Já é praxe: quando chega o inverno, a Serra da Estrela é sempre notícia pela primeira neve que cai e pinta a região de branco. Mas no verão as cores da serra podem ser igualmente tentadoras, quer as das praias fluviais, quer as do novo hotel na Covilhã, repleto de madeiras nobres e tons a puxar pelos verdes da natureza do Parque Natural da Serra da Estrela.
O parque tem uma grande extensão e nele cabe uma enorme diversidade de espécies de fauna e flora. Desta fazem parte as ovelhas bordaleiras, que são a figura principal de um novo espaço situado na Torre da Serra da Estrela.
Além da natureza, aquela que é uma das serras mais famosas do País está repleta de arte no Festival de Artes, a decorrer até outubro, e de gastronomia típica com um toque fora da caixa do Puro.
Para provar o menu de degustação prestes a estrear, o melhor é ter na agenda também um roteiro de miradouros para seguidamente fazer a digestão.
Perca-se connosco numa Serra da Estrela com calor e águas fluviais para mergulhar.
Pena D'Água Boutique Hotel & Villas
Para visitar a Serra da Estrela ao pormenor e não falhar nenhum dos destinos e eventos que vamos sugerir de seguida, é essencial ter um sítio para ficar. O Pena D'Água Boutique Hotel & Villas, na Covilhã, às portas da Serra da Estrela, abriu no final de dezembro de 2020 e com pandemia pelo meio e confinamentos a que fomos obrigados, o boutique hotel de quatro estrelas ainda não teve tempo de mostrar o seu esplendor a todos os portugueses.
O hotel com dezenas de quartos e algumas suites — entre elas uma familiar ideal para acolher dois adultos e duas crianças — tem uma decoração rica, tetos altos e madeiras nobres, tudo a contribuir para um "equilíbrio hospitaleiro, natural da montanha", como refere a unidade no site.
Fora do quarto, a descoberta da região não acaba e pode seguir para os sabores da Beira Interior misturados com os do mundo no restaurante Açafrão, localizado no Edifício Arte Nova do Pena D’Água Boutique Hotel & Villas, ou para os tratamentos de montanha do spa, como o reequilíbrio de montanha para aliviar o stresse através de essências de limão, hortelã-pimenta e orégãos (30 minutos por 40€).
Já no exterior do boutique hotel poderá fazer um passeio de bicicleta, uma tour cultural, uma prova de vinho ou seguir uma das rotas que o levam até ao centro da serra, como é o caso da que vai ao Covão dos Conchos, um lago no meio da serra com uma cova ao centro para onde cai e desaparece a água.
Uma noite para duas pessoas custa desde 114€.
Parar é perder tempo, e na serra há muito para ver e fazer
Tal como o Covão dos Conchos, o miradouro Varanda dos Carqueijais é local de paragem obrigatória para quem visita a Serra da Estrela. Seja em que altura do ano for. No verão pode ser mais vantajoso porque o tempo permitirá com mais certeza ver a paisagem para a superfície plana da Cova da Beira, assim como para a cidade da Covilhã, que se prolonga até à base da serra, onde começa a elevação da Serra da Estrela.
Além deste, marque no roteiro das férias uma visita ao miradouro dos Piornos, com uma altitude aproximada de 1.630 metros. É lá no alto que consegue avistar antigos glaciares, a Nave de Santo António e o planalto ocidental.
Depois de ver a paisagem e reconhecer os pontos que envolvem a Serra da Estrela, é altura de os sentir. Se no inverno a estâncias de esqui são concorridas, no verão ganham as empresas ligadas às atividades aquáticas, como a Let’s SUP.
É uma escola de Stand-Up Paddle (SUP) na qual pode reservar uma aula ou fazer um batismo da modalidade em locais únicos da Serra da Estrela: Lagoa Comprida, Vale do Rossim e Caldeirão. Para reservar basta ligar (963420485) ou ir ao site.
