"Vai matar o cara", ouvia-se repetidamente num dos vídeos que regista o incidente, que aconteceu ao final da tarde desta quarta-feira, 25 de maio, na cidade de Umbaúba, em Sergipe, no Brasil. Genivaldo Santos morreu por asfixia no porta-bagagens de um carro da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para onde terá sido empurrado por dois agentes, na sequência de uma Operação Stop.

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Este homem de 38 anos estaria a conduzir uma mota sem capacete, quando foi mandado parar por dois agentes da polícia. Parou, afastou-se da mota e levantou a camisa para mostrar que não estava armado, mas, de acordo com o "Correio da Manhã", começou a ser agredido depois de comunicar que teria comprimidos no bolso relativos a um tratamento psiquiátrico que estaria a realizar.

Vídeos feitos por moradores, e posteriormente partilhados nas redes sociais, mostram o homem ainda vivo a ser trancado no porta-bagagens da viatura. Nas imagens, vê-se que, depois de Genivaldo Santos ser atirado para dentro da viatura, os dois polícias tentam fechar a porta do carro em cima das pernas do homem, enquanto quem assiste tenta alertar para o estado da vítima.

"Agentes da @PRFBrasil acharam por bem improvisar uma câmara de gás e colocar um homem dentro da viatura durante uma abordagem em Umbaúba (SE). O homem, que tinha esquizofrenia, não resistiu à truculência e morreu", escreveu Anderson Costolli, jornalista residente em Brasília, na descrição de um dos vídeos que reproduz o incidente.

Ainda assim, alegadamente para tentar impedir a resistência de Genivaldo Santos, os polícias terão atirado bombas de gás para o interior do carro. Na versão da corporação de polícia, citada pelo jornal "Público", Santos estava a ser conduzido para a esquadra quando se sentiu mal e foi levado de imediato para o hospital, com o principal intuito de ser socorrido.

A PRF afirmou ainda que utilizou "instrumentos de menor potencial ofensivo" para deter o homem, alegando que este teria "resistido activamente" à abordagem. "Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para a sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba. Durante o deslocamento, o abordado sentiu-se mal e foi socorrido de imediato no Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito", lê-se.

Neste sentido, no boletim de ocorrência, obtido pela "Folha de S. Paulo", a PRF descarta qualquer ligação entre a morte de Genivaldo Santos e a abordagem policial. "Tem-se por ocorrida uma fatalidade, desvinculada da acção policial legítima", avança o documento.

No entanto, apesar de os agentes terem registado que o homem terá morrido na sequência de um "mal súbito", uma nota da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) garante que Genivaldo Santos chegou ao hospital já sem vida, por volta das 18h20 desta quarta-feira, 25, após uma asfixia mecânica provocada por um agente externo.

Até à data, sabe-se que a Polícia Civil de Sergipe já começou a recolher os depoimentos das testemunhas, incluindo de alguns familiares da vítima, que assistiram de perto ao incidente, avança o jornal "Público", acrescentando que também o Ministério Público Federal de Sergipe abriu um procedimento para acompanhar as investigações e deu 48 horas para as polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal cumprirem as solicitações feitas. ​