Três dias depois de Donald Trump ter sido hospitalizado devido à infeção por COVID-19, a maioria dos cidadãos americanos acredita que a culpa é do próprio que sempre desvalorizou os efeitos do vírus. É esta a conclusão de uma sondagem realizada pela Reuters/Ipsos que mostra que 65% dos americanos inquiridos concordam com a frase: "Se Donald Trump tivesse levado o novo coronavírus mais a sério, provavelmente não teria sido infetado". Este resultado engloba cerca de nove em cada dez democratas registados e metade de militantes do partido Republicano.

Numa outra sondagem conduzida pela ABC News/Ipsos, 72% dos inquiridos acredita que o facto de o presidente dos EUA nunca ter atribuído a devida seriedade ao vírus levou a que fosse contagiando. O mesmo número de depoimentos respondeu ainda não acreditar que Donald Trump tenha tomado as devidas precauções para proteger a sua saúde.

Ainda que, segundo estas dados, o consenso junto dos americanos seja de que o presidente é o principal culpado do desfecho de há três dias, as sondagens tentaram ainda identificar as intenções de voto. E em todas elas, Joe Biden, o candidato à presidência dos EUA pelo partido Democrata, surge pela primeira vez com uma vantagem confortável face ao seu opositor.

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Na sondagem conduzida pela NBC News e o "Wall Street Journal", realizada entre quarta-feira e quinta-feira após o primeiro debate, 53% dos votantes afirmaram que votariam em Joe Biden — enquanto apenas 39% disseram votar por Donald Trump. A vantagem de 14 pontos percentuais é a maior que alguma vez Joe Biden alcançou nas sondagens.

Na recolha de dados levada a capo pela Reuters e a Ipsos, a vantagem de Biden sobre Trump é de dez pontos percentuais com Joe Biden a liderar as intenções de voto com 51% contra os 41% de Trump.

Estas sondagens surgem um dia depois de Donald Trump ter publicado um vídeo a partir do Centro Médico Militar Nacional Water Reed, onde está internado desde sexta-feira, 2 de outubro. No vídeo, de cerca de quatro minutos, o atual presidente dos EUA diz sentir-se "cada vez melhor" e espera poder regressar à Casa Branca o quanto antes.

"Vim para aqui porque não me estava a sentir assim tão bem. Mas agora sinto-me cada vez melhor. Estamos a trabalhar para que possa voltar ao estado em que estava. Queria só dizer-vos de que estou a começar a sentir-me melhor. Parece que os próximos dias serão o verdadeiro teste, por isso veremos o que acontece", disse de olhos postos na câmara.

O vídeo surge depois de os médicos responsáveis por acompanhar o estado clínico de Donald Trump terem feito saber que o presidente se encontrava estável e saudável. No entanto, fonte familiar desmente os médicos e garante que "as últimas 24 horas foram preocupantes e que as próximas 48 horas serão críticas", explicou à CNN sob anonimato.

Melania Trump, cujo resultado para o teste à COVID-19 também foi positivo, está considerada em estado estável e não inspira cuidados.