Depois disto, e sendo que é possível que com o SUP visite a praia fluvial do Vale do Rossim, se quiser continuar a conhecer as praias de rio da Serra da Estrela, siga então para as mais belas: a praia fluvial de Loriga, no Parque Natural da Serra da Estrela, a do Poço da Corga, a alguns minutos de Castanheira de Pera, e a praia fluvial das Fragas de São Simão, no concelho de Figueiró dos Vinhos.
A ovelha bordaleira junta-se ao queijo Serra da Estrela
Está prestes a chegar ao ponto mais alto da Serra da Estrela, a Torre, onde existe um novo espaço dedicado aos produtos da ovelha bordaleira. Será como que uma homenagem aos pastores que retiram das ovelhas Bordaleiras a famosa lã e o leite que caracterizam a identidade da região.
Vai poder conhecer o novo espaço, iniciativa do grupo O Valor do Tempo, a partir de 26 de junho, assim como os dois conceitos em que assenta: a sustentabilidade da atividade pastorícia e a economia circular. O resultado estará à vista e à venda na forma de almofadas feitas de 100% de Lã Bordaleira, que aproveita a lã das ovelhas que não é escoada por falta de valor económico.
Quanto ao leite, é fácil perceber como o encontrar: em forma de queijo Serra da Estrela DOP, na versão original ou dentro de um pastel de bacalhau com queijo DOP.
O exterior do novo espaço é inspirado nos bardos e nas cercas que normalmente acolhem as ovelhas no campo, e o interior é não só uma mostra gastronómica, como da arte do trabalho dos pastores, que se tem vindo a perder ao longo do tempo.
Comer o que é Puro, com um twist
Quando visitar o novo espaço da ovelha bordaleira, pode até encher a barriga da pastéis de bacalhau com queijo Serra da Estrela, mas isso é apenas a entrada do que caracteriza a gastronomia da região. Há vários restaurantes típicos, mas encontrámos no centro da Serra da Estrela um que junta o que é de antigamente com os tempos modernos.
Chama-se Puro, do chef Edmilson Andrade, que apresenta uma carta de cozinha serrana inovadora. Em que é que isto se traduz? Num creme de castanha e torricado de presunto que fazia parte do menu de degustação de inverno, atualmente suspenso para dar lugar ao menu de degustação do verão — que será lançado no início de julho.
Até lá, pode pedir à carta pratos como bacalhau meia cura confitado, com puré de grão e broa (16€), costelinhas de porco marinadas em pimentão fumado e mel, com especiarias e cozinhadas 21 horas (15€) ou um outro prato bem original: risoto de francesinha, feito com arroz arborio, salsicha, linguiça, queijo parmesão, manteiga, molho de francesinha e ovo estrelado (13,5€).
O Puro também tem um bar para beber cocktails com vista para a serra.
Festival de Artes
75 espetáculos, 15 novos projetos e 15 municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE). Nem é preciso fazer contas para perceber que o Festival das Artes é coisa com grande dimensão que vai impactar a Serra da Estrela entre junho e outubro.
São quatro meses marcados, como indica o nome, por muita arte, inclusivamente espetáculos de teatro, música, novo circo, dança contemporânea e performances multimédia, que vão ocupar espaços inusitados da região e vêm mesmo a tempo do que nos traz aqui: o verão.
“Nos últimos anos, as Beiras e Serra da Estela tem-se se afirmado como um destino de excelência também no verão. As praias fluviais, os espaços de natureza, os trilhos e miradouros do nosso território são únicos e imperdíveis e têm conquistado cada vez mais pessoas. Estas iniciativas culturais itinerantes vêm, assim, trazer ainda mais vida e emoção ao destino. Este ano, uma paragem nas Beiras e Serra da Estrela é mesmo obrigatório”, refere a CIM-BSE em comunicado.
Entre a agenda extensa, encontra-se o espetáculo “Os Sons da Estrela” que conta a história de Rosa, uma menina criança, que desde sempre fora fascinada pela paisagem da sua aldeia, que passará desde Gouveia a Manteigas; a peça "Serra da Estrela - A Lenda", cuja última paragem será a 13 de agosto em Celorico da Beira; e a peça “Melhores Dias Virão” que termina no Fundão a 24 de julho.