Depois de uma gala muito morna na semana passada, o programa deste domingo, 21 de junho, correspondeu às expetativas dos fãs do formato. O "Big Brother 2020" teve expulsões, nomeações, sanções, discussões, tanto na casa como no estúdio. Uma vez que Noélia foi salva durante a semana, Pedro Alves, Angélica e Ana Catharina estavam em risco de sair e os concorrentes desconfiavam de uma dupla expulsão.

Depois de um jogo de apostas, ficou claro que a grande maioria dos habitantes da casa acreditava que Angélica seria expulsa. Mas quando o Big Brother anunciou que dois participantes iriam abandonar o jogo (o que não era verdade), Pedro Alves sentiu-se em perigo, bem como Jéssica, que já tinha revelado a intenção de desistir do programa caso o namorado fosse expulso.

Na verdade, Angélica foi mesmo a escolhida pelos portugueses, mas Pedro Alves safou-se por uma unha negra: a concorrente venezuelana arrecadou 44 por cento dos votos, com o nortenho num próximo segundo lugar com 42%. Ana Catharina teve apenas 14 por cento dos votos.

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Numa gala onde o público teve novamente a oportunidade de nomear, escolhendo Jéssica e Pedro Alves, grande parte da casa estava em perigo de expulsão. Para além do casal, Diogo, Noélia, Ana Catharina e Daniel Monteiro estão nomeados, bem como Sandrina, que foi nomeada automaticamente pelo Big Brother depois de receber uma mensagem do exterior escondida nas roupas.

Mas há muito a analisar e a esmiuçar sobre a última gala, com momentos de vergonha alheia, falta de noção e até de homenagem. Seguem-se os piores e os melhores momentos.

PIORES MOMENTOS

1. Sónia foi eleita líder e a coisa subiu-lhe à cabeça

Há muitos anos, quando eu era uma jovem adolescente inconsequente, os meus pais abriram-me uma conta onde depositavam a minha semanada. Com a conta veio um cartão multibanco, senti-me super importante, e não sei quantas vezes repeti aos meus colegas de escola que tinha de ir levantar dinheiro no primeiro dia com o dito cartão. Não me perguntem bem porquê, a coisa subiu-me à cabeça e levei-os à exaustão com o tema.

Ora bem, se eu tinha desculpa por ter uns 12 anos, não sei bem qual será a de Sónia: depois de um jogo onde os concorrentes se foram eliminando por ordem aleatória, a concorrente do Porto foi a última resistente e, assim, tornou-se a líder desta semana do "Big Brother 2020". Sónia ficou imediatamente em êxtase, muito provavelmente porque percebeu que com a liderança veio a imunidade. E até acho que ela não tem bem a noção do quão perigoso podia ser se fosse mesmo nomeada, principalmente contra concorrentes como Noélia e Diogo.

Após perceber que era líder, começou a pedir aos colegas e ao Big Brother para a tratarem mesmo por líder, e já revelou vários planos para a semana, que será "muito divertida", diz a concorrente. Está bem, está, Sónia, quero ver como vai correr essa animação toda quando começares a ver a casa num caos.

Mas o melhor aconteceu quando foi mostrado um vídeo aos concorrentes, com Sónia e Sandrina a falarem dos colegas dentro da casa. Entre muitas outras coisas, as duas amigas comentavam que tinham a certeza que eram muito fortes no jogo e os companheiros sentiam-se ameaçados. Não, filhas, a coisa está mesmo má para o vosso lado.

2. Angélica achou que estava a entrar no seu próprio show. Só que não

Depois de passar a semana inteira a chorar pelos cantos, muito magoada com a nomeação e assustada com a possível expulsão, Angélica parecia mais resignada na noite de domingo. Mas assim que o seu nome foi anunciado por Cláudio Ramos na sala de decisões, a venezuelana pôs o volume no máximo e começou a debitar palavras numa mistura, muitas vezes imperceptível, de espanhol e português.

Chegou ao estúdio em êxtase, com o seu próprio microfone e duas bandeiras em cada mão, uma de Portugal e outra da Venezuela. Amiga, foste expulsa de um reality-show, não ganhaste a Eurovisão. Ia lançada para abraçar Cláudio Ramos, com este a ter de dar um passo atrás e relembrar-lhe que não podia existir contacto físico. Continuou a vomitar palavras, que estava feliz por isto, triste por aquilo, que ama Portugal, ama a Venezuela, e mais sei lá o quê — e terminava sempre as frases aos berros. E por pouco não caía no meio do chão, o que seria só um momento hilariante que podia superar a queda de Pedro Abrunhosa nos "Ídolos". Desculpem, pessoas a cair fazem-me rir.

