Ainda que o cenário quase paradisíaco das viagens protagonizadas pelos influenciadores digitais deixem qualquer maravilhado, é uma ideia feita achar que precisa de gastar muito dinheiro para viajar. Quem o diz é a Explorerssauru Raquel Janeiro, apoiando-se na sua própria experiência. Afinal, e antes de ter os 22 anos cumpridos, já tinha visitado 24 países, dentro e fora da Europa – como Nova Iorque, Toronto, Dubai, Moscovo. E com apenas dois mil euros no bolso.

"Não, não é preciso gastar muito dinheiro para viajar", reforça à MAGG. Como se de um autêntico filme romântico se tratasse, Raquel Janeiro e Miguel Mimosa, mais conhecidos como Explorerssaurus, apaixonaram-se e decidiram partir além-fronteiras rumo à descoberta do mundo. Em pleno 2021, quatro anos e mais de um milhão de seguidores depois, dedicam-se exclusivamente à criação de conteúdos – ainda que com outros projetos no forno – e juntos já viajaram por mais de 30 países.

Com um rápido scroll na conta do casal de viajantes, somos convidados a explorar (digitalmente, salvo seja) Bali, Paris, Itália, Turquia, entre tantos outros destinos cujas fotografias são, no mínimo, convidativas.

Explorerssaurus. Conheça o casal que tira as fotos de viagens mais incríveis do Instagram
Explorerssaurus. Conheça o casal que tira as fotos de viagens mais incríveis do Instagram
Ver artigo

Se dúvidas restassem de que os Explorerssaurus dominam as viagens low-cost, em 2020, o casal revelou que já conseguiu ficar três noites num hotel em Bali, com pequeno-almoço incluído, por quatro euros. Sim, leu bem.

"Na altura, toda a gente dizia: 'A Raquel vai de viagem com dez euros e volta com 20. Porque, realmente, era muito poupada", diz. Para que os outros possam seguir-lhe as pisadas, e ter a oportunidade de viajar sem gastar muito, não guarda segredo dos truques e dicas que usa.

Intercâmbio de casas pode ser a solução perfeita para economizar – e não só

“Usava plataformas como o CouchSurfing – que é uma espécie de rede social de intercâmbio de casas. Há diferentes modalidades: podes usar [a plataforma] para arranjares casas onde dormir ou só para conhecer alguém para te mostrar a cidade – o que é ótimo. Assim, mesmo se já tiveres estadia, tens um local a mostrar-te a cidade, é sempre melhor. Conheces sempre sítios para além dos turísticos ou conheces restaurantes locais e vale sempre a pena”, conta Raquel Janeiro.

Neste caso, embora o intercâmbio de casas pressuponha o contacto com desconhecidos, a jovem viajante garante que a questão da segurança não deve condicionar a decisão de mergulhar nesta experiência.

“Muita gente me pergunta se é seguro. É seguro, porque, no final da experiência, deixas sempre uma crítica. Por exemplo: ‘Foi espetacular, foram-me logo buscar ao aeroporto, fui sair com os amigos dela, fomos jantar a certo sítio’. Ao ler-se a crítica, percebe-se logo se a experiência vai ser boa ou má”, refere.

Refeições económicas com direito a “comidinha da avó” são possíveis e recomendam-se

Raquel descarta a ideia de que é preciso gastar muito dinheiro em refeições e garante que é possível viajar (e bem) sem o fazer. Mais uma vez, o CouchSurfing é uma das suas maiores dicas. “Poupa-se imenso dinheiro, primeiro, porque não tens de pagar estadia. Depois, quando dormes em casa de alguém, normalmente, oferecem-te sempre pelo menos o pequeno almoço”.

Com as pessoas certas e a empatia e simpatia necessárias, através do intercâmbio de casas, é possível poupar o valor do pequeno-almoço – e não só.

