
O grupo Meta, dono do Facebook, Instagram ou WhatsApp, está a ser fortemente criticado depois de pais denunciarem que fotografias de raparigas em idade escolar, postadas por elas no Instagram, foram usadas sem consentimento para promover a nova plataforma Threads junto de adultos. Um homem de 37 anos relatou que posts com uniformes escolares — às vezes com nomes e rostos das menores visíveis — apareceram no seu feed com botões “Get Threads”, apesar de ele não ter interação anterior com conteúdos semelhantes. As imagens provêm de pais que, em muitos casos, desconheciam que definições de privacidade de Instagram permitiam que conteúdos fossem automaticamente divulgados no Threads.
A Meta já reagiu e defende que não violou as suas políticas: afirma que apenas usa fotografias publicamente partilhadas por adultos, que cumprem os seus padrões comunitários. A empresa assegura que há mecanismos para evitar recomendações de conteúdos de adolescentes ou conteúdos que violem diretrizes, e que os utilizadores podem controlar se os seus posts públicos aparecem como sugestões ou tornar privadas as suas contas.
Para pais e ativistas dos direitos da infância, no entanto, trata-se de exploração da imagem de menores, sexualização involuntária de fotografias inocentes, e quebra da confiança. Beeban Kidron, defensora dos direitos das crianças online, descreve o uso das imagens como um “novo mínimo” para a Meta, que estaria a privilegiar lucros sobre a segurança das crianças. Reguladores como o Ofcom foram instados a investigar se estas práticas violam as normas de proteção de menores recentemente implementadas no Reino Unido.
Este episódio levanta questões delicadas sobre consentimento digital, privacidade e responsabilidade de plataformas, especialmente quando se trata de menores cujas imagens, postadas num contexto familiar, acabam por ser reutilizadas de maneira comercial e dirigida a públicos adultos.