Já está em produção o novo filme "A Branca de Neve e as 7 Criaturas Mágicas", uma reinvenção da história original do século XIX escrita pelos irmãos Grimm e que permaneceu no imaginário de quase todas as crianças e adultos até aos dias de hoje. A nova produção da Disney altera quase totalmente a essência da história e transforma a princesa alemã original da história, que é despertada por um príncipe por quem se apaixona, numa mulher empoderada que sonha ser líder e que não precisa de homens na sua vida. A própria personagem passa a ser protagonizada por uma atriz de ascendência colombiana, Rachel Zegler, o que tem sido alvo de algumas críticas por, supostamente, ter clareado a pele com recurso a maquilhagem para ficar mais branca, tal como a personagem da história, algo que ela desmente. Mas talvez a principal alteração da história original tenha que ver com os anões, que deixam de ser anões (há apenas um) e que passam a ser chamados de "criaturas mágicas", com várias etnias, géneros e orientações sexuais. Tudo pela inclusão e combate aos estereótipos.
As primeiras imagens da produção do filme já foram divulgadas e é possível ver como serão as tais criaturas mágicas, com um anão, dois negros, uma mulher (ou não), uma personagem que parece representar o mundo LGBT e dois caucasianos, um com ar de pirata e outro que se assemelha a um artista.
As cenas foram captadas na região de Bedfordshire, no interior de Inglaterra, e divulgadas pelo "Daily Mail".
A produção já veio explicar as mudanças drásticas no rumo da história e das personagens como uma forma de "evitar reforçar estereótipos". Um dos grandes críticos desta nova abordagem foi o ator Peter Dinklage, mais conhecido pelo seu papel de anão em "A Guerra dos Tronos". Dinklage chamou a esta nova Branca de Neve "a história ao contrário". "Fiquei um pouco surpreendido quando eles [Disney] se orgulharam de ter escolhido uma atriz latina para o papel de Branca de Neve, mas continuam a contar a história de Branca de Neve e os Sete Anões", criticou em declarações para o podcast "WTF", de Mark Maron. "Não faz sentido para mim. Eles são progressistas de uma forma e continuam a fazer aquela história retrógrada sobre sete anões que vivem juntos numa caverna".
Uma das argumentistas do novo filme é Greta Gerwig, que também escreveu o recente filme "Barbie". Foi ela a principal responsável pela alteração da personalidade da Branca de Neve. A nova personagem não irá estar obcecada com o príncipe encantado e passará a ser uma mulher livre, empoderada, que sonha em ser líder, uma mulher mais forte e independente. Quem aplaude esta alteração é a atriz principal da história, Rachel Zegler, que defende que a história "precisava de ser refrescada". "A nossa versão é uma história refrescante sobre uma jovem mulher que tem uma função que vai além do 'um dia o meu príncipe virá para me salvar'".
A primeira adaptação da história criada pelos irmãos Grimm em 1812 foi feita em 1937 e mantém-se fiel à narrativa original: uma menina foge da sua madrasta má e, perdida num bosque, faz amizade com sete anões, que a ajudam a esconder-se. Ela acaba envenenada com uma maçã e é despertada de um sono eterno por um príncipe que a beija.
A Disney diz que é importante, agora, "adotar uma abordagem diferente" à história em nome do progressismo.