A consciência da importância da atividade física aumentou. Sabemos hoje, numa altura em que somos mais sedentários do que nunca, que sermos ativos é fundamental. De acordo com as Orientações da União Europeia para a Atividade Física, a prática regular de exercício é determinante para uma boa saúde. Ajuda na redução do risco de doença cardiovascular, na prevenção de hipertensão arterial, contribui para o bom funcionamento pulmonar, para a diminuição do risco de alguns tipos de cancro, para a manutenção das funções motoras ou para a resistência dos músculos. Os movimentos do corpo aumentam a longevidade e fazem viver mais tempo. Mas quanto tempo devemos dedicar à atividade física?
As recomendações da Organização Mundial de Saúde são as mesmas desde 2008 e foram construídas de acordo com os estudos feitos até então. Aconselham um mínimo de 60 minutos diários de atividade física moderada para crianças e jovens e de 30 minutos diários para adultos, incluindo idosos, pelo menos, cinco vezes por semana. Estes tempos podem ser feitos de forma contínua ou repartidos em sessões de, no mínimo, dez minutos. De outra forma, com tempos mais curtos, não se desenvolve a resistência atlética.
Falar de longevidade e de resistência atlética é, no entanto, diferente. Será que as recomendações têm de ser as mesmas quando o objetivo é garantir uma saúde forte, que permita viver o máximo tempo possível? De acordo com um novo estudo, publicado no Journal of the American Heart Association, toda a atividade física realizada num dia — e isto inclui andar, subir escadas ou correr para apanhar o metro — conta.
A ideia do estudo surgiu, segundo o jornal “The New York Times”, quando vários cientistas se reuniram para planear a atualização das recomendações de 2008. Analisaram os mais recentes estudos sobre sessões de exercício físico e sobre quanto deveria ser a duração de cada uma para que a saúde recebesse os respetivos benefícios.
Ao descobrirem que existiam poucas investigações recentes, “relevantes” e de “grande escala”, decidiram que teriam de fazer um novo grande estudo, que começou por analisar dados “credíveis” e “objetivos” sobre os hábitos de atividade física de 4840 homens e mulheres americanos, disponibilizados pelo National Health and Nutrition Examination Survey.
Os seleccionados tinham mais de 40 anos e estavam a utilizar, desde 2002, rastreadores de atividade física. Os investigadores analisaram três dados principais:
1. Quantos minutos por dia, no total, cada pessoa dedicava à atividade física moderada (caminhadas breves, por exemplo) ou vigorosa (treinos de fitness ou jogging, por exemplo).
2. A duração dos tempos de atividade. Se durasse mais de cinco minutos era considerada uma sessão de exercício. Se fosse mais curta (atravessar o corredor ou subir ou descer escadas, por exemplo) era considerado exercício esporádico.
3. Analisaram os dados de mortalidade para determinar se e quando é que, até 2011, os participantes morreram.
O que é que concluíram?
Os investigadores descobriram que os homens e mulheres com menor atividade física — com um índice de atividade moderada com menos de 20 minutos — corriam riscos mais elevados de morte prematura. Já aqueles que se mexiam com frequência, sobretudo os que conseguiam ter um índice de atividade superior a uma hora diária, diminuíam por metade o risco de mortalidade. Esta é a parte menos surpreendente (o que não significa que não seja importante saber).
A maior descoberta do estudo foi outra. As pessoas que caminhavam continuamente durante cinco minutos ou mais diminuíam o risco de morte prematura. Mas aquelas que andavam esporadicamente, em sessões mais curtas de atividade, também. Ou seja, não importa como acumulamos os tempos de atividade. Mais do que o tempo das sessões, importa é que o corpo se mexa. Williams Kraus, professor da Duke University, diz ao The New York Times que “a mensagem é que todo o exercício conta”.
Se não tem tempo para dedicar-se ao exercício físico ou para fazer uma caminhada, lembre-se: todas as pequenas acções do dia-a-dia contam para uma saúde mais forte. Use mais as pernas, menos o carro. Saia na estação de metro anterior e caminhe. Prefira as escadas ao elevador. Estacione longe para andar até à porta de casa. Todos estes passos entram na equação.