Sara Santos esteve mais de três horas à espera que o médico, acusado de homicídio por negligência e omissão, realizasse o parto que levou à morte da filha. A apresentadora de televisão garante que assim que entrou no Hospital de Setúbal, em 2018, realizou um CTG, que em 10 minutos revelou que o feto já estava em sofrimento. A intervenção médica demorou horas até ser realizada, mas um novo documento da Ordem dos Médicos revela que as enfermeiras estavam em desespero perante o resultado do exame.
"O relato é bem revelador do desespero da equipa de enfermeiras, perante os resultados cada vez mais preocupantes do CTG", revela um novo documento da Ordem dos Médicos, revela o "Correio da Manhã". Este novo dado foi divulgado este domingo, 23 de janeiro, e é referente ao processo disciplinar aplicado ao obstetra.
As novas revelações surgem na sequência da acusação, por parte do Ministério Público de Setúbal, ao médico de 74 anos pela morte da bebé da apresentadora, divulgada este sábado, 22 de janeiro. Sara Santos, que estava grávida de 30 semanas, garante que quer o médico atrás das grades, mas diz que isso "já devia ter acontecido há muito tempo".
Recorde-se de que o caso remonta a 6 de fevereiro de 2018 e o Ministério Público de Setúbal acusa o obstetra responsável pela cesariana de prolongar o sofrimento da bebé, resultando daí a sua morte, e considera que esta podia ter sido evitada se o parto ocorresse logo após o resultado dos exames.
Em entrevista à MAGG, Sara Santos relata o dia da morte da filha, desde que foi hospitalizada até ao momento em que soube, pelo marido, que a bebé não tinha sobrevivido.
"Senti logo que a minha filha tinha morrido, mas só soube pelo meu marido"
"Assim que entrei, fizeram-me a triagem e assim que me ligaram ao CTG, naqueles dez primeiros minutos, acusou logo um sofrimento fetal", explica.
"A lei é bem clara nisto: quando há sofrimento fetal e a mãe está com pré-eclampsia, a cesariana tem de ser realizada imediatamente", diz. "Este médico esperou mais de três horas, comigo com uma pré-eclampsia e com a minha filha a morrer lentamente dentro de mim, como se tivesse um saco de plástico na cabeça e fosse morrendo sufocada".
Sara Santos conta que o médico que realizou a cirurgia nunca lhe dirigiu qualquer palavra. "O médico fez a cesariana e nunca mais o vi na minha vida. Senti logo que a minha filha tinha morrido, mas só soube pelo meu marido".
A apresentadora explica que a morte da filha só foi comunicada no dia seguinte, através do, à data, diretor do serviço de obstetrícia do Hospital de Setúbal, "já com a autópsia da bebé na mão".
Agora, mostra-se satisfeita com a chegada do processo ao tribunal e pede a condenação do médico a uma pena prisão efetiva, como, diz, ter pedido "desde o início". Sara Santos está a aguardar uma reposta desde 2020, mas tem esperança de que a conclusão do processo chegue dentro de um ano, no máximo.
Em declarações à MAGG, a apresentadora conta que, pelo que sabe, o médico que acusa ainda está a exercer e foi recentemente condenado por um caso semelhante. Desta vez, pelo tribunal de Portimão. No entanto, terá pedido recurso em tribunal e está, neste momento, a aguardar o desfecho final.