Um novo estudo conseguiu determinar que o risco de desenvolver cancro da mama pode aumentar devido à toma de qualquer contracetivo hormonal. De acordo com as novas descobertas, o risco de contrair cancro nas mulheres envolvidas no estudo que utilizaram este tipo de métodos durante pelo menos cinco anos, e nas que não utilizaram, variou de oito para 100 mil dos 16 aos 20 anos, e de 265 para 100 mil entre os 35 e os 39 anos.
Através de estudos anteriores, os cientistas já tinham conseguido perceber que a utilização combinada da pílula contracetiva, com estrogénio e progesterona, estava associada a um ligeiro aumento do risco de contrair cancro da mama, que diminuiria após paragem da toma.
Porém, agora os especialistas conseguiram concluir que os contracetivos hormonais, como a pílula, o implante, o injetável, e ainda o dispositivo intrauterino estão associados a um aumento de 20 a 30% de probabilidade de ter a doença.
De acordo com os resultados do estudo, a partir dos 16 anos, apenas cerca de 84 em cada 100 mil mulheres teria a probabilidade de contrair o cancro. Contudo, na faixa etária dos 16 aos 20 anos, se existir a utilização pelo menos durante cinco anos seguidos de um método contracetivo hormonal, o risco aumenta para 92 em cada 100 mil mulheres (mais oito do que inicialmente).
Já a partir dos 25 anos, o risco inicial seria de 505 por 100 mil mulheres, mas com a toma de métodos pelo menos durante cinco anos o risco aumenta para 566 por 100 mil, um aumento de 61 casos. Mas a partir dos 35 anos o cenário piora: para mulheres que não utilizem métodos, o risco é de 1.953 por cada 100 mil, já com a toma de contracetivos entre os 35 e os 39 anos durante um período de tempo de cinco anos, o risco aumenta para 2218 por 100 cada mil mulheres, um excesso de 265 por 100 mil, avançam as conclusões do estudo.
A toma de métodos apenas com progesterona têm, por isto, aumentado nos últimos anos, mas o risco associado à toma dos mesmos continua por estudar, avança a "Sky News".
Já de acordo com a "ITV", Gillian Reeves, professora de epidemiologia estatística e diretora da unidade de epidemiologia de cancro na Universidade de Oxford, acredita que não existe um motivo para "dizer que as mulheres têm necessariamente de alterar o que estão a fazer", e vai mais longe, afirmando que os contracetivos orais combinados (com estrogénio e progesterona) e os métodos contracetivos apenas com progesterona apresentam o mesmo risco "em termos de risco de cancro da mama", visto que "parecem ter um efeito muito semelhante a outros contracetivos", defende a especialista.
Assim, apesar das descobertas, os especialistas continuam a apontar os benefícios, que podem sobressair relativamente aos riscos proporcionados pelos métodos concepcionais, um vez que são capazes de oferecer uma proteção contra o cancro do endométrio ou dos ovários.
“Dado que o risco subjacente de uma pessoa desenvolver cancro da mama aumenta com o avanço da idade, o risco excessivo absoluto de cancro da mama associado a qualquer tipo de contracetivo oral será menor em mulheres que o usam em idades mais jovens. (...) Estes riscos excessivos devem, no entanto, ser vistos no contexto dos benefícios bem estabelecidos do uso de anticoncepcionais nos anos reprodutivos das mulheres", afirmou Kirstin Pirie, uma especialista da Oxford Population Health que também ajudou na condução do estudo.