Acha que, nesta fase em que estamos a entrar, o papel da televisão (sobretudo da televisão de companhia) vai ser ainda mais importante no esforço de sensibilização dos cuidados que temos de ter?
Sem dúvida. Desde março que temos a presença no programa de representantes da Direção Geral da Saúde e das forças de segurança, de forma a informar todas as pessoas de uma forma clara sobre tudo o que diz respeito à pandemia.

Quais têm sido os momentos de maior angústia nestes oito meses? E que alegrias inesperadas tem tido?
As angústias maiores passam pela incerteza. Quando é que isto acaba de vez? Como vai ser a semana que vem? E o Natal? E as saudades dos amigos e da família, de grupos de pessoas que se gostam juntas a celebrar a vida. Mas há também alegrias inesperadas, sim. Já mencionei as descobertas de felicidade que vivenciámos diariamente no programa, descobrimos uma nova forma de fazer televisão. E também vivemos momentos de grande amor em nossa casa.

Nesta nova temporada do "A Nossa Tarde", conta com um novo colega (que é muito mais do que isso), o Hélder Reis. Como foi este reencontro? 
O Hélder é um grande amigo, conhecemo-nos em 2005 porque apresentámos juntos a "Praça da Alegria" durante um mês, durante as férias da Sónia [Araújo] e do Jorge [Gabriel]. Ficámos logo muito amigos e nunca mais o deixei sair da minha vida, apesar de vivermos a 300 km de distância. Tenho uma grande admiração pelo Hélder, pessoal e profissionalmente e achei que nesta temporada fazia todo o sentido ter um espaço de grande reportagem a fechar a semana. E ele faz isso na perfeição. Temos os nossos repórteres do programa, a Inês Carranca e o Tiago Goes Ferreira. Estamos bem!

Está há 13 anos nas tardes da RTP1. Como é que analisa, ao longo desta quase década e meia, a forma como se faz daytime nas generalistas? 
Treze anos... sete anos com o João Baião, quatro anos com o Zé Pedro e há dois anos sozinha n'"A Nossa Tarde". Muita coisa mudou, os temas abordados em televisão agora não são os de há dez anos, naturalmente. Mas a verdade deve estar sempre em primeiro lugar e isso nunca pode mudar. Quanto às outras estações de televisão, muita coisa mudou, houve grandes mudanças de apresentadores, de cenários, de conteúdos também. Na RTP mantemos as mesmas caras no daytime.

O que é a motiva, todos os dias, para estar no ar quase três horas em direto?
A minha profissão é uma grande paixão. Quando estamos apaixonados, fazemos tudo e nunca nos cansamos, não é?

"Por mais que eu tente romantizar, acho que todos saímos a perder com a pandemia"

Há algumas figuras públicas que dizem que, neste meio, é difícil fazer amizades. No entanto, a Tânia não confirma essa teoria, mantendo amizades ao longo dos anos com pessoas de outros canais ou que, entretanto, mudaram (João Baião, Daniel Oliveira, etc). Manter esses laços é importante para si?
Os amigos podem fazer-se em qualquer lugar e podemos fazer novos amigos ao longo da vida. Trabalho há 20 anos na RTP e é natural que tenha amigos daqueles que são para sempre. Eu dou-me bem com muitas pessoas, mas a minha casa vão muito poucas. A amizade está sempre acima de tudo e torço sempre pelo sucesso dos meus amigos, onde quer que trabalhem.

Como mãe, como é que tem sido lidar com as questões diárias da pandemia? Não tanto na forma como as crianças lidam com os novos hábitos do dia a dia, mas mais na forma como, como adulta e mãe, gere a ansiedade, o medo, a incerteza.
Nesse aspeto, sou descontraída. Ou seja: acho que é muito importante as crianças estarem na escola, presencialmente, a brincarem e a aprenderem, a correrem e nas suas atividades normais. Não podemos congelar as crianças em casa novamente e está provado que os contágios em meio escolar são mínimos, comparando com os contágios em ambientes de convívio.

O que é que a preocupa mais, de todas as incertezas que vivemos atualmente?
As pessoas que estão sem emprego e as muitas famílias que estão a passar sérias dificuldades por causa disso.

Como é que acha que, daqui a dez anos, vamos olhar para este tempo? E que lições espera que tiraremos?
Não me parece que da COVID saia alguma coisa boa. Por mais que eu tente romantizar, acho que todos saímos a perder com a pandemia. Perderam-se empregos, perdeu-se estabilidade, perdeu-se paz e, fundamentalmente, perderam-se vidas. Daqui a dez anos vamos dizer que vivemos um ano terrível e que morreu mais de um milhão de pessoas em todo o mundo.

Termino com uma pergunta mais leve: o que é que faz para se entreter, distrair (séries, programas de TV, livros, outras atividades)?
Leio, ouço música, cozinho, organizo gavetas e armários (adoro!) e vejo séries e filmes em família. Com duas crianças pequenas, há sempre muito para fazer.

Maquilhagem: Lara Neto; Cabelo: Tânia Lopes; Guarda-roupa: Ubbo

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