Na Suécia não se perdem anos a adiar decisões políticas: se é para fazer, implementa-se já. Foi isso que aconteceu com a decisão da ministra da Educação que tomou posse há menos de um ano e que decidiu dar um passo atrás no sistema educativo assente em manuais digitais e voltar a implementar a obrigatoriedade de usar livros em papel. Esta decisão foi tomada depois de a Suécia ter descido 11 pontos (passou de 555 em 2016 para 544, em 2021) nos resultados globais de Literacia em Leitura, onde o país nórdico ocupa agora a 7.ª posição a nível mundial. Mas para a ministra da Educação a explicação poderá estar no uso excessivo de aparelhos digitais no ensino, o que estará a distrair os alunos e a atrapalhar a concentração.
Esta decisão impacta todos os anos de ensino, desde o primeiro ciclo até à universidade e, de acordo com o que noticiou a SIC Notícias, que cita a agência "Associated Press", são muitos os professores suecos que começaram a pôr em prática esta decisão já no arranque escolar de 2023/24: menos tablets, mais livros em papel, mais tempo de leitura em silêncio e menos tempo a explorar a internet.
Lotta Edholm, a ministra da Educação sueca que está no cargo há 11 meses, e faz parte do governo de centro-direita, tomou esta medida após ter analisado as conclusões de um estudo feito por vários especialistas em Educação que revelou que a abordagem hiper-digitalizada da Educação, com mais tablets e menos livros em papel, poderá estar na base de um declínio nas competências básicas dos alunos, como a leitura. A ministra veio dizer que "os livros físicos são importantes para a aprendizagem dos alunos", revelou a SIC Notícias. Também o Instituto Karolinska, da Suécia, veio revelar recentemente que "há provas científicas claras de que as ferramentas digitais prejudicam, em vez de melhorarem, a aprendizagem dos alunos". "Acreditamos que o foco deve voltar a ser a aquisição de conhecimentos através de manuais impressos e da experiência dos professores, em vez de adquirir conhecimentos principalmente a partir de fontes digitais disponíveis gratuitamente que não foram verificadas quanto à sua exatidão".
Assim, e como uma das primeiras medidas, Lotta Edholm decidiu acabar com a aprendizagem digital para crianças com menos de 6 anos, que eram obrigados a usar dispositivos digitais, nomeadamente tablets, já nos jardins-de-infância.
Recorde-se que em Portugal está a fazer-se o caminho inverso, com uma progressiva substituição dos manuais em papel por livros digitais. Já neste ano letivo espera-se que mais cerca de 20 mil alunos, entre o 3.º e o 12.º ano, passem a usar manuais digitais em vez de papel, revela a SIC Notícias, que garante que o ministro da Educação de Portugal, João Costa, é um defensor do livro em papel.