Era uma declaração aguardada com expectativa em todo o mundo, particularmente nos países da Europa Ocidental, e o pior cenário confirmou-se. Vladimir Putin anunciou esta quarta-feira de manhã que admite iniciar uma guerra nuclear contra os países do ocidente e avisa: "Não estou a fazer bluff".

Vladimir Putin falou ao mundo precisamente às 7 da manhã. E fê-lo durante 15 minutos. Já era esperado que anunciasse uma mobilização da sociedade civil para a guerra na Ucrânia, não havia era certezas sobre se a declaração iria ser também uma ameaça ao Ocidente. E foi. Putin usou o discurso de que é o ocidente que tem feito "chantagem nuclear" à Rússia, referindo que têm existido "discursos de alguns dos mais altos representantes dos líderes da NATO sobre a possibilidade de utilização de armas nucleares de destruição maciça na Rússia”. “Para quem se permite fazer esse tipo de discursos sobre a Rússia, quero lembrar-vos que o nosso país também tem vários meios de destruição, e para componentes separados e mais modernos do que os que os países da NATO e quando a integridade nacional do nosso país é ameaçada, para proteger a Rússia e o nosso povo, iremos certamente usar todos os meios à nossa disposição". Putin acrescentou. "Não estou a fazer bluff".

Fotojornalista ucraniano “executado a sangue-frio” por russos. ONG procura responsáveis
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Apelidando os países da NATO como "mercenários do ocidente", acusando-os de "fornecem armamento às forças armadas ucranianas", o líder russo usou da narrativa de vitimização, dizendo que as ajudas militares à Ucrânia "aumentam a violência e o perigo para as populações ucranianas”. Para Vladimir Putin, o que a Rússia está a fazer é a "proteger a sua terra natal, a sua soberania e a sua integridade territorial" e a "assegurar a segurança do povo russo e das pessoas nos territórios libertados”.

Uma das medidas anunciadas por Putin é a de mobilizar parte da sociedade civil russa para a guerra, nomeadamente antigos combatentes que estão na reserva. A Rússia vai fazer escalar a guerra e, para isso, precisa de mais homens e mais armamento, que também terá um aumento na sua produção.  Entretanto, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, veio explicar que a “mobilização parcial” da sociedade civil será apenas para "os que já têm experiência militar”. Shoigu referiu mesmo um número: 300 mil militares na reserva serão chamados. O ministro da Defesa russo explicou que isto acontece por a Rússia não está apenas em guerra com a Ucrânia "mas com o Ocidente no seu conjunto”.

Para a embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Bridget A. Brink, a comunicação de Putin é apenas uma forma de querer exibir poder quando na verdade mostra “sinais de fraqueza", garantindo que está à vista de todos "o falhanço russo”. “Os Estados Unidos não vão reconhecer nunca a alegação da Rússia de suposta anexação de território ucraniano. Vamos continuar ao lado da Ucrânia durante o tempo que for preciso”.