Já foram recolhidas todas as provas do atropelamento mortal do pequeno Gabriel, de 5 anos, a 28 de outubro, por volta das 18h40. O caso pode terminar com uma acusação de homicídio por negligência ao vereador do Desporto da Câmara Municipal de Gaia, o conhecido comentador desportivo Guilherme de Aguiar. Era ele que conduzia a viatura que colheu e arrastou a criança durante mais de 300 metros, causando a sua morte, revela o "Correio da Manhã" desta segunda-feira, 14 de novembro.
O atropelamento ocorreu numa passadeira na travessa José Mariani, em Gaia, mesmo em frente a uma mercearia. Gabriel estava a ajudar a avó, de 90 anos, a transportar algumas pequenas mercadorias para dentro da mercearia quando, ao atravessar a passadeira, foi colhido pela roda direita do Renault Megane conduzido por José Guilherme Aguiar. Estava a chover nesse instante e, de acordo com o que disse mais tarde às autoridades, o autarca achou que o salto que o carro deu quando passou por cima da criança era apenas uma lomba mais alta. Gabriel ficou enganchado no para-lamas frontal direito do carro e foi sendo arrastado, sem que Guilherme Aguiar se tivesse apercebido. Imediatamente nessa altura, o carro que seguia atrás começou a buzinar insistentemente para que o autarca parasse, mas ele continuou a marcha.
A avó de Gabriel ouviu as buzinadelas, mas não se apercebeu de nada. Deu então conta que o neto tinha desaparecido, mas não relacionou as duas coisas. O Renault Megane de Aguiar prosseguiu durante mais de 300 metros a arrastar o menino, até que um outro carro ultrapassou o do autarca e atravessou-se à sua frente, barrando-lhe o caminho e obrigando-o a parar. Foi nessa altura que Guilherme Aguiar se apercebeu de que estava a arrastar a criança, que já se encontrava sem vida.
A polícia foi ao local e recolheu os testemunhos de Guilherme Aguiar bem como dos dois condutores dos carros que seguiam atrás, o que buzinou e assistiu ao atropelamento bem como do que se atravessou em frente à viatura do autarca.
De acordo com a informação recolhida pelo Ministério Público, o autarca ficou altamente transtornado e esteve mesmo uma semana sem comparecer na câmara de Gaia. Guilherme Aguiar, que já voltou ao trabalho, deverá responder pela acusação de um crime de homicídio por negligência, que pode assumir a forma "grosseira". As testemunhas, bem como Guilherme Aguiar, serão ainda ouvidas pelo Ministério Público antes da conclusão da prova, que seguirá para um juiz de instrução, que decretará, ou não, o julgamento. Em caso de condenação, e por não ter antecedentes, o autarca deverá sair em liberdade condicional.