As temperaturas têm convidado a banhos (gelados) na praia, mas a pandemia faz-nos declinar a ideia. Não só porque ninguém gosta de ver um vermelho no semáforo — quer os da estrada, quer, principalmente, os da praia —, mas também porque piscinas cheias de gente não são o cenário ideal. E se lhe disséssemos que existem cascatas quase desertas por este Portugal fora?
Se ainda não tem planos, pode ser uma opção de férias para este ano e tanto dá para ir em família, como a dois, porque não há programa mais romântico do que nadar numa cascata de água límpida. Decidimos por isso traçar um roteiro por várias cascatas portuguesas e em cada uma delas sugerir um alojamento para poder usufruir da queda de água durante mais tempo.
Já tem as malas feitas?
1. Cascatas de Castro Laboreiro, Melgaço
Fica em Castro Laboreiro, Melgaço, distrito de Viana do Castelo, e aqui são as águas do rio Castro Laboreiro, como só podia ser, que caem. Os mais aventureiros, mas também mais entusiastas, podem ir até ao troço final deste rio para chegar à "grande" do rio Laboreiro que é considerada a cascata mais imponente de Castro Laboreiro, pelo menos de acordo com o jornal "Expresso", mas também é a de mais difícil acesso.
Se não é de arriscar, mais fácil é ir até à cascata de Poço Sero, Salto do Gato, ou mesmo às cascatas de Castro Laboreiro (as mais acessíveis). Depois de todas estas voltas, o descanso sugerimos descansar no Moinhos do Poço Verde. Este é um espaço único e de antigas tentações. Isto porque aqui funcionou em 1907 uma fábrica de chocolate, entretanto encerrada, e os dois moinhos foram transformados neste alojamento de turismo rural.
Apesar de por aqui já não se usar o cacau, em cru continua a natureza que adoça a experiência nos Moinhos do Poço Verde. Entre árvores e um riacho, pode fazer uma caminhada, que se for longa o suficiente, consegue chegar até Espanha, já que a fronteira fica apenas a oito quilómetros. Na volta, pode recuperar com uma comida de conforto preparada na kitchenette disponível nos estúdios e terminar o dia ao som da pequena queda de água mesmo ao lado do Moinho, enquanto lê um livro (ou tenta sem adormecer).
De 10 a 11 de agosto, por exemplo, o valor para duas pessoas começa nos 120€.
2. Cascatas do Rio Poio, Ribeira de Pena
Não precisa de aceder ao Priberam para ver em imagens a palavra "cristalino". É isso que vai encontrar na água que cai na Cascata do rio Poio, concelho de Ribeira de Pena, Vila Real. O auge do rio Poio, inserido no Parque Natural do Alvão, é a conhecida Cascata Cai d’Alto, cuja queda de água tem cerca de 60 metros. Contudo, nem todos aqui chegam caso comecem a percorrer o rio desde a nascente, em Alvadia, mas não é por isso que não veem outras cascatas e lagoas incríveis.
Percorrer este trilho não vai ser tarefa de poucas horas, por isso, para descansar, sugerimos o Casas de Campo —Bosque da Harmonia. Fica a alguns quilómetros do início do rio Poio, mas se é tranquilidade que procura, nos dias em que não percorre as cascatas e lagos do rio, pode percorrer a piscina larga em braçadas, a vista para a montanha e para o jardim com os olhos e ainda o corpo pela cama típica de alojamento, com todas aquelas almofadas grandes.
Depois do salto inaugural sobre a cama e de uma boa noite de sono, o pequeno-almoço é servido na manhã seguinte e inclui todos os essenciais: fruta, pão de cereais, croissant, queijo fresco, fiambre, mel, marmelada, ovos, bacon, café e até pasteis de nata. Bem, talvez um pouco mais do que o essencial, mas em férias, vale tudo. Devido à COVID-19 não é servido em modo buffet, mas pedido à carta.
Uma noite para duas pessoas, de 10 a 11 de agosto, por exemplo, tem um custo a partir de 95€.
3. Cascata da Fraga da Pena, Arganil
A Cascata da Fraga da Pena, nas proximidades da aldeia de Pardieiros, Arganil, no distrito de Coimbra, é como um bem precioso, daqueles que queremos manter em segredo. A água da Barroca das Degrainhas não desce a grande altitude como acontece com outras cascatas, tem apenas cerca 20 metros, mas sem medida é a imponência deste lugar que tem todos os elementos da natureza em equilíbrio.
