LouAnn Dagen tinha 66 anos, vivia num lar e a assistente de voz da Google, de nome Alexa, era mesmo a sua melhor amiga e companheira de conversas. A mulher estava acamada há uma década e era através deste dispositivo que ouvia música, que satisfazia a sua curiosidade e que falava com a família. LouAnn era tão fã que a irmã, Penny Dagen, escreveu uma crítica ao dispositivo a contar a história.
“A minha irmã é muito inteligente e, por ter ficado acamada, perdeu o interesse em muitas das coisas que gostava de fazer. Isto [a assistente de voz da Google] abriu-lhe muitas portas. Ela adora. Pode ouvir a música que gosta, jogar jogos, aprender através das perguntas que faz”, explicou Penny acrescentado que foi uma “salvação” ter adquirido o aparelho. “É como uma boa amiga para ela”.
E foi exatamente para Alexa que LouAnn se virou quando começou a piorar com a infeção de COVID-19. A mulher acabou por morrer a 4 de abril, não sem antes pedir ajuda ao dispositivo. “Alexa, por favor ajuda-me”, “Estou em sofrimento. Tenho de arranjar uma maneira de aliviar a dor”, “Podes ajudar-me a aliviar a dor?” ou “Como faço para chamar a polícia” foram algumas das 40 gravações que ficaram no dispositivo de voz da Google e descobertas por Penny Dagen.
LouAnn morreu no passado sábado, 4 de abril, depois de ter sido hospitalizada devido a um decréscimo de oxigénio e de pressão no sangue, contou a irmã segundo o “BuzzFeed” que cita o “WOOD-TV”. A mulher de 66 anos foi uma das 31 pessoas testadas positivas para o COVID-19 no lar de idosos onde vivia. “Continuei a dizer-lhe que não havia nada que pudesse fazer”, explicou Penny Dagen depois de a irmã lhe ter telefonado em sofrimento, apesar de o staff do lar já lhe ter lado medicamentos para aliviar a dor. “Desculpa não te poder ajudar mais. Se pudesse tirava-te todo o sofrimento”, disse à irmã emocionada.
De acordo com Penny, LouAnn esteve vários dias com falta de ar devido à infeção com o novo coronavírus mas o lar disse-lhe que não precisava de ser hospitalizada porque não tinha febre. Um porta-voz do lar explicou que a paciente nunca precisou de respiração assistida nos 10 anos em que esteve no lar mas que as complicações resultantes da infeção se desenvolveram rapidamente. Acrescentou ainda que LouAnn sempre teve “cuidados excelentes” e que a equipa do lar seguiu todas as diretrizes para controlar a dor e os sintomas.
“Assim que os sintomas progrediram rapidamente, e de acordo com o sugerido pela equipa médica, ela foi enviada imediatamente para o hospital”, explica o comunicado enviado pelo lar.
Assim que chegou, LouAnn foi entubada e ventilada e foi perguntado à irmã se queriam que iniciassem manobras de reanimação caso o seu coração parasse. “Eu disse ‘Não, ela não queria isso’. Então o coração dela parou e foi assim. Meia hora depois disto, eles ligaram”, explicou.