"No que toca ao resto das refeições, ou as pessoas por oferecer ou podes ir ao supermercado e cozinhar em casa também. Quando te oferecem comida caseira, acabas por conhecer a gastronomia local sem precisares de gastar dinheiro – e, às vezes, é ainda melhor. É mesmo comidinha da avó”, garante Raquel.

No entanto, para todos aqueles cuja ideia de ficar em casas alheias não é aliciante, mas querem economizar, a jovem conta a sua própria experiência. “Para poupar dinheiro, ao almoço, comia só uma sandes. Ao jantar, ou comia em casa das pessoas ou tentava encontrar opções ‘low budget’ para não gastar muito dinheiro”.

Socializar e conhecer pessoas é um dos segredos – e Raquel explica porquê

“Eu viajava sozinha, mas nunca estava sozinha”, garante Raquel. Para a jovem exploradora, conhecer novas pessoas, de diferentes países e diferentes culturas, não só é incrível como extremamente útil nesta arte de poupar dinheiro.

“Outra dica, é conhecer pessoas.” Quando viajava sozinha, ficava em casas de pessoas da plataforma e, quando estava em casa dos pais, Raquel também acolhia outros viajantes. “Hoje em dia, se eu e o Miguel quisermos ir a qualquer lado, só tenho de mandar uma mensagem e tenho logo onde ficar. É muito bom”, acrescenta.

Para combinar o melhor dos dois mundos (leia-se conhecer pessoas e ficar noutro tipos de estadia) – especialmente para quem optar por não utilizar o intercâmbio de casas – seja a partir da plataforma CouchSurfing ou de outras semelhantes – Raquel Janeiro desmistifica a estadia em hostéis.

“No Vietname, acho que foi o quarto em que já fiquei que tinha mais camas juntas, com 18 camas. Foi das melhores experiências, porque conheci e fiz amizades com pessoas de todo o mundo”, relembra a exploradora.

Para os Explorerssaurus, os alertas de voos são fundamentais

Se há coisa que não é constante é o preço dos voos.

Ora sobem drasticamente, ora surgem promoções dignas de um autêntico milagre. Para acompanhar esta montanha-russa de valores, os Explorerssaurus utilizam algo tão simples como notificações – ou, neste caso, alertas de voos.

"Recomendo muito utilizarem os alertas de voos – no Skyscanner e mesmo no Google. Podem colocar o país para onde querem muito ir e vão recebendo alertas em relação aos preços. Pode subir ou pode descer, mas assim conseguem sempre acompanhar".

O planeamento pode ser útil – mas nem sempre é a melhor opção

Cada caso é um caso e, embora a questão do planeamento de uma viagem seja fundamental na maioria das vezes, nem sempre é a melhor opção. Pode ser crucial em certos aspetos, mas limitador em outros tantos – essencialmente, na questão da liberdade.

“Quando tinha 18 anos, no primeiro ano de faculdade, fiz a minha primeira grande viagem sozinha – fiquei seis semanas, de mochila às costas, pela Ásia. E, aí, como era uma viagem longa, não levava nada planeado. Se gostar mais da Tailândia, fico mais tempo na Tailândia. Se não gostar do Kambodjas, saio do Kambojas mais cedo. Estava assim mais à vontade”, recorda Raquel.

“Como queria ter essa liberdade, já não usei o intercâmbio de casas, porque aí tinha de me comprometer com datas e não queria ter essa limitação. Então fiquei sempre em hostéis, com quartos partilhados – o que, mais uma vez, também é ótimo para se conhecer pessoas”, acrescenta.

Não há uma receita mágica para viajar de forma económica, mas os Explorerssaurus são a prova de que uma viagem não é necessariamente sinónimo de um "assalto à carteira".

Para mais truques e dicas do casal de viajantes, pode acompanhar a sua conta oficial de Instagram ou, ainda, consultar o livro "As Aventuras, Dicas e Segredos dos Viajantes mais Famosos" (P.VP 18,90€), lançado pelos Explorerssaurus, em 2020.