Fomos passar um fim de semana à Nazaré, no distrito de Leiria, que, em 2011, ficou no centro das atenções de todo o Mundo depois de Garrett McNamara lá ter batido o recorde da maior onda já surfada. Foram quase 30 metros dominados, que mudariam o rumo desta vila piscatória.

Pestana Douro Riverside. Antes, uma fábrica de perfumes. Agora, um hotel com vista para o rio
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Ao conhecermos a Nazaré, entendemos que vai além das ondas gigantes, embora esse seja claramente um motivo de orgulho e que anualmente atrai imensos turistas, que desejam replicar o feito de McNamara. Os grandes campeonatos internacionais de surf assentaram arraial na vila que antes vivia da pesca e que hoje vai buscar grandes contribuições ao turismo.

A Nazaré fica a hora e meia de carro a partir de Lisboa. Sabemos que chegámos quando começamos a ver o mar ao fundo ou as senhoras, em trajes tradicionais, a erguer sinais que remetem para o aluguer de quartos. A estrada fica mesmo à beira do areal, que forma um manto dourado que se estende por cerca de seis quilómetros.

Quais são as opções de alojamento na Nazaré?

São vários os hotéis existentes na vila, mas destacam-se os alojamentos locais. Durante a nossa estadia, ficámos hospedados em dois dos nove apartamentos da marca Feel Nazaré, que estão integrados em prédios tipicamente nazarenos, privilegiando a localização (o centro histórico) e regendo-se pela decoração minimalista, contemporânea e cuidada.

O primeiro, intitulado "Saudade", faz-nos sentir isso mesmo. Fica num prédio surpreendentemente moderno e a menos de cinco minutos em linha reta para a praia. O acesso, em ambos os casos, foi explicado ao mais ínfimo pormenor, e correu às mil maravilhas sem precisarmos de incomodar qualquer pessoa, seja presencialmente ou online.

Fomos contactados por WhatsApp assim que o apartamento ficou pronto e o check-in ficou facilitado depois de recebermos a localização do prédio, a fotografia da fachada que deveríamos procurar e todos os passos do processo em detalhe. A equipa do Feel Nazaré mostrou-se disponível para "qualquer ajuda necessária" e aproveitámos quando foi hora de estacionar o carro. Não tardariam a indicar-nos locais sempre a dois minutos da porta de entrada, sem custos extra.

Já dentro do apartamento, deparámo-nos com algo que, embora com dimensões diminutas, tem o tamanho certo. Acolhedor, dispõe do espaço suficiente para tudo o que faz falta — mas tudo mesmo. A começar pela cozinha, equipada com máquina de lavar loiça e roupa, máquina de café (Nespresso e respetivas cápsulas), microondas e placa de indução.

A lista continua com frigorífico, forno, loiça, bases para pratos, varinha mágica, fervedor, tachos, frigideiras, torradeira e molas para a roupa. E a roupa, que veio cheia de vincos? Não há problema: há tábua e ferro de engomar. Na sala, uma mesa onde conseguem jantar pelo menos quatro pessoas, assim como um sofá-cama e um plasma LG bem grande.

As comodidades prosseguem com ar condicionado, cama de casal, armário com três portas, vários espelhos (inclusive de corpo inteiro), estores elétricos e uma luz natural incrível graças às janelas que começam no chão e que vão até ao teto. Este apartamento, num primeiro andar da Rua da Saudade, privilegia os brancos, os beges, os cinzentos, os verdes e os azuis.

A decoração, como não poderia deixar de ser, remete para a praia, ali tão perto. Os ornamentos (corais, peixes, lagostas, caranguejos, búzios, etc.) fazem-nos pensar na maresia. Tal como os támares, os pequenos bolos em forma de barco, recheados com doce de ovos, que estavam à nossa espera quando chegámos.

Este boutique apartment da marca Feel Nazaré tem duas varandas (uma acessível a partir da sala e outra da cozinha) que permitem ver o mar ao fundo. Tendo em conta a localização, a limpeza  e todas as comodidades, voltaríamos a dormir aqui.

Cada noite no apartamento Saudade custa 70€. Pode albergar até quatro hóspedes, inclusive crianças, mas os animais de estimação, as festas e eventos e os cigarros estão proibidos. O check-in pode ser feito entre as 16 e as 22 horas e o check-out até às 11 da manhã.

