Miguel Azevedo foi o visado da gala de domingo (10) à noite. Ao reunir 65% dos votos do público, acabou expulso do "Big Brother Famosos". Esta terça-feira (12), esteve à conversa com jornalistas, momento em que aproveitou para fazer uma retrospetiva da sua participação no programa.
Para o cantor, o balanço foi "extremamente positivo" e esta "foi mesmo a altura certa" para sair. "Depois de analisar de uma forma muito superficial os comentários que tive em relação à minha participação, fiquei muito agradado", confessou. "Há duas semanas, já sentia que o jogo ia começar a mudar e, no dia em que a Marie saiu, percebi plenamente que eu era próxima vítima."
Quanto aos possíveis motivos que ditaram a sua expulsão, o artista referiu "as supostas Bernardetes", fãs de Bernardo Sousa, como referiu Flávio Furtado durante a gala. "A ideia que tinha vindo a construir dentro da casa fazia sentido cá fora. Ele tinha um grupo de apoiantes muito grande e muito forte", referiu. "Para votar, é preciso algum valor monetário e é preciso ter alguma capacidade."
"Não tenho nada contra o Bernardo. É só uma incompatibilidade de personalidades. Fiz um esforço enorme para me encaixar nele"
Foi Bernardo Sousa o concorrente com que Miguel Azevedo menos se identificou, o que deu origem a alguns conflitos entre ambos. "Não tenho nada contra o Bernardo. É só uma incompatibilidade de personalidades. Fiz um esforço enorme para me encaixar nele", acha.
O artista fez também algumas confidências: "No nosso abraço final, ele disse 'lá fora, vais conhecer-me'. É sinal de que, se calhar, estava a jogar". Ao chegar a estúdio, foi surpreendido pela mãe de Bernardo, Margarida Tomás. "Ela deu-me um beijinho, montes de força e carinho, e eu percebi que as palavras dela eram honestas."
Para Miguel, esta atitude "é como se fosse agridoce". "É uma confusão. Não consegues perceber, afinal, o que é que se passa. Se realmente é tudo verdade, se é tudo mentira. O Bernardo diz que não entende porque é que ainda lá está, mas cá fora tem uma equipa de elite", exemplificou.
O cantor de 35 anos foi por várias vezes "à chapa" por escolha dos colegas. "Eu também me pus a jeito", confessa, recordando quando dizia "podem votar à vontade, não há problema nenhum". "Só que, depois, comecei a pensar: 'Espera aí, eu também quero estar aqui. Vou-me já embora? Não", apercebeu-se.
"Todos dizem que gostam de ti, que és uma alegria na casa, que fazes falta, e depois estás sempre no paredão"
Face a isso, começou "a mostrar que não era um alvo a que toda a gente lançava setas". "Era uma nomeação fácil", considera. Mesmo assim, sentiu-se confuso. "Se todos dizem que gostam de ti, que és uma alegria na casa, que fazes falta, e depois estás sempre no paredão, ficas a pensar ‘Se calhar, realmente estou a ser evasivo. E está-me tudo a dizer que está fixe e depois, na realidade, não está’".
E não foram estas as únicas atitudes, por parte das restantes celebridades, que magoaram Miguel. "Custou horrores" quando, por consequência imposta por Virginia López, teve de permanecer calado durante uma hora. "Foi o pior que me aconteceu", declara. "Durante a pandemia, o que mais me custou foi estar calado. Não poder comunicar com as pessoas", relembrou.
"Na casa, foi uma das coisas que mais me consumiu. Se eu já tinha mostrado a minha curva da vida, já tinha dito várias vezes que foi a coisa que mais me tinha custado... Quando percebi que estava a ser julgado por uma coisa em que eu até queria dinamizar o grupo, disse 'Estou aqui a fazer o quê? Está na altura de sair'", revelou.
Na fase em que passou por dificuldades económicas devido à pandemia, pôs a casa onde vivia, em Alcochete, à venda, e rumou ao Alentejo, onde abriu um restaurante, onde "ensaiava muitas vezes". "E vinha a polícia: 'O senhor não pode estar a fazer barulho, não pode estar a cantar'", contou.
"Custou-me muito, porque foi andar para trás e sentir que não conseguia dar aquilo que queria à minha família"
"Sempre tive uma capa de super homem, mania de que fazia tudo sozinho", disse, sobre esses tempos. "Custou-me muito, porque foi andar para trás e sentir que não conseguia dar aquilo que queria à minha família". Quando tudo se endireitava, "veio uma lufada de ar fresco, que foi o convite para o BB". O cantor assegura não ter considerado "de todo" a parte económica, relativa ao cachê. "Pensei, sim, que era a recompensa de tudo o que tinha passado. Era tipo um miminho."
