Na atualização dos dados e situação da pandemia em Portugal desta quinta-feira, 30 de abril, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, revelou que Portugal tem um caso de uma criança com reação inflamatória rara. O quadro clínico é semelhante ao de outros casos já detetados no Reino Unido e em Espanha.
"Há uma situação que configura um quadro clínico pelo menos parecido ao que tem sido reportado, o que é absolutamente normal. Trata-se de uma situação semelhante. Não dispomos ainda de uma avaliação completa que permita aferir se se trata de um caso da doença inflamatória grave que afeta crianças", disse Graça Freitas.
Esta infeção rara e já detetada noutros países apresenta características da Síndrome do Choque Tóxico ou da Doença de Kawasaki, um distúrbio raro dos vasos sanguíneos.
A confirmação deste caso surge um dia depois de a diretora-geral da Saúde afirmar que ainda não tinha sido registado nenhum caso em Portugal, no entanto, num espaço de 24 horas foi então detetada "uma situação semelhante, que ainda carece de uma melhor caracterização para ver se é exatamente igual às outras", acrescentou.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) já está a investigar possíveis ligações entre a COVID-19 e uma doença inflamatória grave que afeta crianças, mas, por enquanto, revela que estão em causa casos "muito raros".
Sobre esta condição rara, a infeciologista Maria João Brito, responsável pela Unidade de Infecciologia do Hospital Dona Estefânia, a unidade de referência para a Covid-19 em idade pediátrica, disse na quarta-feira, 29, à Agência Lusa, citada pela "Sic Notícias" que "o Síndrome do Choque Tóxico é provocado por umas bactérias muito agressivas e a Doença de Kawasaki é uma doença que não se conhece a causa".
Quanto aos novos casos, a especialista refere que têm características de ambas as doenças referidas, mas destaca "uma percentagem importante com envolvimento abdominal". A juntar a esta diferença, à medida que aparecem novos casos de infeção, há também "formas raras da apresentação da doença", cita o canal.
Os sintomas, revelados por Maria João Britos, não passam despercebidos: começam com febre muito alta, muito difícil de baixar e "a criança fica com um ar muito doente".