Continua desaparecido o pequeno submarino Titan, com cinco pessoas a bordo, que domingo à noite submergiu no Oceano Atlântico, a 700 quilómetros da costa canadiana, para observar os destroços do Titanic. A embarcação tem oxigénio para os passageiros até aproximadamente às 12 horas desta quinta-feira, 22 de junho, mas embora exista ainda esperança de conseguir resgatar toda a gente com vida a janela de tempo começa a ficar cada vez mais apertada. Até porque ninguém sabe o que está a acontecer dentro da embarcação, onde situações de pânico podem mudar muita coisa.

Um dos maiores sinais de esperança foi detetado por um avião com uma sonda sonora que está a sobrevoar a baixa altitude a zona onde o Titan submergiu. O aparelho detetou sinais de pancadas com uma cadência de 3o minutos, que muito provavelmente estarão a ser usadas como um sinal por parte do tripulante do submarino, como forma de que existe vida a bordo, noticiou na madrugada desta quarta-feira, 21 de junho, a revista "Rolling Stone", que cita o departamento de segurança interna dos Estados Unidos.

Oficiais da Guarda Costeira norte-americana também confirmaram que os ruídos subaquáticos foram ouvidos por este avião e que as operações de resgate foram então deslocadas para este local, onde se concentram agora as buscas. Mas até às 7 horas da manhã desta quarta-feira os resultados ainda eram negativos. Ainda assim, continua a haver motivos "para ter esperança", conforme revelou Richard Garriot de Cayeux, presidente do The Explorers Club, citado pelo "Daily Mail". "Temos muito mais confiança. Há motivos para ter esperança, com base nos dados do terreno. Sabemos que foram detectados sinais prováveis de vida no local", disse.

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A bordo do Titan seguem o bilionário Hamish Harding, o explorador francês Paul-Henri Nargeolet, o diretor executivo da OceanGate, Stockton Rush, e Shahzada Dawood, 48 anos, membro do conselho de administração da instituição de caridade Prince's Trust, do Reino Unido, e o seu filho Sulaiman Dawood, 19 anos.

O avião com a sonda para captar ruídos subaquáticos é um P8 Poseidon. De acordo com o Departamento de Segurança Interna norte-americano, este aparelho "reportou um contacto numa posição próxima da área de socorro". "O P8 ouviu sons de pancadas na área a cada 30 minutos. Quatro horas mais tarde, foi acionada uma sonda adicional e continuaram a ouvir-se ruídos", revelaram as autoridades norte-americanas, confirmando que o ruído será propositado e causado pelo tripulante do Titan.

Recorde-se que o Titan submergiu na madrugada de segunda-feira, perto das 4 da manhã, e perdeu contacto com o barco mãe ainda na manhã de segunda-feira, 19 de junho, cerca de 8 horas depois de ter mergulhado. No entanto, o alerta de desaparecimento da embarcação foi apenas emitido às 17h40, para a guarda costeira dos Estados Unidos, mas só chegou à guarda-costeira do Canadá à noite, às 21h13 horas. Ou seja, o Titan terá estado várias horas incontactável, sem que fosse dado um alerta.

O milionário Hamish Harding vai a bordo do Titan
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O mais provável, de acordo com o contra-almirante norte-americano John Mauger, que está a ajudar a coordenar as buscas no local, é que o Titan tenha ficado preso nos destroços do Titanic, que são imensos, comparados com o tamanho do Titan. Ou seja, mesmo que outros submarinos cheguem ao local será muito difícil detetarem, com rapidez, onde está o pequeno submarino, do tamanho de um automóvel, mais ou menos. "Há muitos destroços, pelo que será difícil localizar o Titan. Neste momento, estamos concentrados em tentar localizá-lo", disse John Mauger. O contra-almirante da Marinha Real Chris Parry, citado pelo "Daily Mail", explicou que o fundo do Atlântico é comparável a "estar no espaço". "É totalmente escuro lá em baixo, e também há muita lama e outras coisas a serem arrastadas. Só se consegue ver cerca de 6 metros à nossa frente com holofotes. As correntes oceânicas são muito fortes e estão a empurrar-nos", disse.

Perigos dos tripulantes

Não se sabe ao certo em que condições está o Titan. Caso o submarino tenha perdido a capacidade elétrica, os passageiros estão na total escuridão desde segunda-feira, sem hélices e sem aquecimento. Estima-se que a temperatura no interior do Titan seja de aproximadamente 3 graus. David Gallo, um oceanógrafo e especialista em tudo o que tenha que ver com o Titanic, revelou que caso o Titan tenha perdido a sua função elétrica, tudo será mais difícil. "Onde é que ele está? Está no fundo do mar? Está a flutuar pelo oceano levado pelas correntes? Isso é algo que ainda não foi determinado. As águas são muito profundas (o Titanic está a cerca de 4 quilómetros de profundidade). É como uma visita a outro planeta. É um ambiente sem sol, frio e de alta pressão", explicou.

Titanic no fundo do mar

De acordo com as previsões da OceanGate, o Titan tem oxigénio para aproximadamente 96 horas, ou seja, até às 12 horas, sensivelmente, desta quinta-feira, 22 de junho. No entanto, alterações que possam existir a bordo, como situações de pânico, podem alterar este cenário e acelerar o consumo de oxigénio dos passageiros, o que deixa este relógio mais apertado. O Titan tem um purificador de dióxido de carbono a bordo que ajuda a remover o excesso de gás tóxico que se acumula quando os passageiros respiram. Mas existem ainda os riscos de hipotermia, devido às baixas temperaturas, e de hiperventilação, que pode ocorrer devido a ataques de pânico, que podem consumir mais oxigénio. Ainda assim, caso se confirme que o Titan ficou sem eletricidade, este sistema de remoção de dióxido de carbono terá também deixado de funcionar o que poderá levar a que o ar se torne rapidamente tóxico e isso leve à morte da tripulação.