O momento histórico aconteceu esta terça-feira, 8 de setembro, no Estádio António Coimbra da Mota. A árbitra Vanessa Gomes estreou-se numa partida profissional masculina no arranque da 2.ª Liga, num jogo que acabou com o Estoril Praia a derrotar o Arouca por 1-0. O jogo decorreu sem público, mas não faltaram testemunhas para ver o dia em que Vanessa se tornou na primeira mulher a arbitrar um jogo de futebol profissional masculino em Portugal.
Esta quinta-feira à noite, 10, foi feita uma homenagem à juíza que esteve ao lado da equipa de arbitragem liderada por João Malheiro Pinto. O evento contou com a presença de um adepto de cada equipa e ainda a oferta da bola oficial da prova autografada pelos plantéis das equipas que disputaram o encontro, entregue por Helena Pires, diretora executiva de competições da Liga, conforme revelado pelo jornal "Record".
A portuguesa de 33 anos foi uma das três árbitras, além de Cátia Tavares e Andreia Sousa, a passar nos testes para os quadros masculinos da arbitragem, mas a única a ser nomeada pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol para abrir a temporada das competições profissionais.
Mas, afinal, quem é Vanessa Gomes? Primeiro de tudo, é sim Vanessa Alexandra Dias Gomes e nasceu em Lisboa a 15 de agosto de 1987. Feitas as contas, tem 33 anos, mas só há 13, quando tinha 20 anos, é que surgiu o interesse pela arbitragem.
Até esse momento, Vanessa Gomes pensava que a psicologia, área de formação, seria o seu futuro, mas trocou o consultório para percorrer relvados de apito ao peito como filiada na Associação de Futebol de Lisboa e atualmente na categoria AAC2 — que lhe permitiu então ser assistente na 2.ª Liga.
Ao logo da última década tem-se destacado numa modalidade que é dominada por homens. Começou por estar várias épocas a dirigir jogos distritais de todos os escalões, escolheu a (sub)carreira de "árbitra assistente", e passou por vários jogos tanto nacionais como internacionais.
O caminho que foi traçando evoluiu ao mesmo tempo em que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) tem feito uma forte aposta no futebol jogado por mulheres, esforço que se traduz atualmente em duas competições bem organizadas em Portugal, centenas de jogadoras e dezenas de árbitras nos quadros nacionais, bem como árbitras internacionais que levam o trabalho português lá para fora.
Apesar de outros nomes femininos não terem sido nomeados para o arranque da 2.ª Liga, Olga Almeida e Cátia Tavares vão estar presentes em competições futuras. No caso da juíza Olga, está nomeada para o Cova da Piedade-Mafra (arbitrado por João Casegas), enquanto Cátia Tavares estará no Vizela-UD Oliveirense (dirigido por Dinis Gorjão).