3. Eu desisto, tu desistes, nós desistimos e no final fica tudo na mesma

Jéssica já tinha dito que saía da casa caso Pedro Alves fosse expulso. E apesar de o nortenho ter escapado à expulsão, a produção quis alimentar a ideia de que dois concorrentes abandonavam o jogo. Assim, e depois de toda a casa estar convencida de que esta seria uma noite de dupla expulsão, Jéssica percebeu que Pedro não voltava assim que viu Ana Catharina regressar à sala. Visivelmente incomodada e nervosa, começou logo a dizer que queria sair.

Foi chamada ao confessionário, onde Cláudio Ramos lhe perguntou qual era o seu desejo, ficar ou abandonar o programa, mas não sem antes a lembrar de tudo o que a tinha levado a concorrer ao "Big Brother 2020", do quanto ambicionava estar ali, e de como esta era uma oportunidade única. Mas perante um apresentador claramente incomodado pelas desistências dos concorrentes, Jéssica continuou a dizer que queria sair.

E é aqui que começa a parvoíce e o egoísmo de Pedro Alves. Cláudio Ramos pediu a Pedro que falasse com Jéssica e lhe dissesse algumas palavras, claramente com a ideia de que o namorado iria pensar no quadro geral e tentar convencer a concorrente da Suíça a permanecer no jogo. Mas não: o nortenho disparou palavras vagas, que a apoiava em qualquer decisão, e ficou claro que desejava que Jéssica saísse com ele.

Assim foi, e Jéssica correu para os braços do namorado, com muitas juras de amor e beijos apaixonados, amo-te para aqui, amo-te para ali. Continuamos a ter noção que estas pessoas se conhecem há 42 dias, não é? Bem, apesar de só faltar uma balada de Céline Dion como banda sonora, Cláudio Ramos lá avisou que tudo não passava de uma brincadeira, e que Pedro Alves não estava expulso.

O nortenho respirou de alívio, mas quando o apresentador questionou Jéssica sobre a permanência desta na casa agora que Pedro Alves ia ficar, a concorrente manteve a decisão de sair. Alegou estar muito cansada e não se reconhecer no jogo, e ter medo de explodir. Corta para a cara de Pedro, que se apercebeu da embrulhada em que estava metido. Afinal, tinha feito uma óbvia pressão para Jéssica abandonar o jogo com ele, apesar de ter tentado ao máximo disfarçar, e agora ficava muito mal na fotografia se não fizesse o mesmo.

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Lá disse que também desistia se a namorada saísse, mas Jéssica que não o fizesse. Começou o jogo do eu desisto, tu desistes, desistimos todos, mas Pedro continuou a insistir para que a namorada ficasse e não respeitou a decisão dela. Atenção, acho uma estupidez as desistências destas pessoas, que mandam para o ar essa carta por tudo e por nada — algo que foi abordado tanto por Cláudio Ramos, como pela comentadora Ana Garcia Martins —, mas chocou-me ver que Jéssica estava claramente disposta a sair com o namorado, mas este quis fazer de tudo para a convencer do que ele realmente queria fazer. Então, Pedro, não a apoiavas em qualquer decisão? Pois. Jéssica acabou mesmo por ficar, mas envolveu-se numa discussão com Teresa pouco depois, e está também nomeada esta semana. E algo me diz que o filme pode repetir-se na próxima gala, dado que acredito que Pedro Alves esteja em real perigo de ser expulso.

4. Os kamikazes continuam a apontar armas aos seus alvos, mas Sandrina pode levar com o ricochete

São "tantos anos a virar frangos", e os concorrentes continuam a fazer os mesmos erros neste tipo de programas. Para além de já se ter percebido que a estratégia dos grupos não funciona, a quantidade de vezes que Diogo, Noélia e Ana Catharina foram salvos pelos portugueses devia ser suficiente para evitarem que um elemento dos Kamikaze fosse a nomeações com estes participantes, sob o risco de sair.

