A um mês do fim desta edição do "Big Brother", admito o cansaço. Ver as galas de domingo do reality show tornou-se uma atividade semelhante a sentar-me num sofá de design. É bonito? É. Mas é confortável? Não. Uma pessoa já não tem posição para ver as três horas de programa que, ora se arrastam, ora apresentam segmentos desconexos com atividades que se sucedem a um ritmo alucinante e sem grande nexo. Uma canseira mas tem de ser.
Esta semana, só para ser diferente, cravei a ajuda de um amigo que não via um reality show desde o primeiro "Big Brother". Ao fim de dez minutos, eis a primeira reação. "Isto é uma coisa muito pouco dinâmica. Dá mais vontade de ouvir uma missa em latim". Ámen.
E quando achávamos que nos tínhamos livrado de vez de André Filipe, eis que surge ele, vestido de apicultor. "Estou de volta à minha casa". Tenham medo. Teresa Guilherme diz que esta gala vai ser "a abrir", mas nós cá achamos que vai ser de desesperar. Depois de uma semana em que tudo correu mal, com as desistências de Sandra e Jéssica Antunes, Carina é a sobrevivente que resta. E, se ganhar, explica a apresentadora, só leva 20 mil euros. Menos mal.
Falando em desistentes, aí estão eles. O casal Rui Pedro e Jéssica Antunes, esta última que abdicou da possibilidade de ganhar 20 mil paus em nome do... cof cof cof... amor. A Jéssica diz que está triste "com a sociedade". Cara amiga, a sociedade está a viver uma pandemia e está bem a marimbar-se para as tuas "feridas". E ainda fala quase em código e manda indiretas a pessoas que são colocadas num "pedestal" e apelidadas de "rainhas". Estará a falar de quem? Hmmm? É que estas bocas parecem mesmo ter o dedinho do guru das sementes de girassol, Rui Pedro. É impressionante como esta malta, mesmo ao fim de vinte anos, ainda não percebeu que os comentadores deste tipo de programas estão só a fazer um trabalho pelo qual são pagos e não uma vendetta pessoal contra eles.
Jéssica Antunes fala quase em código e manda indiretas a pessoas que são colocadas num "pedestal" e apelidadas de "rainhas". Estará a falar de quem? Hmmm? É que estas bocas parecem mesmo ter o dedinho do guru das sementes de girassol.
Jéssica não fica sem resposta e A Pipoca Mais Doce salienta o óbvio. Que Jéssica, ao ter quebrado o isolamento, poderia ter posto em perigo a saúde dos outros concorrentes. Vamos só deixar aqui a frase da noite.
Estamos como a Pipoca, a rebolar os olhos de enfado e citar mentalmente o grande Diogo Reffóios Cunha: "Aceitem que dói menos".
Sentimos (e temos de dar a mão à palmatória) que se não fosse Pedro, este reality já tinha morrido há muito. Só agora reparámos que Teresa Guilherme está de calças. Sinal de que isto está tão parado que até um novo modelito serve para animar. O meu amigo diz que gosta do novo look da apresentadora. "Para João Rolo até é discreto", comenta. E acrescenta ainda: "O João Rolo era capaz de fazer um vestido com peças que sobraram de um motor".
E eis que surge o momento clássico deste "Big Brother - A Revolução". André Abrantes a enterrar-se. "Eu amo a Zena", justifica o rapaz. Tenho a sensação que esta malta usa o 'amo-te' como eu uso o 'tipo'. Menos. Tipo, muito menos.
Finalmente, alguma animação com o regresso de Carina à casa. Vemos um best off de todas as peixeiradas entre a concorrente e Pedro e sentimos alguma nostalgia. O Pedro fica todo contente quando vê a Carina. Como diz o povo "ri-te agora, choras depois". Mas, ao que parece, a tormenta passou e agora estão todos amiguinhos e aos abracinhos. "Quem é este furacão, a Carina? Pelo na venta!", questiona o meu amigo virgem em reality tv. Mais um clássico deste "Big Brother" é esta tentativa triste de fazer de Zena a vilã do jogo quando Joana já aceitou de bom grado esse papel e fá-lo de maneira magistral. #deixemazenaempaz
Voltamos ao André Filipe que, vestido sabe Deus de quê, diz que deixou a nave estacionada na Ericeira. Então entretanto andou de quê? De Ubernave? (badum-tsss). "Da paz é o Pedro e da guerra é o André Abrantes", vaticina. Está certo.
Joana é salva e a reação da beta de Cascais é maravilhosa. Esta miúda é mesmo uma vilã que sabe sê-lo.
A cara do Pedro a rir-se das picardias absolutamente despropositadas causa-nos sempre constrangimento, bem como os constantes comportamentos pouco asseados do concorrente mais velho da casa. Ele fez o quê com o gelo? Que nojo.
Sobre o Pedro, o meu companheiro deste visionamento diz o seguinte: "Quando olho para ele, é daqueles gajos que olho e que digo: não o gostava de ter como amigo. Quem usa óculos à Himmler, não é de confiança". Concordamos.
Ana Garcia Martins salienta que Carina entra com a vantagem de saber a opinião do público sobre o Pedro e os restantes concorrentes. Tudo cert, mas isso só seria uma vantagem se a Carina conseguisse ser fria e racional durante mais de um segundo.
Mais imagens do Pedro (o novo rei sol, mas de forma involuntária), desta vez no milionésimo confronto com Jéssica Fernandes. "Quando são muitos descontos chega a um ponto em que a pessoa fica sem crédito". Touché. E chegamos ao momento bíblico do sacrifício do cordeiro, perdão, do concorrente. Todos votam no Pedro e chegamos à triste conclusão que a malta lá da Ericeira não aprendeu mesmo nada.
André Abrantes está salvo depois de uma semana a queimar Zena. 'Tá certo. Anunciada a expulsão, Sofia recusa dar um abraço a Pedro, mostrando finalmente ter um rasgo de personalidade. Deve tê-la deixado em quarentena nos últimos três meses. Acontece aos melhores.
Carina ganha imunidade e André Filipe volta, qual nave especial, para apresentar uma nova prova sem pés nem cabeça, que mete brócolos enfiados dentro de balões. WTF.
Mesmo na reta final da gala, e antes das nomeações, passamos à novela semanal "Romance & Ciumeira". A Jéssica afinal já está apaixonada pelo Renato e a minha única questão é: porque é que chacinam a música do Salvador Sobral "Amar pelos Dois" nestas VT? Porquê? Quando achavámos que íamos ter o casalinho no confessionário para dissecar a semana que passou eis que... não. Não vai acontecer. Este é um dos grandes problemas deste "Big Brother". Muito drama, muita trica e pouco sonho. Claro que queremos broncas, claro que queremos gritarias, mas também queremos rir e sonhar. E também não percebemos este estranho desaparecimento do Renato, que tem vindo a perder protagonismo, ao contrário de Jéssica.
Nomeações feitas, aí vem a Sofia. A moça diz que o "Big Brother" foi "das melhores viagens" que já fez. E eu digo que já fiz viagens mais emocionantes no IC19 em hora de ponta. "Eu fui para ir com o vento e o vento levou-me até aqui". Não sei lidar com estas metáforas mas também pode ser do adiantado da hora.
"Não me consigo lembrar de bons momentos", diz Ana Garcia Martins sobre Sofia. Nem nós, Ana nem nós.
Até para a semana, se entretanto mais ninguém desistir em nome do amor.