Miguel Azevedo ambicionava "ter visibilidade no mercado". "Posicionar-me também enquanto artista", explicou, dando como exemplo a situação de Jorge Guerreiro, também ele cantor popular, que ficou em segundo lugar na anterior edição. "Sendo dois colegas de trabalho, obviamente eu também ia zelar pelo meu lado, daquilo que eu também gostava que acontecesse".
"Adoro o Jorginho. Já o conhecia cá fora há muitos anos e acho que o Jorge merece plenamente estar onde está. É uma pessoa extremamente humilde e tudo o que ele está a colher apenas plantou. Demorou mais alguns anos e esta foi a montra que ele merecia", acredita. "Sentia que também podia ser essa boa montra para mim."
O cantor admite que viu "alguns comentários totós" a compararem ambos os artistas. "Que eu estava a tentar copiar, ou estava a tentar ser. Zero", assegurou. "Ao início, podem ter tido essa dúvida, mas depois, ao longo do programa, perceberam que eu sou assim. Se calhar, há muita coisa que coincide com a forma também de o Jorge estar".
Agora que experimentou afastar-se durante mais de um mês das rédeas da sua operação, o cantor prometeu começar a delegar mais na equipa e, assim, dedicar-se mais à família. "Aquilo que eu mais gosto de fazer é espetáculos. Dei uma olhadela na agenda e percebi que as coisas estão boas", revelou.
"Se eu dissesse que não queria ir à final, estaria a mentir"
Mesmo com o negócio a correr de vento em poupa, admite: "Se eu dissesse que não queria ir à final, estaria a mentir". Ainda assim, está satisfeito por regressar à realidade pelo facto de "a casa estar a ficar mais pesada" e, claro, pelas saudades da família e do ofício. "Sou um viciado naquilo que mais amo, que é a minha paixão pelo trabalho, pela música. Lutei muito, trabalhei muito sozinho", recordou.
Caso tivesse chegado à final, quereria, a seu lado, Marie, Marco Costa, Daniel Kenedy e Vanessa Silva — precisamente os colegas a quem atribuiria o prémio. "Gostava muito que o Marco tivesse finalmente este bombom, porque acho que ele merece realmente. É uma pessoa que luta muito", referiu, apontando também Vanessa.
"Porque a Vanessa é uma excelente cantora, é uma pessoa que tem um coração muito grande e, se calhar, dentro de Portugal inteiro, nunca houve esta abertura para a qualidade que a Vanessa tem". Para o artista, o prémio também estaria muito bem entregue a Daniel Kenedy. "Ele é um pouco como eu: preserva sempre o lado bom das pessoas e gosta de trabalhar pela união. Poderia ser uma rampa para ele voltar a ver a vida mais positiva. Porque, às vezes, estamos lá tão em baixo…", disse.
"Ninguém sabe o que é o prémio final, mas, se houvesse aqui esta rampa de lançamento com algum valor monetário, podia ser que ele ganhasse alguma força, porque ele já tem muitas coisas resolvidas na vida dele e precisava aqui deste empurrão", considera.
"Todos eles têm muita boa coisa para me dar e vou sugar o melhor de cada um"
Para a vida, tenciona levar todos os agora ex-colegas de casa. "Acho que me vou dar bem com todos, porque eu não faço distinção de ninguém. Todos eles têm muita boa coisa para me dar e vou sugar o melhor de cada um", explicou aos jornalistas, entrando em detalhes.
Bruna Gomes e Bernardo Sousa são os colegas que Miguel acredita que vai ter mais dificuldades em manter contacto. A influenciadora "porque eventualmente vai para o Brasil" e o piloto graças à "dificuldade de comunicação" que se formou.
Em sentido inverso, refere Fernando Semedo, Nuno Graciano, Daniel Kenedy e Vanessa Silva. "Tivemos grandes momentos. Ela basta abrir a boca que começo logo a chorar, porque ela é maravilhosa", disse, referindo-se à cantora. Também Virginia López será para a vida: "Cresci muito com coisas que a Vi me disse. Meteu algumas luzes na minha cabeça que, realmente, andavam aqui bloqueadas".
"Tenho um grande irmão ali", disse, sobre Marco Costa. "É um marco na minha vida. Foi uma pessoa que esteve sempre ao meu lado. Desafiou-me, tentava puxar por mim". Por último, Marie, a que se refere como "a minha Marie". "Foi uma das pessoas que me conseguiu perceber apenas com um olhar", afirmou, admitindo que "escondia muitas das vezes as tristezas na animação". "Divertia-me para conseguir dar a volta ao que estava a sentir."