A coinfeção de uma grávida não vacinada em Israel com influenza (vírus da gripe) e SARS-CoV-2 fez soar os alarmes sobre a "flurona", palavra que combina os dois vírus: definida a partir dos termos "flu" (gripe, em inglês) e "rona" (de coronavírus).

Israel detetou o seu primeiro caso de contágio simultâneo, confirmou este domingo, 2 de janeiro, o Ministério da Saúde israelita à agência de notícias EFE, noticia a CNN. A mulher recebeu alta em 30 de dezembro após ser tratada a sintomas ligeiros derivados dessa infeção dupla (gripe e covid-19), acrescentou o jornal Times of Israel.

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No entanto, a circulação em simultâneo revela-se preocupante e de alto risco para a população, especialmente para os cidadãos mais vulneráveis, alertaram especialistas, já que as duas doenças afetam o sistema respiratório superior.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), sintomas comuns entre as duas doenças incluem febre, tosse, dificuldade em respirar, cansaço, dor de garganta, nariz entupido, dores musculares ou, ainda, dores de cabeça. A perda do olfato e/ou paladar, sintomas geralmente associados à COVID-19, também pode ocorrer em ambos os casos, embora seja mais comum na infeção por SARS-CoV-2.

Mas, atenção, há diferenças.

No caso da gripe, a pessoa infetada tende a começar a apresentar sintomas entre 1 a 4 dias após a infeção, enquanto que, no que à infeção por COVID-19 diz respeito, estes sintomas podem aparecer entre 5 a 14 dias depois da infeção.

Uma outra diferença é que as pessoas infetadas com COVID-19  poderão ser contagiosas durante mais tempo do que se tivessem contraído o vírus da gripe – até cerca de 10 dias após a infeção (embora no caso da Ómicron esse período de transmissibilidade esteja ainda a ser revisto – já que Portugal baixou para 7 dias o período de isolamento e os EUA para cinco).  Ao contrário da maioria das pessoas com gripe, que deixa de ser contagiosa após os primeiros 7 dias de infeção.

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"Pode ser catastrófico para o sistema imunitário"

No entanto, apesar das diferenças, as duas doenças afetam o sistema respiratório superior e os especialistas avançam que a coinfeção  é preocupante e de alto risco para a população, especialmente para os cidadãos mais vulneráveis.

“É certamente possível apanhar a gripe e COVID-19 ao mesmo tempo, o que pode ser catastrófico para o sistema imunitário”, explica Adrian Burrowes, médico e professor de medicina familiar na Universidade da Florida Central, à CNN.

A infeção com apenas um dos vírus pode tornar mais suscetível o contágio com o outro, avança a mesma publicação. Sendo que, uma vez que o sistema imunitário se encontra mais enfraquecido, não terá tanta capacidade de enfrentar uma nova infeção.

O que esperar do novo "flurona"?

Ao mesmo órgão de comunicação, Jorge Rodriguez, médico de medicina interna explica que os sintomas das duas condições em conjunto também podem ser mais intensos. “A febre pode ser pior. A falta de ar pode ser pior. A perda do olfato e do paladar pode ser pior. E para além de tudo isso, pode durar mais tempo”, afirma.

O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) também já alertou para o facto de que a época da gripe deste inverno se pode revelar mais severa, uma vez que em 2020 foi registado um número abaixo do normal de casos de gripe.

Para os especialistas, a melhor arma na luta contra as duas doenças é a vacinação. O CDC recomenda a toma da vacina da gripe de forma anual, a todas as pessoas com mais de seis meses. Esclarecendo que a vacina contra a gripe pode ainda ser tomada em conjunto com a vacina da COVID-19, incluindo a dose de reforço.

A COVID-19 provocou 5.428.240 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse, divulgado na sexta-feira, 31 de dezembro, avança a CNN.

Em Portugal, o último boletim de vigilância epidemiológica da gripe do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) , divulgado em 30 de dezembro, indicou que Portugal apresenta uma atividade gripal com tendência crescente, com uma taxa de incidência de 19,9 casos por cada 100 mil habitantes.

Já no que à COVID-19 diz respeito, desde março de 2020, morreram cerca de 19 mil pessoas e foram contabilizados 1.434.570 casos de infeção.