Precisamente às 17h01, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apareceu por videoconferênciana Assembleia da República (AR) para começar a discursar. Zelensky começou por fazer um retrato do que está a acontecer no País em guerra há 57 dias, falou sobre o passado histórico do mundo ao fazer uma comparação da guerra na Ucrânia com a Segunda Guerra Mundial e, virando-se para Portugal, falou sobre a revolução dos cravos, prestes a ser celebrada.

No início do discurso, Volodymyr Zelensky falou sobre corpos encontrados não muito longe da capital, Kiev, após mais ataques russos, que continuam abruptamente, relatou o presidente. "Mataram para ser divertir, foram torturados”.

"É isto que está a acontecer na Ucrânia em 2022", continuou, dando como exemplo a cidade de Chernichiv onde pessoas "foram obrigadas a cantar o hino da Rússia para os humilhar". Falando sobre Mariupol, "uma cidade tão grande como Lisboa", o presidente disse que "não hesite uma habitação inteira" e que "os russos fizeram desta cidade um inferno".

Volodymyr Zelensky discursa esta tarde no Parlamento. PCP recusa estar presente
Volodymyr Zelensky discursa esta tarde no Parlamento. PCP recusa estar presente
Ver artigo

Zelensky, sempre firme nas suas palavras, frisou a luta que tem sido travada pelo povo ucraniano para combater as forças russas, numa guerra que dura há já 57 dias. Depois de falar sobre o cenário do que se vive na Ucrânia, o presidente do país passou para os apelos a Portugal.

"Povo português, quando apelamos pelo apoio ao mundo, pedimos coisas simples, pedimos armamento para podermos defendermo-nos de forma forte para desocupar as nossa cidades da ocupação russa", disse. "Este mal que está a ser feito à Ucrânia, foi feito pela altura da Segunda Guerra Mundial e nós pedimos armamento pesado: tanques, armamento anti navio e tudo o que vocês possam ajudar. Eu apelo ao vosso País para ajudar-nos e acelerar o reforço das sanções".

Depois de falar sobre a Segunda Guerra Mundial, Zelensky tocou num ponto que já era esperado, dado que Portugal se aproxima das celebrações dos 48 anos da revolução de 25 de abril de 1974, data que marca o fim da ditadura no País. "O vosso povo, que daqui a nada vai celebrar o aniversário da revolução dos cravos, que também vos libertou da ditadura, vocês sabem perfeitamente o que estamos a sentir. Certamente sabem o que outros povos estão a sentir, principalmente na vossa região que tende a ter liberdade", afirmou.

“Sejamos livres e apoiemos os livres e civilizados"

De volta aos apelos, depois do armamento, o presidente ucraniano pediu o reforço das sanções. “Agradeço ao vosso Governo por todo o apoio, pelas sanções. É muito importante. Espero pela vossa decisão para que defendam o embargo do petróleo” e apelou também para não haja um “único banco a funcionar na Europa pela Rússia”.

A menina do casaco vermelho d'“A Lista de Schindler” veste agora amarelo para ajudar refugiados
A menina do casaco vermelho d'“A Lista de Schindler” veste agora amarelo para ajudar refugiados
Ver artigo

A aproximar-se do final, Volodymyr Zelensky solicitou a ajuda de Portugal para lutar contra a propaganda russa. “Sejamos livres e apoiemos os livres e civilizados. Acredito que nos vão apoiar porque a Ucrânia já vai a caminho da União Europeia”, disse. “Vocês estão no Oeste, nós mais a leste, mas as nossas visões são iguais e sabemos que regras, direitos e valores deve haver na Europa”, terminou.

No final do discurso de cerca de 15 minutos, o presidente da Ucrânia foi aplaudido de pé durante cerca de dois minutos por todas as bancadas presentes, incluindo o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da AR, Augusto Santos Silva.

Volodymyr Zelensky discursou esta quinta-feira no parlamento a convite do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, após aprovada em Parlamento a sugestão feita pelo PAN. A sessão solene aconteceu sem a presença do PCP, que recusou assistir ao discurso do presidente ucraniano por considerar que personifica "um poder xenófobo e belicista", e ficou marcada também pela chegada tardia dos deputados do partido Chega.