No sábado, dia 18 de fevereiro coroou-se o novo MasterChef Portugal. O primeiro lugar foi atribuído a Sahima Hajat, uma mulher moçambicana com origens indianas de 33 anos que está em Portugal há apenas treze.
Sahima nasceu em Moçambique e é filha de pais moçambicanos, cresceu lado a lado com a cultura indiana uma vez que era a nacionalidade dos seus avós paternos. Casou-se em 2010 e como o seu marido vivia em Portugal, mudou-se para cá. Tem três filhos e um deles foi o responsável pela sua inscrição no "MasterChef Portugal", talent show culinário transmitido na RTP1.
“O meu filho viu uma publicidade do 'MasterChef' na televisão e disse-me «mãe, acho que te devias inscrever, tenho a certeza que vais ganhar» e aquilo ficou na minha cabeça. Eu também já estava à procura de alguma coisa para fazer porque nunca trabalhei, sempre fui dona de casa e pensei ‘olha como gosto muito de cozinhar, pode ser que algum chef me veja na televisão e goste de mim, deixa experimentar, não custa nada’", explicou Sahima.
Decidiu então que se ia mesmo inscrever, foi chamada para o casting e desde logo apresentou as suas condições para participar no programa: a carne devia ser halal (carne considerada legal para os muçulmanos), não podia tocar em porco nem em bebidas alcoólicas. “Foi bem aceite e fiquei super feliz. Houve muito respeito por parte do MasterChef”.
Ainda que a sua cozinha tivesse sido suficiente para impressionar os chefs, Sahima explica que entrou para aprimorar os seus dotes culinários. "Nunca imaginei ser a vencedora, entrei mesmo para aprender, a cozinha portuguesa principalmente. A minha cozinha é por instinto. É o que apetece no momento, não sigo receitas nem nada, é mesmo vou provando e vendo o que combina com aquele prato e vou fazendo misturas", explicou.
A vitória era um sonho para Sahima. “Não estava nada à espera de ser a vencedora do programa. Principalmente por todas as minhas diferenças e [ter ganhado] é a prova de que o MasterChef é mesmo um programa verdadeiro”. “Às vezes pensamos que é tudo um jogo, que já está escolhido, mas não. Principalmente quando entramos, vimos a Rita, o João, super novinhos e focados eu disse ‘pronto, os vencedores são eles, nós somos peças a mais’, mas não. É mesmo real, tudo o que acontece", acrescentou.
Foi no meio de tachos e panelas onde se cozinhava um pouco de tudo, desde pratos de origem moçambicana e indiana até pratos portugueses, que Sahima deu os primeiros passos na cozinha. Aprendeu a cozinhar no seio familiar. A mãe cozinhava para fora para sustentar a família e foi talvez a exigência da avó materna que a fez aprimorar a culinária. "Ela [avó materna] era super exigente. Eu tinha 13 anos, ela tinha um cozinheiro mas gostava que eu cozinhasse para ela e apesar de faltar sempre alguma coisa fui aprendendo assim, com as exigências dela", explicou.
No último episódio do programa, os quatro aspirantes a chef, Rita, Leonel, Ana e Sahima defrontaram-se numa prova com uma caixa mistério para apurar quem iria ao duelo final. Tiveram de replicar o prato de Hans Neuner, mas com um obstáculo: não tinham a ficha técnica. Experimentaram o prato do chef e tiveram de cozinhar em espelho com ele para que o prato ficasse o mais semelhante possível ao original. Sahima foi a vencedora da primeira prova e passou para a meia final, que viria a disputar com Ana. “Eu tinha quase a certeza que a Ana [com quem disputou a final] seria a vencedora por ser uma mulher tipicamente portuguesa”, confessou Sahima.
O duelo final consistiu na elaboração de três pratos em 210 minutos (70 para cada). Sahima confecionou um menu inspirado nas suas origens: para entrada, bolinho vegetariano com gema a baixa temperatura, daal e molho de tamarindo. O prato principal foi korma de carabineiro e a sobremesa halwa de cenoura com mousse de cardamomo. Foi esta combinação e todo o seu percurso exemplar ao longo do programa que a fez vencer a sexta edição de "MasterChef Portugal", que teve Pedro Pena Bastos, Noélia Jerónimo e Ricardo Costa como jurados.