Com as alterações climáticas e as mudanças no uso da terra, os fogos florestais estão-se a tornar mais frequentes e intensos, o que faz com que esteja previsto um aumento até 50% dos incêndios extremos até ao final do século.
O alerta é dado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que refere que até o Ártico, até agora praticamente imune, enfrenta um risco crescente de incêndios florestais. De acordo com o documento divulgado esta quarta-feira, 23 de fevereiro, a crise climática e a mudança no uso da terra resultarão num aumento global dos incêndios extremos de até 14% em 2030, 30% até ao final de 2050 e 50% até ao final do século.
"Os relâmpagos e o descuido humano sempre causaram incêndios descontrolados, mas as mudanças climáticas causadas pela atividade humana, as mudanças no uso da terra e a má gestão da terra e das florestas fazem com que os incêndios florestais encontrem com mais frequência as condições certas para serem destrutivos", refere o estudo citado pelo "Observador".
No relatório do PNUMA, pode ler-se ainda que "os incêndios florestais queimam por mais tempo e impõem mais calor nos lugares onde sempre ocorreram, mas também estão a aparecer em lugares inesperados, como turfeiras secas ou durante o degelo do permafrost". Além da destruição de biodiversidade, os fogos são também responsáveis por emitir enormes quantidades de gases poluentes para a atmosfera, facilitando o aumento das temperaturas, mais secas e mais incêndios.
"Os incêndios florestais devem ser colocados na mesma categoria da resposta humanitária global que os grandes terremotos e inundações", defende o estudo que frisa ainda que de 2002 a 2016, cerca de 423 milhões de hectares foram queimados a cada ano, uma área total equivalente à da União Europeia.
Seca em Portugal continua
Esta terça-feira, 22 de fevereiro, o clima continuou mais próximo da primavera do que do inverno, com várias regiões do País a ultrapassar os 20ºC.
Apesar de estarem previstos alguns aguaceiros a partir desta quinta-feira, 24, o documento divulgado pelo IPMA esta segunda-feira, 21, destaca a região sul e alguns locais dos distritos de Bragança e Castelo Branco, e aponta para 38,6% do território em seca extrema (11,5% no final de janeiro), 52,2% em seca severa (34,2% no final de janeiro) e 9,2% em seca moderada. Refere ainda que até ao final de fevereiro não se prevê a ocorrência de precipitação significativa em todo o território.
Relativamente à temperatura do ar, a tendência será "para valores superiores ao normal para todo o território, em especial para a região interior centro e sul". De acordo com o IPMA, "será muito provável a continuação da situação de seca meteorológica no final de fevereiro, com quase todo o território nas classes mais gravosas do índice PDSI", cita o jornal "Público".