Um vírus que transforma as pessoas em zombies e um mundo virado ao contrário. É esta a premissa de "The Last Of Us", que chegou ao catálogo da HBO Max esta segunda-feira, 16 de janeiro. A série é uma das grandes apostas da plataforma de streaming para 2023 e está a fazer furor entre críticos e espectadores.

Se havia dúvidas em relação à popularidade desta produção, estas dissipam-se por dois motivos. Aquando da estreia, a série registou uma aprovação de 100% dos críticos no Rotten Tomatoes, valor que já desceu para os 99%, mas que continua a ser extremamente alto. A par disto, o tráfego na HBO Max foi tão elevado que, assim que o primeiro episódio ficou disponível, os utilizadores foram confrontados com alguns erros na aplicação e no site, segundo a "Comicbook".

Mas, afinal, porque é que a série é assim tão especial? Será o enredo? Ou o elenco? O facto de ter sido inspirada no videojogo homónimo? Ou uma mistura de tudo? São estas algumas das perguntas que procuramos responder.

Do mundo dos videojogos para a ficção

"The Last Of Us" foi anunciada pela HBO Max em 2020, mas aquilo que alicerça esta história remonta a 2013. Na origem da série está o primeiro capítulo do jogo com o mesmo título, concebido para a consola PlayStation 3, que foi um fenómeno de vendas no ano em que foi lançado.

A história deste primeiro jogo, que entretanto já conta com um segundo capítulo, começa num universo alternativo. Isto é, passa-se nos Estados Unidos da América, 20 anos depois de terem sido dizimados por uma pandemia, que transformou grande parte da população em mortos-vivos.

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créditos: Twitter

No início do jogo, Joel Miller é apresentado em conjunto com a sua filha, Sarah. Por esta altura, os jogadores sentem (quase) na pele como foi o eclodir daquela pandemia, que culminou na morte da filha do protagonista. É aqui que se dá o salto temporal de duas décadas, fazendo com que encontremos um Joel diferente daquele que conhecemos no início, já que se viu obrigado a tornar-se num traficante de pessoas e mercadorias, juntamente com Tess, a sua companheira.

Na sequência de algumas mortes, traições e sacrifícios, aparece Ellie, uma jovem de 14 anos, que ficou a cargo de Joel. No meio de tudo isto, o homem descobre que a menina tinha sido infetada – e, para surpresa de todos, era imune ao vírus. E é assim que Joel e Ellie embarcam numa jornada para o desconhecido, em busca de uma possível vacina.

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Neste universo, não há falinhas mansas que resolvam conflitos. É que, estando as personagens circunscritas a um mundo apocalíptico, é tudo resolvido à lei da bala, fazendo com que ninguém esteja a salvo. Morte e destruição são as palavras de ordem deste jogo – e é por isso que não é aconselhado para crianças.

O que esperar da adaptação para a televisão?

Ao contrário do videojogo, no qual pode viciar-se e chegar ao fim numa questão de horas, a série é diferente. O primeiro episódio foi lançado esta segunda-feira, 16 de janeiro, e assim será todas as semanas. No total, "The Last Of Us" vai contar com nove episódios, cuja duração está compreendida entre os 50 e os 70 minutos.

A adaptação, levada a cabo pelos guionistas Craig Mazin e Neil Druckmann, mostra os eventos do jogo num novo formato, que se expande para lá do jogo. Mas não espere muitas mudanças (substanciais, pelo menos). É que a trama inicia-se com o eclodir deste surto mortífero, acompanhando a família de Joel Miller, a quem Pedro Pascal, conhecido pela sua prestação em "The Mandalorian", "Narcos" e "A Guerra dos Tronos", dá vida.

Como não podia deixar de ser, há adaptações das cenas do jogo, concebidas com mais detalhe. O objetivo é que os espectadores possam ser transportados para as especificidades de todo aquele cenário apocalíptico, aprofundando-se, simultaneamente, nas personagens e no seu respetivo contexto – mais do que seria possível com o comando da consola na mão, pelo menos.

Depois dos eventos iniciais, a série também salta 20 anos no tempo e aterra diretamente na Zona de Quarentena, em Boston. Com mais adaptações de cenas do jogo à mistura, voltamos a dar de caras com a nova versão de Joel, mais amargurado e ressentido por tudo aquilo que passou nas últimas duas décadas, mais uma vez ao lado de Tess, interpretada pela atriz Anna Torv.

É aqui que conhecemos Ellie, personagem desempenhada por Bella Ramsey, atriz também conhecida pela sua passagem pela "A Guerra dos Tronos". O contexto, para quem não sabe nada deste universo, também é explicado. A adolescente, que foi deixada com a melhor amiga da mãe, que morreu no parto, é a única pessoa que não reage ao vírus, pelo que o seu ADN pode ser a chave para encontrar a cura.

Ao longo dos episódios, a história vai-se expandindo pelos seus meandros. É seguro dizer que esta não é a típica série de zombies, na qual estas criaturas são taxativamente as vilãs. Apesar de, obviamente, dificultarem o processo na descoberta da cura, não são estes monstros que causam mais arrepios – pelo contrário, são os vivos que assustam, uma vez que cometem as atrocidades mais macabras para sobreviver, depois de a sociedade estratificada que conheciam ter desaparecido.

Nesta adaptação, os guionistas tiveram uma coisa em conta: um jogador é diferente de um espectador. E é por isso mesmo que a narrativa acaba por centrar-se mais na construção das personagens e suas respetivas camadas, algo que no videojogo, que se foca mais na ação pura e dura, faz parte de um plano secundário.

Para que esta adaptação seja um sucesso, a narrativa visual tem de nos transportar diretamente para aquele universo paralelo. E isso é possível, entre muitas coisas, devido ao orçamento com que a série contou. É que a primeira temporada de "The Last Of Us" custou cerca 100 milhões de dólares (o equivalente a mais de 92 milhões de euros) para ser realizada, segundo a "Forbes".

Este é um montante superior ao de "A Guerra dos Tronos", cujos episódios custaram cerca de 6 milhões de dólares (o equivalente a cerca mais de 5 milhões de euros) até à quinta temporada do franchise. Isto demonstra a confiança que a HBO Max tem na série (e, claro, na legião de fãs com que já contava, devido ao videojogo).

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