Foi uma medição feita num hospital no norte do Gana que garantiu a Sulemana Abdul Samed, 29 anos, o título de homem mais alto do mundo, com uns impressionantes e únicos 2,89 metros. Só que as ferramentas de medição não eram propriamente corretas e o erro grosseiro acabou por mostrar que este valor estava muito, muito longe do real.
Sulemana, que tem a alcunha de Awuche, foi diagnosticado com gigantismo há sete anos, quando tinha 22. Todos os meses tem uma consulta médica para lidar com as complicações inerentes ao crescimento continuado. Numa desses consultas, foi medido por uma régua de medição e a enfermeira ficou chocada por ele ser “mais alto do que a balança” onde estava também a escala para medir a altura. Para o conseguirem medir, foi preciso reunir uma equipa de enfermeiras e auxiliares de saúde, que utilizaram uma vara como extensão. E pode ter estado aqui o problema. O resultado foi de 2,89 metros.
Mas um repórter da “BBC News”, Favour Nunoo, pouco crente na medição, foi à aldeia de Gambaga e levou uma fita métrica de 5 metros para medir Awuche. O seu plano era encostá-lo numa parede, marcar o topo da cabeça e determinar a altura com a fita. “Da forma que eles me medem, não posso dizer que está tudo perfeito”, disse Awuche que ficou feliz por finalmente descobrir a sua altura exata.
Quando encontraram uma parede alta o suficiente, Awuche descalçou os chinelos feitos especialmente para ele com borracha de pneu, e verificaram que a sua altura real é de 2,23 metros. Assim, o homem mais alto do mundo continua a ser Sultan Kösan, 40 anos, vive na Turquia e detém o atual recorde mundial do Guinness com 2,51 metros. “Ainda estou a crescer. Quem sabe, talvez um dia eu possa chegar a essa altura também”, disse Awuche, que cresce a cada três ou quatro meses.
O gigantismo trouxe outras complicações, como a coluna anormalmente curvada, síndrome de Marfan, que é um distúrbio genético que afeta os tecidos conjuntivos do corpo e deixa os membros anormalmente longos. Complicações mais graves resultam em defeitos cardíacos. Os médicos dizem que Awuche precisa de um procedimento cirúrgico no cérebro para interromper o crescimento, mas o seguro público de Gana não pode cobrir isso. Cada visita ao hospital já custa cerca de 47€.
Os problemas de saúde obrigaram Awuche a voltar para a sua aldeia natal há seis anos e desistir do sonho de se tornar num motorista. Atualmente, mora com o irmão e sobrevive com um negócio de venda de créditos para telemóveis.
Awuche é uma celebridade local. Pedem-lhe selfies, trocam piadas com ele e pedem abraços. A sua principal prioridade é juntar dinheiro para uma cirurgia plástica para lidar com um problema de pele numa perna, tornozelo e pé causado pelo crescimento excessivo. Awuche não fica desanimado com a situação e afirma: “Foi assim que Alá escolheu para mim, estou bem. Não tenho problemas com a maneira como ele me criou”.
Awuche começou a aperceber-se do aumento de altura aos 22 anos, quando acordou um dia e percebeu que a sua “língua tinha expandido na boca ao ponto de não conseguir respirar corretamente”. Dias depois percebeu que todas as partes do seu corpo começaram a crescer e percebeu que se estava a tornar gradualmente num gigante.