11 anos e cerca de 15 milhões de euros depois, o caso de Madeleine McCann está prestes a ser arquivado pelas autoridades inglesas, sem que ninguém seja oficialmente acusado. No entanto, o pedófilo Christian Brückner continua a ser o principal suspeito do alegado rapto da menina britânica, que foi vista pela última vez em na praia da Luz, em Portugal, em maio de 2007.

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O alemão de 45 anos está atualmente preso na Alemanha, depois de ter violado uma turista norte-americana de 72 anos, mas garante que o caso de Maddie é o principal motivo pelo qual tem sido discriminado pelos restantes reclusos. E foi a partir da sua cela "de 2.5 metros" na prisão de Oldenburg, perto da cidade de Bremen, que Brückner escreveu uma carta com cerca de 14 páginas sobre o pesadelo em que diz viver.

O jornal alemão "Bild" obteve uma cópia da carta, na qual Brückner fala de alegados abusos verbais e ameaças de morte. "Estou a isolar-me, porque há uma alta probabilidade de um ataque físico por parte dos meus colegas prisioneiros. É tortura", começou por escrever.

Brückner alega que só sai da cela durante o período máximo de uma hora por dia para evitar certas áreas da prisão, onde os prisioneiros poderiam facilmente moldar e esconder armas para o atacar e até mesmo matar, diz.

No mesmo documento, o alemão queixou-se também de que os guardas prisionais confiscaram um conjunto de canetas que lhe foram enviadas por "risco de segurança", obrigando-o a comprar a caneta com que escreveu a carta em questão na loja da prisão. E fez questão de mencionar a falta de natas para o café como um outro problema do estabelecimento criminal.

maddie suspeito

Recorde-se de que esta carta veio a público poucos dias depois de a Scotland Yard ter revelado que está a planear arquivar e encerrar o processo de investigação ao desaparecimento de Madeleine McCann até ao final de este ano. A informação foi divulgada pelo jornal "The Sun", a quem uma fonte anónima terá indicado que "o fim para a Operação Grange está agora em vista". "Prevê-se que o trabalho da equipa termine até ao outono. Não há neste momento planos para prosseguir a investigação", lê-se.

A polícia inglesa já terá investido cerca de 15,5 milhões de euros para tentar descobrir o destino da menina de três anos, desaparecida a 3 de maio de 2007, no Algarve. Até à data, sem sucesso.

A mesma fonte alega que as autoridades inglesas estão "frustradas" e que não encontraram provas suficientes para acusar Christian Brückner, já condenado por outros crimes sexuais. Os pais de Madeleine, Gerry e Kate, ambos de 54 anos, já terão sido informados da decisão das autoridades inglesas, mas garantem que vão continuar as buscas de forma independente. 

Brückner conseguiu esconder passado de pedofilia da polícia portuguesa

Recorde-se que, apesar de Christian Brückner só se ter tornado o principal suspeito no rapto e presumível homicídio de Madeleine McCann em 2020, o alemão de 45 anos terá conseguido escapar por duas vezes às autoridades portuguesas, evitando ser identificado como pedófilo, em 2006 e 2017.

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Quando foi condenado por roubo de combustível, em 2006, em Portugal, o alemão omitiu o registo criminal por abuso de menores no Tribunal de Portimão, referindo apenas ter sido acusado de crimes sexuais. Um ano depois, em 2007, Maddie desapareceu da Praia da Luz, numa altura em que o alemão estaria na região a viver numa carrinha. O suspeito terá recebido uma chamada telefónica pouco antes de o crime suceder, no entanto, e devido a não estar registado como pedófilo, não atraiu a atenção da polícia portuguesa.

Já em 2017, depois de exibir os seus órgãos sexuais a duas crianças num parque infantil, em Portugal, as autoridades foram chamadas ao local, mas o suspeito não se identificou, estando em claro estado de embriaguez, escreveu, à data, o "Jornal de Notícias", sendo deportado para a Alemanha sem qualquer acusação referente a este crime.

Christian Brückner foi ainda relacionado com o desaparecimentos de várias crianças nos últimos 25 anos, incluindo o de um menino de 6 anos em Portugal, em 1996, e de uma menina de 5 anos, na Alemanha, em 2015.

Acredita-se que o suspeito tenha um total de 17 condenações, que passam por pedofilia, crimes sexuais e roubo, já que o diretor da Agência Federal Alemã (BKA), Christian Hoppe, alega que o suspeito é também conhecido por assaltar hotéis e apartamentos de férias.

Atualmente, o alemão está a cumprir pena de prisão por ter violado uma turista americana de 72 anos no mesmo resort onde Madeleine desapareceu, em 2005, dois anos antes do desaparecimento da menina britânica.