Um grupo de manifestantes, apoiantes de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, atacaram este domingo as sedes dos Três Poderes em Brasília, a capital brasileira, depois de furarem um bloqueio da polícia. Invadiram o prédio do Congresso Nacional, e vandalizaram o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, escreve o "Observador".
As autoridades estavam preparadas para alguns desacatos, dado que a invasão foi convocada nas redes sociais por grupos de extrema-direita, salienta a imprensa brasileira, mas as barreiras de proteção colocadas pela polícia militar não foram suficientes para conter os cerca de quatro mil apoiantes de Bolsonaro que chegaram a Brasília na tarde deste domingo.
Lula da Silva, que estava em Araraquara, no interior de São Paulo, na altura da invasão, vai regressar a Brasília ainda este domingo e já se pronunciou sobre os ataques. Considerou os acontecimentos uma "bárbarie" levada a cabo por “fascistas fanáticos” e assumiu que "houve falta de segurança". O presidente brasileiro falou ainda de "incompetência, má vontade e má-fé” por parte da polícia militar para proteger as sedes dos atacantes, e assumiu que não foi a primeira vez que tal aconteceu.
Quanto a Jair Bolsonaro, que ainda não se pronunciou sobre os acontecimentos, Lula da Silva responsabiliza o ex-presidente. "A culpa também é dele", disse o presidente brasileiro, que apelidou Bolsonaro de genocida e o acusou de ter "provocado e estimulado" as invasões.
Entretanto, Lula da Silva já decretou "intervenção federal em Brasília para conter segurança de ordem pública" até dia 31 de janeiro, e garantiu que os atacantes serão responsabilizados. "Todas essas pessoas serão encontradas e serão punidas."
Durante os ataques, os manifestantes chegaram ao Salão Verde da Câmara dos Deputados, enquanto outro grupo tentava invadir o Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo brasileiro.
Em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa já reagiu aos ataques na capital brasileira, classificando-os como "factos inadmissíveis e intoleráveis em democracia", referiu o presidente português em declarações à SIC.
"Todos os atos que venham a ter caráter inconstitucional e ilegal serão inaceitáveis", acrescentou, dizendo ainda que Lula da Silva foi "legitimamente investido" nas eleições de outubro do ano passado e que o seu poder “terá de ser reconhecido”.