Numa altura em vários países se preparam para aligeirar ou até mesmo levantar as restrições contra a COVID-19, cientistas britânicos alertam para a existência de uma nova variante do vírus muito mais perigosa e capaz de provocar um número muito maior de mortes e casos graves em comparação à Ómicron.

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"As pessoas pensam que houve uma evolução linear do vírus de Alpha para Beta, de Delta para Ómicron, mas ideia de que as variantes do vírus continuarão a ficar mais leves está errada. Uma nova variante pode ser ainda mais patogénica do que a variante Delta", esclarece o virologista Lawrence Young, da Universidade de Warwick, citado pelo jornal "The Guardian".

Em causa está o facto de as variantes não estarem necessariamente interligadas. "A variante Ómicron não veio da variante Delta. Veio de uma parte completamente diferente da árvore genealógica do vírus", explica. "E como não sabemos de que parte da árvore genealógica do vírus uma nova variante virá, não podemos saber o quão patogénica pode ser. Pode ser menos patogénica, mas pode, com a mesma facilidade, ser mais patogénica", confirma Mark Woolhouse, da Universidade de Edimburgo, ao mesmo jornal.

Os cientistas britânicos confirmam que "haverá mais variantes após a Ómicron" e explicam que, se forem mais transmissíveis, vão ser dominantes. Além disso, podem causar diferentes padrões de doença. Ou seja, podem ser mais letais ou ter mais consequências a longo prazo. Isto porque há sintomas transversais a todas as variantes, mas é impossível prever quais as repercussões de futuras ramificações do vírus.

Um teste negativo à SARS-CoV-2 nem sempre é sinónimo de um corpo são

Apesar de a variante Ómicron se ter revelado menos mortífera do que a Delta, ambas podem deixar consequências no organismo, mesmo depois do fim da infeção. A comunidade científica continua a estudar as mazelas que persistem após a contração da doença: os pulmões continuam a ser o órgão mais afetado, mas é o cansaço o estado que se prolonga por mais tempo.

Tremores, fraqueza no corpo, névoa cerebral e muitas perdas de memória são outras consequências provenientes daquilo a que a comunidade científica já chama de síndrome pós-covid ou covid de longa duração (long covid). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a condição pós-COVID-19 ocorre em indivíduos com histórico de infecção provável ou confirmada por SARS-CoV-2, geralmente três meses após o início, com sintomas que duram pelo menos dois meses e não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo.

Um estudo publicado na "eClinicalMedicine" revela que já foram identificados 203 sintomas associados à COVID-19 de longa duração e que envolvem 10 órgãos diferentes do corpo humano. Sendo que 56 dos 203 sintomas identificados persistiram por sete meses.

Atualmente, já se sabe que a perda de olfato está relacionada com alterações nas células de suporte olfativas e não a repercussões nos neurónios, como inicialmente se pensava, mas há mazelas que, até à data, continuam sem qualquer explicação científica.