Primeiro, está a água da Cascata da Fraga da Pena, em segundo a terra protagonizada pela vegetação, o ar que passa entre os rochedos que envolvem a cascata e, bem, o fogo, que contribui para o equilíbrio ao manter-se longe desta beleza natural.
Para combinar com este espírito de natureza, só podíamos falar de um espaço de turismo rural com as mesmas características. O Campus Natura, em Arganil, junta a vista para a montanha e para o jardim às típicas paredes em xisto desta região na parte de fora. Já por dentro, o rústico transforma-se em moderno.
A casa do Campus Natura está dividida em três pisos, dois dos quais com uma kitchenette entre os dois quartos. O último piso tem mais um quarto e uma sala/cozinha com lareira, ambos com acesso ao terraço — equipado com uma churrasqueira e um forno a lenha (vai pôr em prática os dotes da pãodemia?).
A estadia para duas pessoas de 10 a 11 de agosto, por exemplo, custa a partir de 70€ por noite, com pequeno-almoço incluído.
4. Cascatas da Serra São Mamede, Portalegre
São talvez das mais conhecidas, pelo menos pelo nome, mas merecem sempre mais uma visita a esta zona do Alentejo. As cascatas estão inseridas no Parque Natural da Serra de São Mamede, Portalegre, e existem várias por aqui: a Cascata do Pego do Inferno (Cascata dos Mosteiros), Cascata da Ribeira de Arronches, a Cascata da Cabroeira (Cascata da Rabaça) e ainda a Cascata de São Julião (Cascata do Monte Sete).
Pelas contas já tem aqui quatro cascatas, o que equivale a pelo menos quatro dias de descoberta. Mas não tem de dividir o tempo apenas entre as cascatas. Pode alternar as águas que correm pelo Alentejo com a história do Castelo de Portalegre, da Cidade Romana de Ammaia ou ainda do Castelo de Marvão.
Todos eles ficam a poucos quilómetros de distância da Convento da Provença, um alojamento de turismo rural em Portalegre. Aqui não importam coisas sofisticadas como uma cama de massagens com vista mar, mas sim pormenores como o tomar pequeno-almoço ao mesmo tempo que aprecia as ruínas históricas do antigo convento ou ouvir o som da fauna e da flora a sossegar ao fim do dia — algo que nem com a música de ioga em casa consegue ter.
O Convento mantém vários traços da antiguidade, como as paredes em pedra e armaduras antigas, que se confunde com a piscina no exterior onde a paisagem rural se perde de vista. Uma noite para duas pessoas, de 10 a 11 de agosto, por exemplo, começa nos 110€, com pequeno-almoço incluído.
5. Cascata da Queda do Vigário, Alte
Chegámos ao sul do País para falar da Cascata da Queda do Vigário, em Alte, no concelho de Loulé, no Algarve, também conhecida apenas como Cascata de Alte. Mergulhar nesta cascata é como entrar num alguidar: ainda que a água não esteja tão quente como este, vai sentir que está a mergulhar num espaço profundo e resguardado, neste caso pela vegetação em volta que deixa apenas respirar a natureza.
O ditado que diz que "a dor é maior do que a queda" não se aplica à Cascata da Queda do Vigário. Podemos antes dizer que a beleza é bastante mais imponente do que a queda da queda de água da ribeira de Alte que desce a pique a 24 metros de altitude.
Embora tenha as águas da cascata da Queda do Vigário, se quiser dar um mergulho numa piscina logo ao acordar, pode fazê-lo no Alte Tradition Guest House, um alojamento rural que fica apenas a cerca de 550 metros a pé desta cascata. Nesta Guest House todos os quartos incluem uma casa de banho privativa, acesso ao terraço para uns minutos de vitamina D (é preciso recuperar depois de meses fechados em casa), e uns minutos de jacuzzi para relaxar o corpo. Pode ainda usufruir dos pacotes de SPA e bem-estar.
Uma noite para duas pessoas, de 10 a 11 de agosto, por exemplo, começa nos 110€, com pequeno-almoço incluído.