Como forma de contestar contra a libertação do alegado abusador da filha de 15 anos durante o confinamento, a Associação Mulheres de Braga decidiu espalhar este domingo, 10 de maio, brinquedos, roupas de criança e outros objetos, na entrada principal do Tribunal de Braga. Só no início da madrugada desta segunda-feira, 11 de maio, é que a PSP identificou a autoria da ação de protesto, e acabou por retirar os objetos das escadarias, de acordo com o jornal "O MINHO".
A ação surge no seguimento do caso que chocou o país de um homem que terá violado a filha menor e foi apanhado pela mulher que estava a dormir e acordou com os gritos da filha mais nova. O homem, de 44 anos, acabou detido pela PJ a 3 de maio, mas o juiz de instrução criminal do Tribunal de Braga entendeu que não haveria necessidade determinar prisão preventiva e o indivíduo acabou por sair em liberdade.
Perante a medida, a revolta da população foi crescendo e deu origem a um protesto organizado pela da Associação Mulheres de Braga com uma grande carga simbólica. A iniciativa resultou de um apelo da Associação num grupo privado, que conta com cerca de 8 mil mulheres, que levaram centenas de objetivos para junto do tribunal, revela Emília Santos, presidente e uma das fundadoras da Associação Mulheres de Braga que levou a cabo o protesto ao jornal "O MINHO".
Emília revelou ainda que o objetivo é consciencializar juízes e toda a sociedade civil para um “machismo cultural” e esta foi a forma encontrada de “fazer barulho” sobre as agressões sexuais, mortes e agressões psicológicas e físicas que muitas mulheres são sujeitas — e que tantas vezes ficam impunes.
“É muito estranho que o juiz tenha deixado o agressor em liberdade com medidas de distanciamento e a proibição de contacto com a filha [ficou ainda com pulseira eletrónica], quando o mesmo terá sido apanhado em flagrante pela mãe da vítima durante uma agressão sexual”, diz a presidente ao mesmo jornal.
Quer a presidente, quer outros membros da Associação vão constituir-se continuar a acompanhar o processo durante esta semana não só para verificar a atuação da justiça, como para perceber qual o motivo da decisão do tribunal de libertar o homem em causa.