Este primeiro apartamento elevou a fasquia e dificultou o deslumbre pelo segundo. Em comparação, o primeiro pareceu-nos ideal para umas férias em família, enquanto o segundo que visitámos é mais apropriado para um casal jovem ou um grupo de amigos, tanto pela estrutura do espaço (cujo quarto é uma mezzanine) como pela forma como está decorado.

Mais uma vez, o check-in foi autónomo, com recurso a códigos e a cofres automáticos. Um apartamento acessível através de escadas, tanto fora, como dentro. Tal como o anterior, com polibã, mesa de jantar, sofá (menos confortável e espaçoso), televisão (mais pequena, quando deveria ser maior), armários, loiça, cama de casal, microondas, máquina de café, aquecimento (em vez de ar condicionado), fogão, frigorífico (daqueles todos giros da Smeg) e uma varanda.

Este apartamento também pode receber até quatro hóspedes, sendo o valor por noite 60€. Tem elementos alusivos à praia, mas sobressai o caráter moderno da decoração. O estacionamento era mais longe, mas também ótimo, e a localização idem. No site, descrevem o Feel Nazaré como "a sua casa longe de casa". E foi isso mesmo.

O que não pode perder numa visita à Nazaré?

No que diz respeito aos comes e bebes, é imperativo comer um gelado, um crepe (por menos de 5€), uma waffle ou qualquer outra guloseima na Gelatomania, cuja esplanada fica mesmo em frente à praia. Também junto ao areal fica o restaurante Aleluia, perito em tudo o que se relaciona com o mar, tal como verificámos ao provar o tacho de arroz de tamboril e camarão (17,50€).

Para uns pesticos, o El Toro é o lugar perfeito, destacando-se o pão alentejano recheado (8,50€), o presunto de porco preto (9€) e o camarão em manteiga marinada e alho (9,75€). E, para variar um pouco, o restaurante de gastronomia indiana Maharaja, com pratos a rondar os 13€.

Todos os dias (exceto segunda-feira) das 7 às 13 horas pode passar pelo grande e coberto Mercado Municipal, na avenida principal, para comprar roupa, fruta fresca, bolos, leguminosas, carne e peixe (entre outras iguarias), com a ajuda das peixeiras nazarenas e das restantes pessoas que se sentam por detrás das bancas com a simpatia característica de quem procura fazer negócio.

Ao ar livre está o Museu do Peixe Seco, com os mais variados tipos de peixe e molusco expostos ao sol, a secar, uma tradição antiga adorada por muitos que não dispensavam estas delícias preservadas e salgadas. Também em plena areia está a Exposição de Embarcações Tradicionais, que conta a história dos já reformados barcos.

Se o tempo não estiver famoso e as ondas não derem tréguas, aproveite para mergulhar no Talasso Nazaré, o centro de talassoterapia com massagens (dos 40 aos 110€), tratamentos corporais (dos 39 aos 69€), tratamentos faciais (dos 45 aos 95€) e balneoterapia (dos 26 aos 45€).

Mas, se há algo que tem mesmo de fazer durante a estadia nesta vila, é subir ao famoso Sítio da Nazaré, repleto de miradouros (como o do Suberco ou o da Rua do Norte) com uma vista incrível para toda a Nazaré. É o melhor local para ver o pôr do sol. Caso queira ajuda a subir e a descer, basta adquirir o bilhete do ascensor por 2,50€ (cada viagem).

Ainda no Sítio, pode andar no Baloiço da Ladeira, passar pelo Santuário de Nossa Senhora da Nazaré ou pelo Forte de São Miguel Arcanjo, onde está o imponente farol que já iluminou o caminho de tantos. À ida para lá, há várias bancas a vender roupa, produtos locais, artistas de rua e paragens para comer qualquer coisa.

A Nazaré faz-se a pé para conhecer da melhor forma os locais, sentir os aromas e presenciar a forma como esta vila se mexe. Se escolher bem a altura do ano e tiver sorte, pode apanhar dias esplêndidos de sol para fazer praia sem sentir falta de espaço. Afinal, não são só as ondas gigantes que cativam as massas.