Nils Schwentkowsi, natural de Berlim, veio a Portugal pela primeira vez em 2010. "A partir daí, já perdi a conta às viagens de ida e volta", admite à MAGG, ainda que, há três anos, Lisboa seja já morada fixa.
Em 2015, Nils e a mulher, Steffi Hunstock, decidiram desistir do trabalho numa empresa de recursos humanos para viajar pelo mundo, viagem essa que, claro, passou pelo já tão amado Portugal. Quando a primeira filha do casal nasceu, acharam por bem que crescesse junto ao mar e é por isso que têm dividido os últimos anos entre Lisboa e a Ericeira.
A vontade de ficar é tão grande que começaram imediatamente a pensar numa forma rentável de mudarem definitivamente de país. "Ainda pensámos em algo ligado ao turismo, mas não queríamos ser mais um dos Bed & Breakfast que nasceu por mão de estrangeiros", conta. Pensaram, pesquisaram, voltaram a pensar e perceberam que faltava no mercado português um produto com o qual se tinham habituado a crescer na Alemanha.
"Sempre que queria beber um refrigerante só encontrava Coca-Cola, Pepsi e Sumol, todos eles com um sabor demasiado artificial", descreve. Faltava-lhe os refrigerantes feitos com ingredientes naturais, que já eram tendência na Alemanha há alguns anos.
Ao casal juntou-se um outro alemão, Hendrik Raufmann, que conheceram na Ericeira. "O mais curioso é que descobrimos que, em Berlim, vivíamos a 200 metros um do outro e acabamos por nos conhecer aqui", conta Nils.
Já em trio — Nills, Steffi e Hendrik — desenvolveram uma marca, a Why Not Soda, e uma primeira receita feita à base de limão e chá mate.
Com a consciência de que há uma cada vez maior preocupação em saber mais sobre a composição dos alimentos e também das bebidas, decidiram apostar na produção de um refrigerante feito à base de produtos naturais e, de facto, na lista de ingredientes não existem E's intermináveis nem nomes complicados. Há água, açúcar, sumo de limão, folhas de mate que, atenção, têm cafeína, o que dá ainda outra dinâmica a bebida.
Para que não sejam usados químicos na conservação, recorrem à técnica de pasteurização, na qual aquecem a garrafa a mais de 70 graus durante vinte minutos. "Mata todas as bactérias e permitem que o refrigerante tenha um prazo de validade longo", explica.
Com este produto foram considerados o “melhor projeto não-tech 2018” num programa de empreendedorismo da Startup Lisboa ligado à restauração. Com os 10 mil euros de prémio investiram numa maior produção e estão já disponíveis em mais de 80 cafés e restaurantes de Lisboa, Porto e Algarve.
Ainda este ano, vai estar disponível um novo sabor — "com o qual os portugueses estão mais familiarizados", promete Nils — e têm intenção de levar o produto para venda no estrangeiro. "Portugal é só o início", garante.