O Independente Comporta foi inaugurado em agosto deste ano. Situado entre a Comporta e Melides, este novo hotel de quatro estrelas é descrito por quem lá trabalha como uma "aldeia no meio de um pinhal". Inspirado nas típicas povoações alentejanas, este alojamento consegue transportar-nos para isso mesmo.
Passámos uma noite no Independente Comporta e, agora, dizemos-lhe como correu (e do que gostámos mais). Tivemos a sorte de podermos desfrutar do clima caraterístico do verão de São Martinho, mas, mesmo assim, ficou a vontade de conhecermos este refúgio nos meses de maior calor.
A piscina exterior, de água salgada, assume várias tonalidades. Rodeada de camas balinesas, tem o apoio do bar Bóia, que de 1 de março a 31 de outubro trata de almoços e do serviço de quartos. Ao ficar hospedado no Independente Comporta, poderá optar por um quarto ou uma villa (com salamandra, forno a lenha ou kitchenette, por exemplo).
Pequenas casas com grande valor
Há 40 quartos, 12 deles comunicantes, e todos com um terraço e com uma tradicional cama alentejana. Quanto às villas (cujos estacionamentos têm carregador para carros elétricos), são 34, desde estúdios a casas com cinco quartos. Algumas contam com piscina privada e espreguiçadeiras e outras partilham uma piscina entre si, como alternativa à principal.
No inverno, a zona de lareiras ao ar livre torna-se mais apetecível. Já se imagina neste lounge acolhedor, a observar o céu estrelado com um copo de vinho na mão? Para o futuro, estão a considerar ter DJ's a atuar ao vivo, assim como nos confirmou o diretor de operações, Paulo Matos.
"A decoração dos quartos tem em conta o mercado local", alertou o responsável, enquanto nos mostrava elementos como os tapetes de Arraiolos, a olaria de Melides, os bancos de vime, os candeeiros feitos à mão em Évora e os tapetes 100% feitos com garrafas de plástico.
As habitações, pequenas casas, estão espalhadas pelas ruas, que têm todas nomes de árvores: a rua das limoeiras, a das laranjeiras, a romãzeiras, a das alfarrobeiras, a das ameixoeiras e a das ginjeiras, na qual ficámos. Esta disposição ajuda a criar a ideia de que estamos numa aldeia e não num hotel.
A comunidade que ali se forma será reforçada com projetos futuros como um mercado de produtores locais uma vez por mês. Também o casão contribui para este sentimento de pertença. Este salão multiusos é, no fundo, uma casa grande onde os hóspedes se juntam, com jogos de tabuleiro e sofás.
Umas férias personalizadas (e com vagar)
Também o Aura Spa, onde todos os tratamentos são exclusivos, é de visita obrigatória. Só aqui irá encontrar certas massagens, concebidas de propósito para o hotel por Filipa Santos. "É tudo pensado para aproveitar a cultura do Alentejo", explica a responsável, mencionando "tratamentos com sal de Melides e de Alcácer, pedras quentes e frias, e areias da praia".
Ao elaborar o menu do Aura Spa, Filipa Santos teve em conta as necessidades mentais, físicas, emocionais e espirituais que cada um poderia apresentar. Daí nasceram ofertas como a "power of sound", que custa 85€ e que consiste numa cura através do som, das vibrações emitidas por tigelas tibetanas terapêuticas, durante 55 minutos.
No quarto encontrará tapetes de ioga feitos a partir de materiais recicláveis, bem como ponchos, que vêm substituir os habituais. "Não queríamos nada que fosse igual aos outros. Os hóspedes adoram e andam com eles vestidos no hotel, a passear", conta Paulo Matos, sobre esta indumentária.
A prática de ioga tem o custo de 85€ por uma sessão individual de uma hora, 120€ para duas pessoas ou 25€ para grupos. Já as sessões de pilates custam 70€ para 45 minutos a título individual, 110€ para duplas e 22€ se o fizer em grupos.
As atividades adicionais, que têm sempre um custo extra, passam também por passeios de bicicleta elétrica (35€ por meio dia ou 50€ o dia todo). Aproveitámos e fomos até à praia do Carvalhal, num passeio revigorante de cerca de meia hora para cada lado, entre casas, mato e arrozais.
Durante todo o percurso fomos acompanhados por funcionários do hotel, que nos indicavam o caminho. Se preferir, também pode ir de transfer gratuito até à praia, que fica a 15 quilómetros do hotel.
Da açorda às migas, não faltam clássicos alentejanos
Os repastos ficam a cargo do Maroto, o restaurante que traz para a mesa os melhores sabores alentejanos e vinhos portugueses. Pudemos experimentar tanto o pequeno-almoço (com opções como panquecas com xarope de ácer e cacau cru, ovos mexidos com farinheira e rabanada com creme de alfazema) como o almoço e o jantar.
Este espaço (interior e esplanada) apresenta a gastronomia local seguindo um conceito de partilha. Nesse sentido, os funcionários sugerem três a quatro pratos por pessoa, tais como o coelho fumado com escabeche de cerejas (11€), a sopa de tomate de verão com poejos e alho frito (12€) e a abóbora grelhada com manjericão e requeijão (10€).
A refeição começa sempre com pão quente e crocante, e manteigas. Pode parecer simples, mas conquistou-nos de imediato. Também a açorda alentejana com bacalhau fumado e limão (16€), um prato que rejeitamos sempre que podemos, nos surpreendeu pela positiva.
Torcemos o nariz à sopa de cação à alentejana servida com pão grelhado e batata (16€), mas percebemos que estávamos só a ser preconceituosos. Não adorámos o cogumelo fumado com creme de avelã e caldo verde crocante (15€), que nos fez lembrar de um Kinder Bueno, mas ficámos fãs do choco grelhado com coentrada e feijão frade (14€).
Ainda assim, a nossa criação favorita foram mesmo as plumas de porco preto com migas de verdes e maçã (18€). Terminámos com a típica sericaia (7€) e com uma tarte de alfarroba com amêndoa e figo (7€). Não deixe de provar o cocktail gin & flowers, com água tónica, sumo de lavanda e lima, xarope de alfazema e flores (11€).
O encanto rural com os luxos citadinos
O Independente Comporta é o primeiro hotel não-urbano do grupo Independente. Atualmente, conta com 12 hectares. A segunda fase deste projeto será iniciada em 2024, com mais 50 hectares, ao longo dos quais existirão outras 30 villas, campos de ténis e de padel e uma horta biológica.
Quando entramos no Independente Comporta e damos de caras com a receção, estamos a pisar um tapete que diz "Hello stranger" ("olá, estranho"). Na despedida, pisamos um onde está escrito "goodbye, friend" ("adeus, amigo"). Este trocadilho faz todo o sentido para quem experiencia o que é ficar neste hotel.
Apesar de ter este título, quebra muitos dos estereótipos ligados a grandes cadeias. Existe um serviço personalizado e cuidado, uma atenção ao detalhe, uma exclusividade inesperada. A pouco mais de uma hora de carro de Lisboa está um sítio para férias que se distingue de tantos outros, num local cada vez mais apetecível.
A estadia para duas pessoas de 30 de novembro a 2 de dezembro (quinta-feira a domingo, com o feriado de 1 de dezembro pelo meio) ficaria por 480€ num quarto duplo com pequeno-almoço incluído ou por 1.656€ numa villa com cama de casal e sofá-cama, assim como a simulação que efetuámos mostrou.