Numa altura em que a pandemia da COVID-19 obrigou a que todas as escolas e universidades recorressem ao ensino à distância, há também quem se aproveite dessa circunstância. Há alunos das universidades a pagarem altas quantias a professores e explicadores para que estes lhes façam os exames.
Em causa está a facilidade com que os exames à distância — através de plataformas online — permitem copiar, ter já respostas preparadas para o exame, ou até pedir a alguém que o faça no seu lugar. Esta prática está a ser denunciada por vários centros de explicação, que receberam propostas para fazerem exames e que acabam por se sentir lesados, segundo apurou o "Diário de Notícias".
"Muitas faculdades estão a fazer os exames online e não custa nada ter alguém ao lado que diga para fazer de uma determinada maneira. Temos um professor que tem recebido uma quantidade de propostas inacreditável", conta Maxime Ventura, dono de um centro de explicações no Porto, ao mesmo jornal.
Este fenómeno, considerado já de grande escala, tem por base não só os alunos, mas também os pais que se mostram aflitos à frente destes professores. Muitos dizem pagar aquilo que for preciso para que o professor faça o exame por eles. Cabe ao professor tomar a decisão.
"Sabemos que há aí muitos professores desempregados que não olham a meios para atingir este fim, principalmente durante a conjuntura socioeconómica que se começa a atravessar no país devido à pandemia", conta uma outra professora ao "Diário de Notícias".
Os professores que continuam a cumprir o seu dever e a agir de forma ética, recusando as propostas, encontram-se agora numa situação frágil. Maxime Ventura conta que, caso não surjam novos alunos para o seu centro de estudos, terá de fechar portas já em outubro. Mas aproveita para levantar outra questão: até que ponto se deve colocar um diploma de licenciatura em jogo?
"Estamos a falar de pessoas que vão sair com um diploma exatamente igual ao de muitos bons profissionais e que não sabem o que estão a fazer. Temos de perceber que estamos aqui para ajudar a formar alguém", afirmou o dono do centro de estudos.
Para já, ainda não é possível fazer frente a estas práticas. Cabe a cada professor aceitar ou recusar as propostas que lhes fazem, mas é preciso ter em consideração que os alunos universitários vão terminar os seus cursos sem serem eles próprios a fazerem os exames das cadeiras.