As certezas sobre o vírus ainda são pouco absolutas e novos resultados chegam todos os dias. Agora, um novo estudo publicado na revista científica Lancet mostra que, mesmo depois de seis meses do diagnóstico, 76% dos pacientes ainda mantêm pelo menos um sintoma da COVID-19.

Para a pesquisa, foram analisados 1733 pacientes com COVID-19 que receberam alta hospitalar do hospital Jiniyintan, em Wuhan, entre janeiro e maio do ano passado. Esta cidade, a primeira onde foi detetado um caso deste vírus, é uma das poucas que está a fazer o rastreio dos sintomas a longo prazo.

Segundo a investigação, fadiga e fraqueza muscular são os sintomas mais comuns, ainda que algumas pessoas relatem também alguma dificuldade em dormir.

Bin Cao, médico do National Center for Respiratory Medicine, destaca a importância de cuidados contínuos aos pacientes, mesmo depois de alta hospitalar, principalmente daqueles que tiveram infeções graves. "Como a COVID-19 é uma doença tão recente, só agora estamos a entender alguns dos seus efeitos a longo prazo na saúde dos pacientes", refere, em declarações à Lancet.

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Os doentes analisados, com uma media de idades de 57 anos, foram questionados entre junho e setembro sobre os sintomas e a sua qualidade de vida pós-infeção. Além disso, fizeram análises e outros exames médicos. Esta análise levou os investigadores a concluirem que 76% dos pacientes que participaram nesta consulta de seguimento (1265 dos 1655) ainda apresentavam sintomas, sendo a fadiga o mais comum, apresentado por 63% dos doentes, enquanto 26% queixam-se de problemas para dormir.

Durante a investigação, foram analisados ainda 94 pacientes cujos níveis de anticorpos no sangue foram registados no auge da infeção. Quando testados novamente, concluiu-se que esses níveis de anticorpos estavam 52,5% mais baixos. Os autores do estudo garantem que isso levanta preocupações sobre a possibilidade de reinfeção por COVID-19, mas esclarecem que seriam precisas amostras maiores para esclarecer como é que a imunidade ao vírus muda com o tempo.