Depois dos excertos, eis a entrevista completa. Amber Heard concedeu, no passado dia 9 de junho, a primeira entrevista após o veredicto da luta judicial que a opôs a Johnny Depp, mas só esta sexta-feira, 17, a conversa com Savannah Guthrie, para o programa "Today", na NBC, foi revelada na íntegra.
Ninguém saiu impune do julgamento que se arrastou durante mais de 100 horas e 23 dias de audiências, no entanto Amber Heard foi sentenciada a pagar ao ex-marido 10,35 milhões de dólares (cerca de 9,7 milhões de euros) por "danos compensatórios" e "danos punitivos". Depp foi apenas sujeito a indemnizar a atriz e ex-mulher no valor de 2 milhões de dólares (1,9 milhões de euros).
Ainda assim, e apesar de admitir, durante a entrevista, que vive "aterrorizada" pela hipótese de voltar a ser processada pelo ex-Pirata das Caraíbas, a atriz de 36 anos garante que mantém "cada palavra" do seu testemunho "até ao dia da sua morte".
"É isto que um processo de difamação é suposto fazer: tirar-te a voz"
Visivelmente emocionada, Amber Heard compara as situações de abusos de que diz ter sido vítima às de outras mulheres, no sentido de explicar o motivo pelo qual nem toda a gente enfrenta o agressor. "Se já é tão complicado para mim, se é tão complicado acreditarem em mim, mesmo com várias provas e coisas que documentei, que a maioria das mulheres não o luxo de pensar sequer", começou por dizer.
Savannah Guthrie confrontou a atriz com o facto de Depp defender ter sido dito em tribunal que nunca uma mulher havia acusado Depp de qualquer tipo de violência, no entanto Heard garante que as ex-namoradas do ator podem ter ficado com demasiado medo de falar. "Veja o que aconteceu comigo quando decidi avançar".
"Não sou a vítima perfeita. Não sou uma santa"
Amber Heard garante que se há coisa que aprendeu durante o julgamento é que um testemunho "nunca será bom o suficiente". "Se há provas, é porque foi um esquema. Uma farsa. Se não tem, não aconteceu. Se existe um hematoma, é falso. Se não existe, é porque não te magoou. Se contas às pessoas, és histérica. Se não contas, não aconteceu", explicou.
"Não sou uma boa vítima, eu percebo. Não sou uma vítima agradável. Não sou uma vítima perfeita. Não sou uma santa. Não estou a pedir a ninguém que goste de mim", acrescentou, confessando que receia o impacto que o veredicto possa ter noutras vítimas.
Para Heard, a culpa foi das redes sociais e da "excelente representação" de Depp
Amber Heard acredita que o júri, composto por sete civis, foi influenciado pela "excelente representação" de Johnny Depp. Sendo que, segundo diz, a "representação injusta" que o julgamento teve nas redes sociais também terá influenciado o desfecho do caso.
"Eu não os culpo, eu entendo. Ele é uma figura amada e as pessoas acham que o conhecem. É um ator fantástico", disse. Segundo contou a Savannah Guthrie, o veredito, que considera "injusto", terá tido origem, também, em pagamentos, da parte de Depp, aos funcionários que testemunharam no julgamento.
"Três semanas e meia de testemunhos sobre o quanto sou uma pessoa inverosímil e como não se deve acreditar numa única palavra que saia da minha boca", disse. "Mesmo alguém que esteja certo de que eu mereço todo este ódio, mesmo quem ache que estou a mentir, não conseguia olhar-me nos olhos e dizer que considera que, nas redes sociais, houve uma representação justa", rematou.
Novas provas
Quanto às provas de maus tratos, a atriz que integrou o elenco do filme "Aquaman" admitiu que cedeu ao programa uma nova prova contra Johnny Depp, que terá sido desvalorizada pelo juiz do julgamento.
No caso, um dossier com apontamentos do seu terapeuta, a quem "estava a reportar o abuso", com notas que "começam em 2011", ano do início da relação entre Heard e Depp. A atriz garante que as notas do profissional de saúde esclarecem que o ator "lhe bateu, atirou-a contra uma parede e ameaçou matá-la" em 2012.
Ainda assim, a atriz de 36 anos garante que não condena o júri pela decisão tomada e avança que não é "vingativa" nem procura "vingança".
"Eu amo-o. Amei-o com todo o meu coração"
Neste sentido, Amber Heard tece ainda comentários sobre o que sente atualmente por Johnny Depp e garante que ainda o ama. "Sem dúvida que ainda o amo. Eu amo-o. Amei-o com todo o meu coração. Não tenho qualquer ressentimento ou má vontade em relação a ele", esclareceu.
"Sei que pode ser difícil entender isto ou pode ser muito fácil entender, para quem já amou alguém", completou.
A atriz admitiu que fez e disse coisas "horríveis" ao longo da relação, no entanto garante que está arrependida e que, neste momento, tem um único objetivo. "Sabes, Savannah, por mais ridículo que seja dizer isto em voz alta, o meu objetivo, a única coisa que eu quero neste momento é que as pessoas me vejam como um ser humano".
Representante legal de Johnny Depp já reagiu à entrevista
Na sequência da entrevista, um representante legal de Johnny Depp reagiu ao testemunho da atriz. "É lamentável que, enquanto Johnny quer seguir em frente com a sua vida, o réu [Amber Heard] e a sua equipa estejam a repetir e reimaginar assuntos que já foram decididos pelo tribunal e um veredicto que foi decidido por unanimidade e inequivocamente por um júri a favor de Johnny".
Numa declaração obtida pelo "The Hollywood Reporter", a equipa legal de Amber Heard também reagiu. "Se o Sr.Depp ou a sua equipa tiverem algum problema com isso, recomendamos que o próprio Johnny se sente com Savannah Guthrie durante uma hora e responda a todas as perguntas".
No entanto, até à data, não há qualquer confirmação de que Johnny Depp tenha intenções de dar uma entrevista a Savannah Guthrie sobre o caso.