Mas mesmo com Sandrina nomeada diretamente pela produção, os seus queridos colegas de guerra não obtiveram essa informação. Insistem em colocar os suspeitos do costume na chapa, e a única escapatória da alentejana pode ser o facto de Pedro Alves e Jéssica também estarem nomeados.

MELHORES MOMENTOS

1. A homenagem a Pedro Lima

Cláudio Ramos abriu o programa num tom mais sério, fazendo a devida homenagem ao ator Pedro Lima, que morreu este sábado, 20 de junho. Apesar de admitir não ter nenhuma ligação próxima com o colega do canal, Cláudio Ramos revelou que o ator foi dos primeiros a lhe enviar uma mensagem de boas-vindas à TVI quando o apresentador trocou a SIC pela estação de Queluz de Baixo.

Cláudio Ramos também contou em direto que Pedro Lima fazia questão de lhe enviar uma mensagem antes de todas as galas, a desejar força, e que brincava com as dificuldades do apresentador com o inglês, fazendo questão de escrever as palavras neste idioma. Visivelmente emocionado, Cláudio Ramos dedicou a emissão da noite de domingo a Pedro Lima, e reforçou o bom carácter do ator.

2. Pipoca, és a rainha disto tudo: Parte 2

Desde o início desta edição do "Big Brother 2020" que Ana Garcia Martins, ou A Pipoca Mais Doce, é uma das comentadoras mais queridas do público, provavelmente por dizer tudo o que pensa dos concorrentes sem medo de mostrar parcialidade, e o fazer num tom sarcástico e irónico. Para além disso, Ana Garcia Martins verbaliza o que muitos fãs deste tipo de formatos pensam, como já não haver paciência para ameaças de desistências e grupos.

Na gala deste domingo, a comentadora referiu-se à situação de Pedro Alves e Jéssica e comentou que foi uma pena não terem saído os dois. Quem não gostou foram os apoiantes de Pedro Alves e os amigos, que depois de terem a palavra, começaram a criticar a postura de alguns comentadores, estando claramente a referir-se a Ana Garcia Martins — mas Cláudio Ramos precisou mesmo de perguntar a quem se referiam especificamente.

Ora que os comentários têm de ter limites, ora que se tem de pensar nas famílias, ora que não sabem quem são as pessoas para falar sobre elas. Os dois amigos de Pedro Alves usaram todos estes "argumentos" para criticar a postura da comentadora, e chegaram mesmo a acusá-la de fazer mal o seu trabalho. Portanto, a comentadora é má profissional porque comenta. Estão a apanhar a lógica? Pois, eu também não.

Mas o pior foi mesmo quando um dos amigos de Pedro se dirigiu a Ana Garcia Martins a dizer que não sabia quem era a senhora, e acrescentou: "Nem sei bem se é senhora". Classe, meu caro. No entanto, a comentadora passou ao lado de uma carreira como excelente jogadora de póquer, ou não tivesse mantido exatamente a mesma expressão calma e serena. E quando teve a palavra, depois de Cláudio Ramos interceder e garantir aos amigos de Pedro Alves que não permitia que faltassem ao respeito a uma colega sua, Ana Garcia Martins mostrou porque é que continua a ser a rainha disto tudo e uma lufada de ar fresco nos painéis de comentadores.

Explicou que foi contratada exatamente para comentar —"está implícito que um comentador comenta"—, que analisa a postura dos concorrentes dentro de um programa, que não tem qualquer interesse em manter uma relação ou contacto com estes quando o reality-show acabar e ainda deu a machadada final ao dizer que vai continuar a fazer tudo exatamente da mesma forma, a falar de tudo o que lhe apetecer. E assim que terminou de falar, grande parte da plateia aplaudiu a comentadora, perante a cara de frete dos apoiantes de Pedro Alves.

Ana Garcia Martins já reagiu ao episódio da noite de domingo, e publicou um texto na sua página de Instagram: "Chegamos a 2020 e ainda há homens que acham que ser uma senhora (seja lá o que isso for) é ter cabeça e não lhe dar uso. É ter voz e não fazê-la ouvir-se. É ter opinião mas ter de guardá-la, porque a mulher quer-se 'bela, recatada e do lar'. Se ser uma senhora é isto... oh, fuck it, não podia estar mais longe", escreveu a comentadora.