A emblemática Praça da Figueira, bem como qualquer zona de Lisboa, já viu dias com maior afluência de turistas de um lado para o outro que por esta altura, num ano normal, estariam a chegar para ver as luzes de Natal. Apesar de muitas vezes criticarmos a confusão que se instala na cidade, a verdade é que já temos saudades da habitual azáfama. No entanto, foi mesmo uma paz total que encontrámos ao chegar ao Rossio em direção ao Figueira By The Beautique Hotels, que encara de frente a Praça da Figueira.
Podíamos (mas não devíamos) começar por falar da cama do quarto, porque o instinto diz-nos que a mesa do restaurante Figu's do Figueira By The Beautique Hotels deve ter prioridade. É que, sejamos sinceros: por mais conforto que tenha um quarto de hotel, ninguém consegue usufruir do mesmo de barriga vazia.
A experiência no hotel de quatro estrelas que fixou as raízes da sua Figueira em 2013, não pode, por isso, acabar sem passar pelo restaurante de pratos que vão ao encontro do conceito: figos. A MAGG foi provar destas iguarias comestíveis, no Figu's, e figuradas, no quarto de hotel. Contamos tudo.
Risottos há muitos, mas como este não
Chegados ao restaurante, algo nos diz que o fruto aqui não é proibido ou apenas apetecido: é também servido. Os figos são a estrela do restaurante "Figu's", marcado pelos pratos da cozinha tradicional portuguesa, e se fôssemos a contabilizar o número de figos que estão espalhados pela sala do restaurante, uma coisa é certa: levávamos uma cesta cheia para casa.
Além do fruto — ora adorado, ora odiado por muita gente—, que salta à vista em redor, na carta também não escapou aos nossos olhos e paladar. Para começar, fomos recebidos com couvert (2€) de pão e broa doce para acompanhar com o que há de mais típico na gastronomia portuguesa: azeite, neste caso do Norte, e manteiga. Mas esta não é uma manteiga qualquer. A que se serve à mesa do Figu's é também ela de figo, algo que nos deixou curiosos.
Afinal, como se faz uma manteiga de figo? O gerente do restaurante, João Pedro Duque, explicou-nos que se obtém a partir do processo natural de produção de manteiga à qual se acrescenta o aroma natural do figo. Resultado? Algo tão inédito como alguém (nós) que não suporta comer manteiga que não está derretida numas boas torradas, a comê-la assim, ao natural, só para poder degustar o sabor de uma manteiga ligeiramente doce que só aqui é possível provar.
Talvez tenha sido demasiado pormenorizado e já esteja a salivar só com as entradas, mas avisamos que o melhor está para vir. É que para prato principal escolhemos um peixe galo com risotto de espumante e camarão (16€) que faz a tentação de qualquer amante desta forma e servir arroz.
O sabor suave do risotto, contrastava na perfeição com o molho intenso feito com camarão que cobria também o peixe galo, cozinhado com um toque cítrico de limão. O entusiasmo de comer este prato (mais do que bem servido) foi tanto que, à exceção da casca dos camarões, não sobrou nada, nem sequer espaço para a sobremesa.
Ainda assim, estas fazem parte da carta, que contempla os figos com uma clássica tentação: cheesecake de figos (4€). Há ainda outras opções como é o caso do crumble de maçã (4€) ou creme brulée (4€).
Apesar da experiência positiva, não foi possível deixar de notar nas mesas vazias à volta, que contrastam com outros tempos — que parecem já tõ longínquos — onde era difícil arranjar uma mesa livre para jantar no centro de Lisboa.
A altura de provar os figos maduros
Depois de provar as iguarias do Figu's, subimos pra o quarto, mas não sem antes passarmos no lobby onde se centra o tronco da Figueira que aqui está há sete anos e foi a primeira árvore do The Beautique Hotels, antes de serem lançadas mais duas unidades: o WC e o Madalena by The Beautique Hotels, que tiveram de fechar devido à pandemia.
Mas voltemos ao Figueira: a receção é o conceito literal de boas-vindas, uma vez que aqui também tem lugar o bar que serve desde vinhos (a partir de 5€) a cocktails, como o chocolate cookie (10€).
Do tronco, passámos para os ramos, neste caso, os quartos, de quatro tipologias diferentes. Instalámo-nos num deles, no quinto de seis pisos, e é caso para dizer que ficámos logo plantados na varanda. É que a vista para a Praça da Figueira tem um encanto, quer de dia, quer de noite, que nos deixa petrificados a olhar e ao mesmo tempo a viajar no tempo de quando víamos nesta praça a agitação de quem acabou de sair do metro ou de descer a Avenida Almirante Reis para passear no Rossio.
Tendo em conta que se trata de uma árvore, é preciso zelar pela mesma e o cuidado com a natureza está visível por todo o quarto.
Desde logo, há um aviso na casa de banho para consciencializar os hóspedes de que devem reduzir o consumo de água e o gasto de papel higiénico (por sinal, reciclado) para "salvar o planeta". A juntar a tudo isto, quer no quarto, quer no restaurante, existem garrafas de água de vidro que podem ser enchidas as vezes necessárias, sem implicar um descarte de plástico, já esse, desnecessário.
Mas o planeta não é o único cuidado deste hotel. Ainda pela casa de banho encontrámos um item indispensável, principalmente às mulheres: secador. Somos os únicos que ao ver um secador respiramos de alívio?
A decoração do hotel e dos quartos foi desenhada por Nini Andrade Silva, responsável pelo atelier com a sua assinatura, e apesar de Vera Rosado, diretora geral do grupo The Beautique Hotels nos confessar que o verde intenso, tal como o das folhas de uma figueira, cria um ambiente mais sombrio que nem sempre agrada aos hóspedes, a nós só nos transmitiu a sensação de estarmos no meio de uma floresta e prestes a apanhar um figo da árvore (nem que seja em sonhos durante a noite de conforto).
Contudo, pela manhã estes tons ganham mais vida com os raios de luz que entram pelas janelas no alto do quinto piso do hotel e que, novamente, nos deixam de olhos postos lá fora. Desta vez não foi na varanda, mas junto à janela num sofá confortável no qual também tomamos o pequeno-almoço que nos foi deixado à porta.
Esta é uma das opções a pedido dos hóspedes, mas aqueles que quiserem também podem tomar o pequeno-almoço no restaurante à moda antiga com as medidas de segurança dos tempos modernos.
Depois de dois fins de semana confinados a partir das 13h devido às restrições, nada melhor do que dormir num hotel que, apesar de ficar na mesma cidade ou a poucos minutos do local de residência, tem um conforto e tranquilidade que nenhum outro lugar consegue proporcionar (e o espirito de Natal a nascer mesmo ali à porta).
Uma noite para duas pessoas custa a partir de 85€.
*A MAGG ficou alojada a convite do Figueira By The Beautique Hotels