Pouco mais de dois anos se passaram desde que o mundo ficou a conhecer uma série banal baseada num videojogo conhecido — e que rapidamente se tornou um sucesso por todo o mundo. "The Last of Us", protagonizada por Pedro Pascal e Bella Ramsey, é uma das produções com mais reconhecimento da MAX (antiga HBO), e é esta segunda-feira, 14 de abril, que a segunda temporada chega à plataforma de streaming — e deixamos já bem claro que, se estava à espera, não se vai arrepender de ter esperado tanto tempo.

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Com uma produção sem igual e prestações excelentes, percebemos logo pelo primeiro episódio que a nova temporada da série não vai desapontar. No entanto, antes de começarmos com a review, deixamos a ressalva de que não jogámos o videojogo, pelo que as nossas opiniões são puramente baseadas naquilo que a série nos dá a conhecer. Ainda assim, há alguns eventos marcantes no jogo que dá vida à segunda temporada que já são bastante conhecidos, mas que pelo primeiro episódio ainda não se percebe se vão realmente acontecer ou não.

Isto dito, vamos ao que interessa: valeu a pena esperar dois anos pela nova temporada? A verdade é que a duração do desenvolvimento e da produção da série não está ao alcance dos espectadores, pelo que é sempre impossível responder a esta pergunta, mas se tivermos mesmo de dar uma resposta, esta é positiva. Apesar de já se ter passado algum tempo, as personagens continuam com a sua essência individual, a história não parece ter estagnado e o ambiente continua o mesmo: apocalíptico, de uma maneira tão irreal que tudo parece bonito. 

Recapitulando muito rápido, "The Last of Us" é uma série baseada no videojogo homónimo sobre um apocalipse, onde um fungo chamado Cordyceps se espalha pela humanidade e cria uma pandemia, transformando as pessoas em monstros. Estes são os Infetados, existindo quatro diferentes fases, e a série mergulha na viagem de Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) para encontrar a cura, uma vez que a jovem se mostra ser imune às dentadas destes Infetados. Mas deixamos aqui tudo o que tem de saber para ver a segunda temporada.

Um cenário horripilante, seguro e surpreendente

E começamos já por aí. O cenário envolvente remete a 2029, cinco anos depois dos últimos acontecimentos da primeira temporada. Agora, Ellie e Joel encontram-se em Jackson, Wyoming, ao lado de Maria (Rutina Wesley), Tommy (Gabriel Luna) e do filho do casal, Benjamim. Todo o ambiente retratado é o mesmo que na primeira temporada, talvez ligeiramente mais moderno no que toca à construção das casas por se terem passado cinco anos, mas aquela sensação de existir um velho oeste no meio da neve com móveis por arranjar e pó por todo o lado ainda é a mesma. Visualmente, o mundo ainda está no meio de um apocalipse, pelo que nada mudou em relação aos prédios destruídos e aos animais selvagens a andarem de um lado para o outro.

É também essa sensação de liberdade dentro do medo que a segunda temporada volta a oferecer a todos os telespectadores. Saber que as personagens têm um lugar seguro dá conforto, mas lembrar que se saírem dali tudo pode descambar, já é preocupante. No entanto, é continuar a dar os parabéns a toda a equipa da produção, porque os designs continuam surpreendentes e cativantes, não existindo erros visíveis no que toca aos ambientes montados. É caso para dizer: well done, team.

De recordar que a primeira temporada acabou com Ellie e Joel a chegarem a Jackson depois de Joel matar todos os Pirilampos no Hospital para salvar Ellie da morte certa, mentindo-lhe mais tarde dizendo que estes já não andavam à procura de uma cura. Ao longo do primeiro episódio, é visível que esta mentira ainda carrega forte nos ombros de Joel, deixando a produção muito mais melancólica do que estamos habituados a ver. E há uma certa cena — onde vamos perceber também mais sobre os novos sentimentos amorosos de Ellie — neste episódio que vai deixar todos os telespectadores com o coração na boca depois de a verem.

A prestação formidável do novo (e antigo) elenco

Apesar de não se saber muito bem o porquê, a verdade é que a relação entre Joel e Ellie não está a passar a melhor fase, e há uma ação de Joel que vai deixar a jovem, agora com 19 anos, em brasa. No final, o sentimento que fica é o de pena, uma vez que Joel apenas estava a tentar ajudar — mas isto leva-nos a outro tópico bastante importante: a prestação dos dois protagonistas. Pedro Pascal volta a fazer das suas, e apesar de estar cinco anos mais velho nesta temporada, o charme e a interpretação não mudam. O amor que entrega à personagem é tanto que o telespectador vê nos seus olhos toda a dor que carrega consigo, tornando certas cenas extremamente melancólicas.

No entanto, continua aquele Joel casmurro e teimoso que se viu ao longo de toda a primeira temporada — e ainda bem, uma vez que é a sua essência mais paternal, mesmo sem ser propositada, que dá à série uma parte emocional que não se vê em tantas outras produções baseadas em videojogos. Além disso, o facto que ter começado a fazer terapia (prometemos que é o único minispoiler que damos) dá ao primeiro episódio da segunda temporada um ar de proximidade com o telespectador, deixando Joel muito mais humano do que aquilo que aparenta. Afinal, todos tempos problemas.

Mas não só Pedro Pascal volta a ter uma prestação formidável. Bella Ramsey regressa ao papel de Ellie de uma forma que só ela o sabe fazer, continuando com o seu carisma forte e cheia de determinação. Ellie, como já avançámos, tem agora 19 anos, uma tatuagem e uma nova paixoneta, que irá ser explorada logo no primeiro episódio. O facto de agora já ser uma adulta possibilita-a a fazer novas coisas, como por exemplo fazer parte do grupo que faz as patrulhas, e há mesmo até quem diga que a jovem é um exemplo a seguir (apenas nesse aspeto, calma) para os mais novos.

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Além destes, novas personagens entram agora na série, e, pelo que já vimos, não vão desiludir. Isabela Merced entra em "The Last of Us" como Dina, a melhor amiga de Ellie, e juntas vão mostrar a todos que duas mulheres também podem matar, ser felizes e, acima de tudo, ser corajosas. A amizade das duas é uma lufada de ar fresco no mundo em que vivem, pois Ellie e Dina conseguem brincar com tudo à sua volta mesmo que esteja a cair — traz uma certa leveza e um certo conforto à série saber que Ellie tem alguém com quem possa contar quando se decide afastar de Joel.

E por falar em mulheres, também Kaitlyn Dever faz parte do elenco da segunda temporada, onde interpretará Abby. Apesar de não se dar a conhecer muito no primeiro episódio, uma vez que só aparece mesmo no início quando ainda nem sequer se passaram os cinco anos, sabemos que a jovem fazia parte dos Pirilampos que estavam no Hospital quando Joel decidiu matar todos, e o seu objetivo é só um: conseguir vingança. Pelos poucos minutos em que apareceu, Kaitlyn Dever mostrou ser a escolha adequada, com um face card inegável e uma frieza na fala descomunal. Quem já jogou o jogo, sabe que Abby será uma das peças mais fundamentais desta narrativa, e veremos nos próximos episódios se realmente será assim. Mas pelo primeiro episódio percebemos logo uma coisa: história haverá muita.